Imperial Uncle - Capítulo 58 - Extra 1: Salgueiro Pintado
(*conteúdo sensível: menção de suicídio, morte)
Estou pendurado no ar, assistindo a cena trágica se desenrolar abaixo de mim. Meu coração transbordando de expectativa, cheio de excitação.
Fiquei na prisão celestial por muitos anos. Por fim, este dia chegou – a oportunidade de possessão bem diante de meus olhos.
Sou um fantasma. Um fantasma que se apega às vontades do passado. Quanto à quanto tempo tem sido, nunca senti vontade de contar os anos, assim, nem sei mais quanto tempo tem sido.
Há muito tempo atrás eu era como esse homem aí, no chão agora. Fui trancado nesta cela. A razão foi a mais injusta e naquele momento eu não podia aceitá-la. Assim, me enforquei com meu cinto em uma viga; morri e me transformei em um fantasma enforcado.
Só depois de me tornar um fantasma eu descobri que as lendas são verdadeiras – o submundo não levará aqueles que forçaram suas mortes. Especialmente enforcados. Não há nada que possa ser feito, apenas esperar aqui até que o próximo fantasma enforcado apareça antes que eu possa reencarnar.
Só que, uma vez que isso aconteceu, mas vigas foram seladas com tábuas e não há mais espaços nas paredes. Mesmo que alguém tente se pendurar, não haverá nenhum lugar. Fantasmas vêm e vão entre todas as celas, só eu fico aqui, ano após ano.
Sinto-me bastante ressentido. Minha vida foi difícil e agora que estou morto, minha não-vida ainda é difícil. Se os Céus acima de mim pretendem que fique nesta cela para todo o sempre, então desafiarei os Céus. Se não puder reencarnar porque ninguém se tornará um fantasma enforcado para ficar em meu lugar aqui, simplesmente vou possuir qualquer corpo morto.
Como sou um suicida só consigo possuir outro suicida. Não há muitos que ficam presos nesta cela. Durante minha árdua espera, poucos que vieram não tiveram a intenção. Todos pacientemente esperaram até que fossem mortos ou libertados.
Finalmente, após incontáveis anos passados, alguém foi trancado aqui. Posso dizer que nunca seria executado. O contrário poderia ocorrer e ele até ser solto em breve. Mas, é preciso ter muita coragem para aceitar consequências nessa vida.
Foi o destino que o trouxe aqui para mim. Sorrio enquanto ele engole pílula. Espero pacientemente. Agora mesmo, agoniza continuamente no chão, dizendo seus desejos antes de morrer. Este homem chamado Liu Tongyi fica mortalmente pálido, olhos cheios de desespero.
Todos são assim. Ele não pode ver seu próprio coração e nem eu posso ler o que está escrito no coração de outra pessoa. É bastante óbvio pela expressão de Liu Tongyi que ele o ama. Que pena que está alheio a tudo isso – está apenas choramingando cegamente por contra própria.
Observando a expressão no rosto dele, de repente me sinto um pouco invejoso. Se tivesse alguém que me olhasse assim naquela época, até morrer teria valido a pena – Não, espere, mesmo se você me espancasse eu não teria pensado em me matar.
Desço lentamente.
Ele murmura suas últimas palavras como um lamento: “Ran-Ransi…”
E seu aperto na manga cor de jade de Liu Tongyi gradualmente relaxa. Quando estou prestes a começar minha possessão, ele respira fundo, apertando a manga do outro novamente e diz algo que soa bastante chocante para os vivos, mas não me choca.
“Com o que sou… não vai ser fácil me enterrar… só vai dificultar as coisas… a cremação é melhor… basta pegar as cinzas e espalhar em algum lugar, uma montanha, um rio… e tudo ficará… limpo…”
Sério? Chegaria ao ponto de que suas últimas palavras fossem para sua cremação? Está querendo morrer e não deixar vestígios para a outra pessoa – como você é mesquinho! Que ingênuo: uma vez morto, você ainda é o mestre do seu corpo?
Logo seus dois braços ficam fracos e sua cabeça pende para o lado no ombro de Liu Tongyi.
Desço mais ainda.
Está silencioso ao meu redor. O corpo contra o qual estou encostado está bastante rígido, como se ele mesmo tivesse se transformado em cadáver, seguro no tecido liso e entreabro os olhos: “Ransi…”
Liu Tongyi estremece. Eu me inclino perto, ao lado de seu rosto, abaixo minha voz o mais suave possível: “Ransi, isso foi uma atuação. Estou fingindo de morto. Por favor, me ajude a escapar desta vez…”
Ele congela.
Passos urgentes se seguem e depois mais barulho de clamor confuso. Fecho meus olhos e coloco minha cabeça de volta no ombro de Liu Tongyi. Posso sentir que ele lentamente me solta e levanta gradualmente em seus pés.
Em seguida, sem nenhum toque de emoção, até seu volume é uniforme enquanto diz: “O Príncipe Huai tirou a própria vida com veneno”
Agora noto algo: não há aura de outro fantasma nesta cela. Aonde a alma de Jing Weiyi foi?
Em algum canto do corpo, algo vagamente agita antes de afundar na quietude novamente. É como um trovão me batendo no topo da cabeça. É… a alma de Jing Weiyi.
Não está morto! Está apenas fingindo! Eu de alguma forma, consegui possuir um corpo vivo!
Isso é… isso é destino?
Uma mão pressiona o pescoço que atualmente pertence a esse corpo. Abre o olho, que atualmente compartilhamos, verifica o pulso, toca o peito.
“Sua Majestade, Príncipe Huai está morto”
A voz que vem depois é estrondosamente alta, coberta de raiva: “Verifique para mim novamente! Não há maneira alguma de que tenha feito tal coisa! Ele tem que estar fingindo!”
Embora o Imperador dessa geração seja jovem, ele é um governante sábio.
Outro ataque de busca acontece em seguida no corpo.
“Sua Majestade… Sua Alteza… ele realmente está morto”
“Morto?”, a voz do Imperador zomba: “Mesmo que eu mesmo morra, ele ainda não terá morrido”
Passos se aproxima de mim e param: “Tio, sei que está fingindo. Levante-se. Eu declaro você inocente!”
Ele está dormindo e não vai acordar por um ou dois dias, pelo menos. Por outro lado, posso me levantar, mas tudo o que quero saber é como posso sair desse corpo?
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Nota desta Humilde Eu Tradutora PtBr
– a tradutora do inglês diz que esses Extras foram publicados, originalmente, entre os capítulos 39 e 40. Ela recomenda serem lidos entre os capítulos 46 e 47, mas não interferem na parte linear da história principal, deixo aqui no final mesmo;
– esse extra está confuso mesmo, pior que não dá pra saber onde foi a confusão (no chinês ou no inglês?); não teve jeito, ficou assim mesmo.
– só dá para entender que quem assume o corpo e as ações é o fantasma;
– após tantas traduções, percebo que os autores fazem suas novels, depois parece que não conseguem largar e ficam ‘enchendo linguiça’, criando extras mirabolantes só pro tema poder render mais e mais. Isso estraga muito de nossa experiência.