It seems there is light - Capítulo 35 – Realização repentina
ShiAn largou repentinamente os hashis, virou-se rapidamente e cobriu a boca com uma tosse violenta e sufocada. Yan Liang levantou-se para ajudá-lo dando um tapinha em suas costas.
Os olhos de ShiAn estavam vermelhos de sufocamento e demorou um pouco para recuperar o fôlego. Seus olhos ainda estavam lacrimejantes quando segurou o colo e deu pequenos goles.
Yan Liang viu que estava bem e estava prestes a se sentar quando ShiAn empurrou violentamente o copo na mesa e soltou mais uma série de tosses violentas.
“O que há de errado com você? Porque consegue se engasgar até bebendo água?” o garoto estava angustiado, mas também queria rir. Pegou um lenço de papel e estendeu a mão.
ShiAn parecia estar em transe e não respondeu em seguida. Demorou um pouco até reagir: “Está falando comigo?”
“…” Yan Liang olhou para ele e franziu a testa ligeiramente.
ShiAn nunca expôs suas emoções. Embora Yan Liang o conhecesse muito bem, às vezes ele não conseguia entender o que estava pensando. Sentiu apenas que o jovem não estava de bom humor naquele momento.
Especialmente porque toda vez que encontrava os olhos de ShiAn ficava chocado com a tristeza silenciosa e vazia sob seus olhos. Seria alguma ilusão? A expressão de ShiAn estava fria como sempre.
Suspirando em seu coração, Yan Liang disse: “Não é nada, coma com cuidado, não se engasgue mais”.
O refeitório do hospital fiava muito perto do prédio dos pacientes internados, então, depois de comer, Yan Liang subiu com ShiAn e sentou-se com Jiang Yuan por um tempo.
Jiang Yuan havia chorado muito algumas horas antes e falado muito de uma só vez, e agora ela parecia um pouco cansada. Ela inclinou ligeiramente a cabeça de lado, evitando os olhos de ShiAn.
O jovem observou seus movimentos, ficou ligeiramente atordoado e uma dor que não conseguiu suprimir começou a surgir em seu coração.
“Avó”, ele a chamou suavemente, parecendo estar agindo de forma coquete.
Nunca tendo ouvido ShiAn usar esse tom antes, Jiang Yuan olhou para ele com olhos arredondados.
ShiAn ficou um pouco envergonhado, suas bochechas coraram levemente, porém, cerrando os dentes, chamou a avó novamente, dando um passo à frente. A velha senhora levantou o braço branco e pálido, que não tinha nenhum soro neste momento, de maneira convidativa.
Yan Liang sentiu cócegas com o que ouviu. Rapidamente retirou os olhos das orelhas avermelhadas de ShiAn e se virou se costas, sentando-se com o rosto para a parede.
Essa ação foi observada por ShiAn antes de enterrar a cabeça no braço levantado de Jiang Yuan e se jogar na beira da cama.
ShiAn raramente agia de maneira tão afetuosa, não quando criança e menos ainda agora.
A velha senhora acariciou suavemente as costas, sussurrando: “Não culpa a vovó?” sua voz ainda estava um pouco rouca, baixa e suave
O jovem pensou em várias imagens da sua infância até agora, e procurou sentir um cheiro familiar, porém só o que vinha em seu nariz era o cheiro frio de soro e antissépticos. Balançou vigorosamente a cabeça, mas não se atreveu a falar, com medo de que o som sufocado que atingiu sua garganta vazasse incontrolavelmente.
Depois de ficarem nesse abraço por um tempo, ShiAn se endireitou e ajustou sua expressão à sua expressão habitual, acontece que os olhos ainda estavam ligeiramente vermelhos.
Yan Liang animou as orelhas por um momento e não pôde deixar de inclinar a cabeça para encontrar os olhos de ShiAn: “Está tudo bem com você?”
“Sim. Vou ao banheiro”.
Yan Liang hesitou um pouco em segui-lo, e assim que se levantou, os dedos de Jiang Yuan puxaram frouxamente a bainha de sua camisa.
“O que há de errado?” o garoto parou de se mover.
“Xiao Liang, pode ajudar a tia a trazer algo se for para casa esta noite?”
“O que que é?”
“Na estante de livros do meu quarto. Há uma gaveta no meio da estante. Tem um álbum de fotos ali. Traga esse álbum para a tia. Seu pai tem a chave da minha casa”
“Ok”, Yan Liang acenou com a cabeça e estendeu a mão para endireitar o travesseiro para que a velha senhora pudesse se inclinar mais confortavelmente: “Trarei amanhã”.
Jiang Yuan ergueu a mão e deu um tapinha no braço dele, agradecida.
ShiAn saiu do banheiro, encostado na porta, olhando para Yan Liang com um leve sorriso. O outro avançou para ele, não deixando de esfregar seu cabelo macio. ShiAn abaixou ligeiramente e obedientemente deixou-o esfregar.
O coração de Yang Liang não parava de se transformar em uma poça de água por causa do cabelo macio de ShiAn. Sentiu que se continuasse a esfregar, talvez não fosse capaz de controlar o desejo de tomar todo o corpo de ShiAn nos braços e segurá-lo com força.
“Já estou indo, então”
“Ok, te acompanho lá fora”.
Yan Liang não deixou que o outro o acompanhasse, então os dois se despediram na escada.
O ar da noite de verão estava abafado. Os restos de um dia de sol se entrelaçaram com a brisa suave da noite. Um velho na beira da estrada balançava seu leque. Yan Liang caminhou lentamente ao longo da Ponte Nanxing.
No verão, muitas pessoas iam até a ponte para passear, andando e rindo em grupos. As crianças corriam loucamente. Ocasionalmente, alguém gritava ou xingava; as crianças eram repreendidas pelos adultos e ficavam com seus rostos vermelhos.
Eram quase dez horas da noite quando Yan Liang saiu da ponte e caminhou para entrar no Baco Qingjiu. Os vizinhos que se sentavam na entrada no Beco estavam conversando tranquilamente. Alguém segurava um violão, sem muita habilidade para tocar uma música preguiçosa. Quando o garoto entrou, a música parou e o grupo rugiu.
Algumas perguntas surgiram por acharem que sua aparência não estava nada boa. Yan Liang respondeu que estava bem e que Xiao An também estava bem. Pegou um cacho de uvas verdes, que não sabia de onde vinham, agarrou e mordeu algumas delas. Estava com um pouco de sede e a fruta verde rolou friamente pela garganta.
“Onde está meu pai?”. Olhou no entorno e acenou com a mão para Yan Zhao, que mordiscava uma maçã: “Pai, me dê a chave da casa de Xiao An. Preciso levar uma coisa para a tia”.
O homem foi para a casa e voltou com as chaves: “Pegue”.
Yan Liang, depois de terminar com as uvas, caminhou lentamente em direção à casa de ShiAn.
O quarto de Jiang Yuan era pequeno e aconchegante, com livros cuidadosamente arrumados em uma caixa de madeira, aquarelas em tons suaves penduradas nas paredes e tapetes felpudos que faziam cócegas nas solas dos pés suavemente quando pisava.
Yan Liang tirou dois livros que estavam juntos.
O primeiro era um livro que mais parecia um álbum de fotos e o outro mais parecia um caderno de capa dura. Yan Liang casualmente virou o caderno e, em seguida, as páginas cheias de caligráfica apareceram densas diante de seus olhos.
Yan Liang arregalou lentamente os olhos, a temperatura das pontas dos dedos diminuiu, pouco a pouco.
Um mesmo nome foi escrito repetidamente em uma página inteira, de maneira incansável:
Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang Yan Liang…
Esta era a caligrafia de ShiAn.
O cérebro dele estava agora zumbindo forte e os batimentos cardíacos barulhentos estavam descontrolados. Lentamente se ajoelhou no chão, acariciando a caligrafia familiar, incrédulo.
Tinha certeza de que tinha sido feito por ShiAn, o pincel não era tão firme, um pouco infantil, mas os traços eram claros.
Os dedos trêmulos de Yan Liang acariciaram cuidadosamente os traços levemente afundados na página, e a umidade na ponta de seus dedos borrou levemente a escrita preta.
Ajustou sua respiração e, com movimentos mais suaves, folheou lentamente as páginas.
Quatro páginas.
ShiAn escreveu seu nome em todas as quatro páginas, com uma palavra diferente escrita no canto inferior direito de cada uma.
Yan Liang leu as quatro palavras juntas: Parece que há luz.
Ele fechou os olhos com força e suportou o desconforto causado pelo coração acelerado e se preparou para passar para as próximas páginas. ShiAn não escreveu mais nada e tudo o que se seguiu foram páginas em branco. Cerca de uma dúzia de páginas depois, três palavras grandes apareceram de repente.
Eu gosto.
Provavelmente foi escrito há alguns anos pois o traço era nitidamente infantil. Yan Liang mantinha seus olhos arregalados até que seus olhos ficaram doloridos e uma névoa física surgiu do fundo de seus olhos.
Ele pensou naquele ano em que perguntou se ShiAn tinha alguém de quem gostasse e o outro disse que sim. Quando ele se distanciou deliberadamente de ShiAn, ShiAn sempre olhou para ele como se eles estivessem separados há muito, muito tempo. Naquele dia, no corredor do hospital, os olhos de ShiAn estavam frágeis, a ponto de quebrar com a tristeza silenciosa.
Acontece que aqueles olhos estavam todos reservados para ele.
Yan Liang fechou o caderno e abraçou-o contra o coração, agachando-se lentamente, a testa apoiando-se pesadamente no tapete.
Enquanto pensava que havia machucado ShiAn involuntariamente, seu coração doía além das palavras, doendo tanto que queria se enrolar em uma bola e chorar
Aquele tolo pode ter gostado dele há muito tempo, pode ter se revirado no gelo fino por ele. Em algum momento, ShiAn parecia tão frágil, mas era um idiota que sempre conseguia esconder toda a fragilidade o mais rápido possível, como um pequeno animal que tinha seu território cercado, enrolado em uma bola e engolindo suas lágrimas de tristeza.
Agarrava-se mais e mais ao caderno. Seu peito fervilhava de emoções muito densas bloqueando-o a ponto de ser incapaz de respirar.
“ShiAn…”, disse suavemente o nome do outro de maneira sonhadora, tropeçando enquanto se endireitava e apertava o livro com força.
Ele queria ver ShiAn.
Agora mesmo.
Depois de ficar separado apenas algumas horas, de repente sentiu muita falta de ShiAn.
Tanto que estava ficando louco.
Yan Liang correu pelas escadas, mas a razão o fez parar imediatamente.
Jiang Yuan deve estar descansando e ShiAn esteve cansado o dia todo.
Amanhã, vejo-o amanhã.
Ele apoiou as mãos no corrimão de madeira fria e seu olhar parou no vazio sem limites.
Realmente sentia falta de ShiAn.
Baixando os olhos, seu coração se encheu de uma acidez quase agressiva. Parecia ter pressionado o botão de pausa, seu corpo enrijecido.
Vejo-o amanhã.
Amanhã.