Ghost Marriage - Capítulo 1

Fang Guo recebeu, nesta segunda-feira, a carta enviada pela antiga monitora da turma que era um contive para um funeral.

A pessoa falecida era WeiWei.

Ele pensou por 10 minutos antes de se lembrar dessa pessoa. WeiWei era sua colega de classe do ensino médio e a beldade da classe. Por todos os motivos, já que WeiWei era a flor da turma, Fang Guo deveria ter uma impressão profunda dela.

No entanto, a situação oposta, com relação às memórias de WeiWei, eram muito superficiais.

Na sua opinião, ela era uma garota bonita e quieta, com atitudes normais e um fraco senso de existência. Como se fosse um recorte de papel, seu único ponto positivo era ser bonita, mas essa beleza estava constantemente envolta em sombras, difícil de se distinguir.

Pouco depois de receber a carta, Fang Guo recebeu uma ligação da remetente: “Alô? Fang Guo?”

“Que a monitora da classe viva por dez mil anos”

A outra começou a rir: “Já viu a carta que eu enviei?”

Fang Guo abaixou a cabeça, sua mão ainda segurando a carta, branca como a neve. As palavras nela foram escritas em boa caligrafia, os movimentos robustos e poderosos, não inferiores em nenhum aspecto aos grandes calígrafos.

“Eu vi”, ele fez uma pausa e perguntou: “É verdade?”

A monitora da classe estava taciturna e, depois de um tempo, falou em tom sério: “Quem iria brincar com esse assunto?”

(taciturno: característica de quem fala pouco; calado; pode ser considerado também aquele que não tem bom humor)

Bem, verdade. Fang Guo ficou desapontado.

Não importa se ele era familiar ou não, já foram colegas de classe por três anos. Calculando a partir de agora, ela não teria mais de vinte e cinco anos.

Essa foi uma morte prematura; uma flor tão bonita que não floresceria mais, murcha assim.

Fang Guo suspirou: “Nada dura para sempre”, fazendo uma pausa, disse novamente em dúvida: “Lembro-me de que não entramos em contato com WeiWei há cinco ou seis anos. Por que de repente nos contataram para nos convidar para o funeral?

WeiWei foi transferia de uma área remota para o colégio de sua cidade e, depois de se formar no ensino médio, cortou completamente o contato. No momento, Fang Guo já havia se formado na universidade e saído para trabalhar por um ano.

Além disso, era em uma aldeia remota onde ele nunca tinha estado antes, sendo assim se sentiu bastante surpreso.

A monitora da classe disse: “Eu também não sei”, ela fez uma pausa em dúvida: “Também fui contatada de repente… talvez WeiWei não fosse próxima naquela época apenas por ser tímida e, de fato, realmente gostava de nós”

Fang Guo acenou com a cabeça: “Talvez”

“Quando você estará partindo?”

“Em três dias. Preciso pedir uma licença”

A menina disse: “Tudo bem então. Te vejo lá”

“Até mais”

**

O local do funeral era muito remoto, Fang Guo nunca tinha ouvido falar. A viagem inteira era entre trem, ônibus, micro-ônibus. Mesmo partindo de manhã cedo, ainda à noite estava no micro-ônibus.

Fang Guo segurou sua bagagem com uma expressão cansada; naquele transporte tinha seis pessoas, incluindo o motorista. Havia ter rapazes e uma moça, de pele bronzeada, aparentemente todos agricultores. Entre eles, um estava completamente vestido de preto, usando um capuz e envolto em sombras, incapaz de ser visto claramente.

Ele os encontrou aquela tarde na aldeia e havia apenas esse micro-ônibus indo em direção a esse destino. Era um transporte bastante degradado, com um forte cheiro de gasolina dentro.

Fang Guo resistiu ao seu nojo e subiu a bordo; toda a viagem foi acidentada, o que era difícil para seu estômago. Não estava enjoado por causa dessa viagem, mas como havia mudado de transportes o dia todo, suas funções corporais estavam protestando.

Não conseguiu evitar de perguntar ao motorista: “Mestre, quando tempo mais para chegar lá?”

“Em breve”

Fang Guo não gostou da resposta, sem uma palavra definitiva, não poderia ser capaz de se segurar.

“Mestre, poderia ser mais preciso?”

“Ora, em breve. Como você quer que eu diga isso? Uso essa rota há mais de dez anos, posso dizer se chegaremos em breve ou não, mesmo sem olhar para a estrada. Se eu disse em breve, será em breve. Por que está tão ansioso?”

Evidentemente, o motorista era uma pessoa impetuosa. Fang Guo não tinha como continuar falando, constantemente sentindo que se continuasse falando iria vomitar.

Seu estômago revirava e era difícil de suportar.

Em frente a ele, a garota levantou a cabeça, parecendo ver sua expressão indisposta: “Provavelmente cerca de um kè, não muito longe”

Ela havia usado o método antigo de cronometrar em que um kè significa cerca de quinze minutos; um quarto de hora.

Não havia tempo suficiente nem para um jogo de quebra-cabeça, mas neste momento, para Fang Guo, o tempo parecia se arrastar.

Ele estreitou os olhos ligeiramente, sua garganta doía. Odor de óleo e odores corporais misturados com vários cheiros em seu nariz… se sentiu ainda mais enojado.

Bem quando ele não conseguia mais aguentar e estava prestes a chamar, de repente seu nariz se encheu com um cheiro de tinta, carregando um toque de frieza. Como se tivesse no auge do verão, uma flor acabara de ser retirada, com a superfície impregnada de frio.

E perfumado com a fragrância de tinta.

Isso embotou a dor crescente em seu estômago.

Fang Guo avistou ao lado dele um braço muito pálido. Era um branco sem sangue, um tanto mórbido. Perdendo as palavras, ele ergueu a cabeça para olhar a pessoa ao seu lado.

O interior do carro estava ligeiramente escuro e lá fora já era noite. Não havia luar e, como ficava no meio do nada, não havia postes de luz. Só porque o micro-ônibus estava funcionando, o interior um pouco iluminado.

A pessoa ao lado dele também estava toda vestida de preto, além do braço esticado, sua extrema palidez o tornava extremamente visível à noite. Essa pessoa estendeu a mão, dando apoio a Fang Guo.

O cheiro agradável de tinta vinha da pessoa ao lado dele e, agradecendo humildemente, Fang Guo recuava com ligeira relutância. A pessoa não disse nada e retirou sua mão.

O micro-ônibus avançava e estava silencioso lá dentro.

De repente, houve um solavanco, Fang Guo não estava firme em seu assento e, em um momento, estava prestes a cair no chão. Aquele braço pálido apareceu mais uma vez para agarrar a cintura dele, puxando-o para um abraço cheio daquela fragrância de tinta.

O veículo continuou estável e Fang Guo ouviu as reclamações do trio e a tentativa de riso do motorista de acalmar as coisas. No entanto, neste momento, sentiu que esses sons pareciam muito distantes e percebeu que não conseguia distinguir o que diziam.

Provavelmente porque toda sua atenção estava voltada para a pessoa ao seu lado. Era um homem com uma figura alta e esguia.

Fang Guo pensou consigo mesmo e então percebeu que a força em torno de sua cintura era muito forte e muito apertada, mas não iria machucá-lo.

“Obrigado”

Agradeceu novamente e, em seguida, deu um empurram no torso do homem. Tendo assumido que a força em volta de sua cintura seria difícil de afastar, ele não esperava que o outro se soltasse fácil e rapidamente.

Isso deixou Fang Guo convencido de que o homem agiu com boas intenções, então ele ficou grato. Originalmente queria bater um papo, mas sentiu-se nauseado no momento em que abriu a boca.

Pensando bem, era melhor conversar na aldeia. O motorista mencionou que passaria a noite, então ele próprio também ficaria aquela noite na aldeia.

Enquanto pensava assim, fechou os olhos, recostando-se na cadeira para descansar.

Assim, ele não viu, quando fechou os olhos, o ambiente inicialmente barulhento do ônibus se silenciar abruptamente. E o homem ao lado dele virando ligeiramente a cabeça, rosto escondendo o humor em uma massa de névoa negra, com um par de olhos fixos em Fang Guo sem piscar.