It seems there is light - Capítulo 27 – Pensamentos
ShiAn pegou o lenço umedecido entregue por Yan Liang e lentamente enxugou os dedos, virando-se e jogando-o no lixo.
O jovem raramente suava tanto, geralmente seu corpo parecia frio e insípido. Agora, o canto de seus olhos estava vermelho, suas bochechas e até seus lábios estavam muito corados. Suas sobrancelhas, sempre distantes, pareciam um tanto charmosas.
Yan Liang sentiu sua garganta apertar, seu coração recebendo um arranhão forte. Não que nunca tivesse se sentido assim antes ao encarar ShiAn, mas pela primeira vez ele estava claramente ciente do que esse sentimento representava. Começou a ficar enojado com esse sentimento. Tais pensamentos ruins não deveriam envolver ShiAn.
Yan Liang fechou os olhos, abriu-os novamente e soltou um suspiro lento, virando-se para sair.
Se fosse antes, Yan Liang estaria ansioso por encontrar alguém agora para conversar, mas desistiu ativamente da oportunidade de estarem juntos.
O movimento de rotação de Yan Liang deixou ShiAn instantaneamente surpreso.
Estava inquieto e não poderia deixá-lo ir.
Um pensamento veio subitamente e ShiAn, após um momento de hesitação, correu e pegou a camisa de Yan Liang pela barra.
“Vamos juntos?”, o jovem inclinou a cabeça para olhar em seus olhos, seus lábios finos abertos para respirar suavemente, provavelmente por estar cansado. Ele se abaixou ligeiramente, as mãos apoiadas nos joelhos.
Um pouco surpreso, Yan Liang baixou os olhos para olhar para ele.
‘Juntos’, diante desse tipo de pedido que ele quase nunca ouviu da boca de ShiAn, Yan Liang imediatamente parou.
ShiAn ergueu os olhos para ele.
Os olhos de ShiAn eram lindos, um tanto arredondados, pálpebras finas, com a extremidade curvando-se levemente para cima. Pareciam um pouco ingênuos e dóceis à primeira vista. A cor da pupila era clara, sempre parecendo um pouco fria. Os cílios muito longos e densos, o que diluía um pouco a infantilidade e o deixava mais lindo.
Diante desses olhos, parecia que todas as ilusões eram visíveis e não havia espaço para a menor sujeira. Yan Liang não se moveu mais para desviar desses olhos.
“Certo, juntos”. Yan Liang suspirou em seu coração e estendeu a mão para ajudar o amigo a se levantar. Ele se virou e foi seguido.
Os dias de alienação e anormalidade deixaram ShiAn um pouco perdido. Sua mente não pôde deixar de ter aquele pensamento terrível novamente. Mas ele logo percebeu que isso era impossível.
Yan Liang não poderia ter descoberto.
ShiAn estava acostumado há muito tempo com a sensação de andar sobre o gelo fino. Fechou os olhos ligeiramente e apertou os nós dos dedos com força para impedi-lo de pensar descontroladamente.
A longa fila de alunos estava bagunçada e um dos instrutores veio verificar o passeio com sua scooter elétrica, não gostando do ritmo lento.
“Vamos correr?” ShiAn sugeriu.
“Você consegue correr?” Yan Liang inclinou a cabeça para trás, seus olhos curvados com um pequeno sorriso, seu olhar gentil e brilhante era o mesmo de sempre, como se a diferença agora fosse apenas uma ilusão de ShiAn.
Mas seus olhos ainda caíram em outro lugar vazio.
O coração de ShiAn ficou ligeiramente aliviado e ele deu um suspiro de alívio no fundo de sua mente, sentindo o calor que acabara de recuar das pontas dos dedos.
“Porque não poderia?” ShiAn ergueu o rosto; seus lábios finos franzidos e as bochechas inchadas, parecendo não muito feliz.
“Tudo bem, então”, o garoto concordou e eles correram juntos.
Depois de correr um pouco, Yan Liang olhou para trás de viu os lábios de ShiAn já brancos. O jovem parou, ofegante, e tirou um doce do bolso.
“Você está tonto?”
ShiAn balançou a cabeça.
Yan Liang teve vontade de estender a mão e esfregar seu cabelo, mas retirou a mão e colocou-a nas costas: “Se está cansado é só dizer. Porque ser tão teimoso?”
“… não estou cansado”, disse ShiAn já comendo o doce.
O outro riu e começou a pular para mostrar que não estava cansado, tanto que conseguia tocar as folhas de uma árvore que estava na beira do caminho.
“Não pule”, ShiAn falou.
Como uma criança que teve sucesso em sua travessura, sorriu e ergueu as sobrancelhas.
“Vamos indo. Se esperarmos um pouco mais, estaremos muito atrasados”.
ShiAn o seguiu, enxugando os dedos sujos de doce com outro papel úmido.
“ShiAn…”, Yan Liang o chamou de repente, sua voz parecia um pouco hesitante: “… porque ela não está com você?”
Os movimentos de ShiAn pararam antes que ele virasse o rosto: “Quem?”
“… sua…”, o outro realmente não queria dizer a palavra ‘namorada’; depois de uma breve pausa, continuou: “… a garota que foi ao hospital para lhe dar seu telefone no dia de Ano Novo?”
Os olhos de ShiAn se arregalaram ligeiramente: “Shen Qiaoqiao? Porque eu iria querer estar com ela?”
“Mas, vocês não estão… não estão… juntos?” os batimentos cardíacos de Yan Liang, de alguma forma, aceleraram um pouco e suor frio emergiu das pontas dos dedos.
“Hein?” ShiAn não conseguiu dizer mais nada.
Olhando para o outro sem palavras, Yan Liang também arregalou os olhos: “Sério? Não?”
ShiAn abaixou os olhos, a franja lançando uma sombra em seu rosto, incapaz de revelar sua expressão: “… não…”
Yan Liang agora estava aliviado e inquieto.
Depois de acreditar erroneamente que ShiAn e Shen Qiaoqiao estavam juntos, Yan Liang carregava a sensação de estar perdido.
Na verdade, ele pensou que era um pouco de sorte. Quando tinha pensamentos que não deveria, aquela realidade o deixou sóbrio rapidamente. Seus sentimentos ruins e rudes foram eliminados. Yan Liang realmente pensou muito sobre isso.
Se a pessoa que conhecia ShiAn desde a infância e tivesse sua amizade por tantos anos não fosse ele, mas outra pessoa, imaginou que teria ficado com ciúmes daquela pessoa até enlouquecer. Deveria estar satisfeito porque pelo menos tinha o direito de ficar ao lado de ShiAn mais do que qualquer outro.
Também pensou que se ShiAn realmente tivesse uma garota que ele amasse muito, essa garota poderia chamá-lo de irmão, ele provavelmente seria muito legal com ela. Depois que o casal tivesse filhos, o pequeno Xiao An poderia chamá-lo de tio; ele levaria a criança para jogar basquete e aquela criança o amaria. Ele poderia morar ao lado e serem vizinhos, dizer ‘bom dia’ e ‘boa tarde’ todos os dias. Se ele pudesse cozinhar tão bem quanto Yan Zhao no futuro, sempre poderia cozinhar para a família de ShiAn.
Era meia-noite quando Yan Liang estava deitado em sua cama, olhando para o teto atordoado, pensando muito nisso. O sonho esquecido o colocou no caos de um espaço indistinguível, mas sua mente atraiu ShiAn para seu futuro.
Yan Liang sentou-se em sua cama, no quarto azulado, encharcado de luar e só pensava em um futuro muito, muito distante.
ShiAn estendeu a mão e acenou diante de seus olhos, perguntando no que estava pensando tão profundamente.
Yan Liang voltou a si, o canto dos olhos desprotegidos, queimando pelo brilho do sol refletido na água do mar.
“Não… nada… eu não pensei em nada…”
Depois de caminharem por várias horas, Yan Liang e ShiAn finalmente chegaram ao fim da estrada. Havia alguns ônibus esperando no final, que estavam estacionados já há algum tempo. Sua temperatura interna era quente e tudo cheirava a gasolina. Assim que ShiAn entrou no ônibus, teve vontade de vomitar. Yan Liang só conseguiu dar um tapinha em suas costas, mas os amigos sentaram separadamente.
Cansado e com sono, ShiAn estava tonto com o odor de gasolina misturado com o calor dentro do carro, tanto que quando chegou na escola, saiu correndo e começou a vomitar. Yan Liang correu, segurando água e lenços de papel. Depois disso, os dois voltaram juntos para casa, andando; não queria mais andar de ônibus.
Quando chegou em casa, ShiAn estava tão cansado que mal conseguia ficar em pé. Já passava um pouco das seis horas da tarde, mas não tinha apetite para comer, apenas forçou-se a tomar banho e deitou-se na cama. O cabelo ainda não estava seco, mas o jovem não tinha forças para se levantar.
As cortinas não estavam fechadas e a pouca luz do sol que entrava deixava o quarto um tanto alaranjado. Ele fechou as pálpebras e mais parecia que sua pessoa inteira estava encharcada de álcool.
Estava tão cansado que seu corpo flutuou um pouco, como se tivesse preso em uma leve intoxicação. Sua perna pendurada na ponta da cama balançava suavemente no ar, mas a parte superior de seu corpo estava deitada no travesseiro. Ainda não planejava dormir, só queria deitar um pouco para ganhar forças, levantando um pouco depois para terminar o dever de casa e jantar.
Piscou um pouco cansado e viu sua mão cair lentamente: ‘Estou com tanto sono… ainda não fiz minha lição de casa…’
ShiAn nem se preocupou em se levantar para fechar as cortinas, nem se preocupou em abotoar a camisa depois do banho.
O jovem estava encharcado no pôr-do-sol quente e laranja e logo adormeceu.