Ghost Marriage - Capítulo 5
Quando Fang Guo acordou, já era por volta das 13h.
A luz do sol entrava pela janela, brilhando em sua pele por muito tempo, então ele sentiu um calor escaldante.
Ele se levantou, mas a dor na cintura o fez se deitar novamente e, só depois de um longo descanso, conseguiu se adaptar com a dificuldade dessa dor quase lancinante. Todos os quatro membros estavam rígidos, dormentes e doloridos, especialmente ao redor do cóccix, traçando ao longo de suas regiões íntimas, onde residia uma dor latejante, ainda mais forte.
Abrindo a porta e saindo, o rosto de Fang Guo imediatamente ficou mortalmente pálido.
Erguido diretamente em frente à casa estava uma placa de pedra e um túmulo. Havia um túmulo em frente à casa! Uma sepultura! Com uma pessoa morta!
Fang Guo buscou no emaranhado de memórias do que aconteceu ontem à noite; aquelas imagens distorcidas de ser rigidamente amordaçado e pressionado, depois ‘invadido’ com força, o prazer de chegar ao orgasmo e o choro vergonhoso de súplica, juntos com gemidos que não foram suprimidos.
Além disso, quando ele acordou, sua memória muscular lhe disse que o que ele pensava ser um sonho, havia realmente acontecido.
Um casamento fantasma: acontece quando um adolescente morria solteiro ou desejava ser enterrado com os ossos de um defunto.
Inicialmente é um casamento entre duas pessoas falecidas, também requer um casamenteiro, três cartas e seis etiquetas e uma cerimônia suntuosa. Só que ele era uma pessoa viva, que foi descaradamente enganado para se casar com um homem e inexplicavelmente entrou em uma câmara nupcial.
Isso deixou Fang Guo incapaz de aceitar, de tal forma que sua raiva excedeu seu medo.
Caminhou em direção à lápide, que continha fotografia e nome do homem: Wei Ran.
O irmão mais velho de WeiWei, um homem que ele nunca tinha visto antes e agora era seu marido fantasma. Assim que Fang Guo pensou sobre isso, vergonha e raiva brotaram de seu coração, principalmente a raiva.
Diante do túmulo foram colocadas oferendas como papel-dinheiro, velas e incensos e Fang Guo, em sua raiva, chutou tudo; pensou até em destruir a lápide, abrir a cova e expor o caixão para o sol e o tempo, esperançoso que desaparecesse no ar.
No entanto, era um estudante universitário fraco, mesmo depois de sair para trabalhar por um ano, não era mais do que um trabalhador de escritório e de acordo com sua formulação seria um acadêmico desacostumado ao trabalho físico. Além disso, com sua condição física atual, se ele intensificasse seus movimentos físicos não sabia como seria. Agora mesmo, apenas chutando as oferendas do túmulo já havia provocado câimbras dolorosas.
Fang Guo não teve outra opção, voltando-se para a sala central, que ainda estava decorada com itens de ‘felicidades’ com as cores características. Um casamento fantasma era uma cerimônia com um falecido, chamado de casamento vermelho e branco. Tudo aqui era particularmente estranho. Além disso, toda a sala era fechada e sem nenhum tipo de ruído, ficou silenciosa o suficiente para fazê-lo entrar em pânico.
Ele voltou para seu quarto, fazendo o possível para ignorar a cama bagunçada e encontrou sua própria bagagem, puxando-a para certificar de que nada fora perdido. Em seguida, puxou-a para ir embora e, no caminho, passou por alguns pratos de frutas secas, bebida destilada e a tábua cerimonial com o nome de Wei Ran, gravada com caracteres dourados.
Ontem ele havia passado pelos rituais de casamento com essa tábua. Fang Guo se recuperou e ignorou tudo aquilo, carregando apressadamente suas coisas para partir.
Não que fosse covarde demais para interrogar os aldeões, mas em vez de explodir de raiva, isso era mais racional. Esta era uma aldeia remota das montanhas e era um lugar com seus próprios regulamentos e regras. Com base no mero fato de inseri-lo em um casamento fantasma – uma questão equivalente a prejudicar vidas humanas – ele sabia que esta vila não tinha muitas pessoas caridosas.
Pelo menos quando alguém ousasse desafiar as regras da aldeia ou prejudicar os interesses dos aldeões, definitivamente seria atacado por eles.
Fang Guo pode não ter grandes ambições em muitas coisas e, em alguns aspectos, era até muito inocente. Porém, isso não significa que não tivesse visto o lado escuro da vida, desse mundo, por isso não se envolveria com lugares remotos e atrasados, cheios de ignorância.
Sua falecida avó era médium e, no passado, ajudava as pessoas calculando sua sorte romântica e avaliando a sorte das pessoas em troca de arroz.
Uma vez foi convidada por uma grande família de proprietários de terras na aldeia vizinha. Ela disse que havia encontrado uma maldição, com desastres aparecendo sem motivo naquela família. Sua avó, em seguida, foi visitar o túmulo do patriarca da família e ela disse que estava além de sua capacidade. Ela os fez encontrar um mestre de fengshui.
Em geral era um problema com a energia da residência ou a energia da tumba ancestral.
Ela frequentemente dizia ‘é o Mal’. No entanto, inesperadamente, ela mencionou certos assuntos para ele. Disse que o túmulo do patriarca era um local raramente visitado pelas ‘Libélulas Rastejantes Aquáticas’, e os ancestrais usaram o Ritual de Enterro com suprimento de água em ambas as extremidades para equilibrar energia. A princípio deveria permitir os descendentes florescerem e tudo correr bem, mas o solo da sepultura tinha cal espalhada sobre ele.
A cal branca absorve água e protege contra a corrosão, portanto, muitas sepulturas usariam esse recurso sem saber. No entanto, não era um local adequado para a visita da energia das libélulas, porque se a cal branca tivesse absorvido toda a umidade, como ela tocaria a água?
Assim, aquele local tornou-se um local danificado, trazendo infortúnio para os descendentes. Era uma questão de fechamentos de negócios, falências e calamidades, provavelmente não chegaria a acabar com vidas. Ainda pior, aquela lápide foi salpicada com sangue de cachorro preto. Isso era fengshui malicioso, destinado a arruinar vidas e era um método com o qual mestres estavam familiarizados.
Pensando bem, ontem, ao enterrar WeiWei, não espirraram sangue de cachorro e cal branca também?
Embora não soubesse o que estava acontecendo, Fang Guo achou tudo estranho. Não achava que aquele mestre estava prejudicando a aldeia da família Wei de propósito; deveria ter outro sentido.
Afinal, aquele local ontem era um bom local de fengshui, mas não um local de ‘Libélulas Rastejantes Aquáticas’. Ainda assim, o sangue e a cal… ambos métodos para cultivar um cadáver.
Fang Guo não queria mais ficar na aldeia, só queria partir rapidamente e nunca mais voltar. Saindo daquela casa, descobriu que estava localizada no meio da montanha, seus arredores repletos de árvores sinistras, quieto, mortalmente silencioso, sem qualquer presença humana.
Ele baixou a cabeça e se apressou; não sabia se era sua mente pregando peças ou outra coisa, mas quando voltou-se para olhar para aquela residência, com espanto, viu que se tratava de uma casa de papel. Ele passara a noite lá dentro sem se dar conta disso.
Em seu susto, correu para longe e depois que desceu a montanha e olhou para trás, viu aquela casa lançar chamas que tocavam o céu, tendo se incendiado inesperadamente por si mesma. Do sopé da montanha, seu campo de visão era amplo e desimpedido, de modo que podia localizar um homem parado nos arredores daquela casa.
Um homem?
Assusta, não ousando ficar mais, Fang Guo saiu correndo.
O caminho que percorreu não conduziu à aldeia; era um caminho indireto que, por coincidência, o fez encontrar o motorista do micro-ônibus. Imediatamente ele subiu a bordo para fugir.
O motorista o deixou no ponto final e, após pegar o dinheiro, hesitou em dizer: “Jovem, depois de ir para casa, se tiver contatos, encontre alguém para dar uma olhada em você e para remover a influência maligna”
Fang Guo segurou com força a alça de sua bagagem e perguntou sem piscar: “Mestre, o que você sabe?”
O homem parecia guardar um segredo importante: “No futuro, nunca mais pegarei caminho para aquela aldeia da família Wei. Você se lembra daquelas três pessoas que caminharam conosco na estrada naquela noite?”
“Eles não pegaram seu ônibus no dia seguinte?”
O motorista deu um tapa no volante: “Foi muito estranho; paramos em um trecho da montanha e eles falaram que iam descer, achei estranho. Nesse meio desolado, pensei, porque sair? Não pensei muito mais, eles eram clientes. Quem diria que, uma vez que desceram e pegaram o caminho da montanha, eu olhava para o dinheiro e, de repente, se transformou em papel amarelo, dinheiro do inferno! Fiquei bravo e quando olhei para frente, os três já haviam virado gente de papel. Sabe o que é isso? São pessoas mortas. Eu me assustei e saí correndo, depois descobri que aquele local era onde os ancestrais da família Wei estavam enterrados. Me diga, um lugar cheio de pessoas mortas, com pessoas de papel ganhando vida, indo para lá, sabe o que estavam fazendo?”
Fang Guo, que acabara de sair daquele pedaço da montanha, perguntou tremulo: “Fazendo-fazendo o que?”
“Casamento fantasma!”
“O que?”
“Você não percebeu as bagagens e roupas daqueles três? Branco, vermelho… um funeral feliz? Só poderia ser um casamento fantasma”
O motorista estalou a língua e balançou a cabeça: “Casamento fantasma… essa coisa é imoral, falta virtude, quem sabe se a pessoa parceira estava disposta? Um casamento normal, se não se derem bem, ainda há o divórcio. Como é que faz depois da morte?”
Fang Guo deu um sorriso forçado e desceu.
Depois de pegar o próximo ônibus e encontrar um assento, Fang Guo imediatamente ligou para a monitora da classe. Um telefone que estava bloqueado começou a funcionar imediatamente.
Sem esperar que a outra parte falasse, Fang Guo começou a reclamar: “Monitora, o que aconteceu com ‘vamos assistir ao funeral de WeiWei juntos’? Por que não foi?”
Do outro lado, a menina ficou sem expressão e respondeu perplexa: “O que você disse? Você é Fang Guo, certo? Oi, Fang Guo, não entramos em contato há anos e agora, do nada, você está bravo. Você tomou seu remédio errado?”
Ele estremeceu e continuou: “Você não me enviou uma carta-convite para o funeral de WeiWei? Não me convidou para participar do enterro?”
“Eu não. Quem é WeiWei?”
“Nossa colega de classe”
“Está insano? Três anos de ensino médio, lembro-me do aniversário de todos os colegas de classe. Agora você inventa uma WeiWei do nada, está brincando comigo?”
Fang Guo ficou completamente surpreso, tentou pensar se havia errado em algum lugar.
“Alô? Fang Guo, você está aí? Ei, fale alguma coisa”
Ele se recuperou rapidamente: “Er… tenho algo aqui, vou desligar”
Depois disso, encerrou a chamada. E então, pegando o ônibus de volta para casa, durante todo o caminho pensou sobre isso. Não importa se suas memórias tivessem problemas ou as memórias da monitora tivessem problemas, nem importa agora quem exatamente WeiWei era, ele decidira esquecer tudo isso.
Só precisava esquecer e tratar isso como um sonho.
Fang Guo se consolou assim, mas, ao abrir sua bagagem, a base psicológica que havia feito começou a desmoronar completamente.
Dentro havia uma tábua preta e nela gravado, com letras douradas, um nome: Wei Ran.