It seems there is light - Capítulo 37 – Jiang Yuan
Lu Qingzhi voltou correndo para assinar o aviso de estado crítico de Jiang Yuan e a transferiu para a ala VIP.
A mulher estava fria como sempre, com lábios frios e indiferentes. Seu corpo magro estava envolto em uma saia longa, seus cabelos soltos balançam nas laterais de suas lindas bochechas.
ShiAn olhou em seus olhos claros e um certo sentimento espesso, pegajoso e desconhecido surgiu em seu peito. Seus lábios se abriram ligeiramente e ele a chamou.
Lu Qingzhi olhou fracamente para ele pelo fundo dos olhos e o canto da boca estava ligeiramente curvado.
Ele se lembrou de quando a viu, três anos atrás, Lu Qingzhi olhou para ele com um alívio que ele não conseguia entender. Talvez tenha sido a partir daí que a mulher finalmente conseguiu encontrar algo diferente em seus olhos. Os dias eram como uma pasta de dente que estava acabando, espremendo o tempo de forma prolongada, esticando cada dia para ser pesado e arrastado.
A condição de Jiang Yuan era recorrente e parecia estar piorando. Houve vários avisos de condição crítica, cada vez com uma reviravolta assustadora, como se você estivesse entrando em um portão fantasma.
Depois que as aulas voltaram, ShiAn vivia correndo entre a escola e o hospital. Já era um jovem com energia muito limitada e a agitação excessiva logo consumiu seu corpo e emoções. A única coisa que permitiu a ele recuperar o fôlego foi o aniversário de dezessete anos de Yan Liang, em outubro.
Na noite anterior, ele olhou para o calendário e conseguiu voltar a si, como se as páginas de um livro chato, preto e branco, tivessem sido subitamente inseridas com um marcador de papel colorido.
O primeiro presente de aniversário de sua vida veio de Yan Liang.
“Você não faz aniversário?”, Yan Liang, de seis anos, estava na ponta dos pés, apoiado no balcão de vidro: “… mas as crianças não podem crescer sem votos de aniversário…”. A criança estufava a boca e franzia a testa, como se tivesse em algum problema difícil: “Mais parece que você não recebeu mesmo as bençãos, é por isso que não é tão alto quanto eu”.
Yan Liang ponderou por um momento com uma cara séria enquanto segurava suas bochechas: “Ok. Bem, já sei o que fazer”, disse a criança alegremente, erguendo o queixo de forma desajeitada: “Espere, vou receber todas as suas bênçãos de volta e então você poderá crescer alto!” abria a mão e fez um gesto de ‘tão alto, tão alto’ com sua caneta.
Naquele dia, Yan Liang, de seis anos, agarrou o caderno de papel kraft de capa dura, que era quase mais pesado que ele, correu de uma ponta a outra do beco, tendo mais de dez páginas de bênçãos direcionadas a ShiAn.
“Olha, olha, são tantos”. Yan Liang espalhou o enorme caderno no chão, as duas crianças estavam ombro a ombro: “De agora em diante, todos os anos, você definitivamente poderá compensar as bênçãos perdidas”.
Yan Liang fez o que disse.
Todos os anos.
Embora ShiAn não tenha crescido muito alto, muito alto.
Era tarde demais para preparar presentes. Ling Yue o ensinou a fazer cupcake de creme de baunilha, preparou dois e colocou em uma caixa de papel forrada com papel filme plástico.
Naquele novo ano escolar as salas de aula deles estavam no mesmo andar. Foi no primeiro período que ShiAn pegou a caixa e ficou na entrada da porta para espiar a sala de aula.
“ShiAn”. Foi neste momento que Yan Liang saltou de dentro da sala, agarrou o outro pelos ombros e o levou para longe pelo corredor.
Sendo arrastado daquela forma a caixa deixou de estar estável, o creme bege foi colado instantaneamente na borda interna da caixa e o filme plástico ficou com manchas pegajosas. ShiAn empurrou inexpressivamente a caixa para os braços de Yan Liang.
Yan Liang mostrou-se pasmo: “… para mim?”
ShiAn encostou-se na parede com os olhos fixos na reação do outro. Yan Liang abriu a caixa, pegou um dos bolinhos e enfiou um bolo amarelo na boca, murmurando: “Gosto bom. Onde você comprou isso?”
“Sério?”
Yan Liang acenou com a cabeça apressadamente, e deu um passo à frente para esfregar algumas vezes o topo da cabeça de ShiAn.
O calor da palma da mão queimou levemente o coração de ShiAn. Inconscientemente revirou os olhos para o lado, mas os cantos de sua boca queriam se curvar.
“Sou um ano mais velho que você agora”, disse Yan Liang enquanto engolia o bolo: “Agora me chame de Ge”.
Com preguiça de olhar para ele, ShiAn desviou os olhos ligeiramente, mas sua habitual testa fria pareceu suavizar um pouco enquanto suas orelhas brancas carregavam um vermelho fino e discreto.
Yan Liang queria falar de novo, mas subitamente se lembrou de algo e ficou em silêncio. A ideia de ver ShiAn estava sendo tímido o fez sentir como se fosse explodir. Do tipo que explodiria em fogos de artifício. Apenas não se atreveu a provocá-lo mais: “Obrigado, ShiAn. Então, vamos comer juntos ao meio-dia?”
ShiAn acenou levemente com a cabeça.
O intervalo chegou ao fim, então Yan Liang arrumou os bolinhos de volta na caixa e voltou para sua mesa. O tempo ainda estava quente, o bolo parecia derreter um pouco e o aroma doce e cremoso se espalhava pelo ar, fazendo cócegas no nariz dele.
“Yan Liang, do que está sorrindo?” o professor olhou para ele: “Os cantos da sua boca estão tão alto quanto o sol. Controle-se”.
O sorriso cambaleante forçou sua garganta a apertar ligeiramente. Yan Liang pigarreou apressadamente, estendeu a mão e esfregou o pomo de adão, mal corrigindo sua expressão. Terminada a aula, o cupcake já havia derretido, mas não deixou de ser comigo. O garoto nem conseguiu comer o almoço. Por causa desses bolinhos, o humor deprimido desde que Jiang Yuan adoeceu foi ligeiramente aliviado.
Foi em uma sessão de estudos, duas semanas depois em uma tarde, que Yan Liang mudou o olhar das páginas de seu livro para o corredor e pegou ShiAn passando correndo. A figura ligeiramente magra passou voando e de dentro da sala, ele nem se preocupou em pedir permissão ao professor que estava sentado na frente. O pé de sua cadeira fez um som agudo no chão e ele saiu correndo pela porta. Logo, alcançou ShiAn.
Yan Liang estendeu a mão para agarrar a bainha da camisa de ShiAn, como se estivesse tentando pegar uma nuvem do céu que havia se perdido.
“Shi-ShiAn? Espere… onde está indo?”
“Hospital”, o rosto dele estava pálido.
“Vou com você”, ao ouvir, o olhar de Yan Liang ficou tenso. Estendeu a mão diretamente e agarrou o pulso de ShiAn, puxando-o para correr: “Vamos juntos. Não tenha medo, está tudo bem”.
Os dois saíram correndo da escola e pararam um táxi.
ShiAn cerrou os punhos e encostou-se na janela do carro. As pontas dos dedos não paravam de tremer, sentia algumas ondas de frio se espalhando em sua palma, o coração em pânico o deixando-o um pouco sem fôlego.
Yan Liang sentou-se ao lado dele e a sua mão percorria suas costas regularmente: “… está tudo bem, está tudo bem…” não parava de murmurar.
Quando chegaram, saíram do carro e subiram as escadas correndo o mais rápido que puderam.
Jiang Yuan já havia entrado na sala de emergência. Lu Qingzhi estava encostada na parede, olhos perdidos em algum lugar vazio da poeira flutuante. ShiAn curvou-se profundamente, com as mãos apoiadas nos joelhos, ofegando pesadamente, enquanto seu corpo estava parcialmente encostado na parede. Ergueu os olhos e olhou fixamente para a mulher.
Lu Qingzhi usava um moletom com capuz, bem fechado até o queixo, cobrindo em vão os lábios pálidos. Provavelmente porque percebeu o olhar fixo nela, olhou levemente para ele pelo fundo dos olhos.
ShiAn não estava preparado para a frieza familiar daqueles olhos e ficou rígido. Os olhos dela estavam tão vazios que ele ficou assustado.
Yan Liang estava perto da janela, de costas para os dois, virou-se um pouco depois e chegou perto de ShiAn, colocando a palma da mão quente na nuca de ShiAn, dando um tapinha gentil nele, como quem dissesse: ‘Estou aqui, estou aqui’.
O cheiro familiar das roupas do outro não conseguiu impedir o pânico de ShiAn. Na maioria das vezes, a expressão em seu rosto era calma, porém agora seu rosto estava quase completamente indefeso, o que o fazia parecer uma criança perdida.
Estavam na frente da sala de emergência por muito tempo, era com se um século inteiro tivesse se passado.
Antes de sair no dia seguinte, Jiang Yuan estava bem e de bom humor, folheando um grosso álbum de fotos. ShiAn via o sol refletido pelas vidraças, traçando os suaves blocos de luz quando de repente seus ouvidos captaram a porta da sala sendo aberta.
Ele ficou tenso. A luz aguda sob seus olhos e o som pesado da porta se abrindo ecoaram juntos, dando a ilusão de que sua cabeça estava sendo aberta. Sentiu os dedos de Yan Liang em seu pulso se apertarem de repente. A mão do outro tremia como a última folha trêmula no final do outono.
Um lençol branco cobria o topo da cabeça de Jiang Yuan.
Yan Liang virou a cabeça na direção do médico que vinha junto, balançando vigorosamente enquanto ofegava e algemava o corpo de ShiAn com os braços.
Não!
Ele fechou os olhos em desespero, a temperatura nas pontas dos dedos diminuindo rapidamente. Queria dizer algo a ShiAn, mas não conseguia abrir a boca.
ShiAn se apoiou em seus braços, tão quieto que assustava. A respiração de ShiAn parecia ter desaparecido no ar.
A garganta de Yan Liang ficou engasgada, não conseguia dizer nada, sentindo a frieza invadindo seu corpo. Até que ShiAn de repente perdeu as forças e desabou em seus braços. Seus braços envolveram o outro pelas costas, segurando os ombros em pânico enquanto se agachava com o corpo desabado de ShiAn.
Olhou fixamente para os olhos bem fechados de ShiAn até que o grito de Lu Qingzhi e a insistência do médico ecoaram ao lado dele. Percebeu que o jovem havia desmaiado. Estendeu a mão e agarrou os joelhos do outro, levantando-o um pouco, porém os braços de Yan Liang tremiam muito e ele cambaleou inesperadamente.
Tentou chamar o nome de ShiAn apenas para descobrir que estava com espasmos tão fortes que mal conseguia emitir qualquer som. Gentilmente baixou ShiAn até a cama que a enfermeira havia trazido em seguida e depois caiu na beirada como se tivesse perdido o fôlego.
Com os punhos fechados, Yan Liang fechou os olhos e pressionou a testa contra a beirada fria da cama.