It seems there is light - Capítulo 39 – Lady
Tendo estado afastado das aulas por um tempo, ShiAn carregou sua bolsa para o quarto de Jiang Yuan. Ele colocou o abajur dobrável na cabeceira e deitou-se na beira da cama. A roupa de cama ainda tinha o cheiro suave e perfumado de brocado de pano velho e sobremesas.
ShiAn tirou a tampa da caneta, espalhou as folhas de exercícios na cama e mal terminou de escrever no papel em branco antes de desligar a luz e cair na cama, puxando a colcha macia para um abraço completo.
Ficou sentado em silêncio na sala por um tempo antes de sair e vagar sem rumo em círculo pela sala vazia. Sentia como se estivesse procurando por algo, ocasionalmente mexendo aqui e ali, não sabendo exatamente o que estava procurando.
Não conseguiu encontrar nada.
ShiAn arrastou seu corpo recém-recuperado, sem saber por quanto tempo vagou pela casa. As solas dos pés estavam fracas, então simplesmente se enrolou e se agachou na sala. Tinha acabado de ligar uma pequena luz noturna no canto, a claridade suave e fria iluminou a mesa de centro coberta com uma toalha xadrez.
Na mesinha de centro havia um pote de vidro com nozes, com uma única folha de papel branco pressionada sob o pote. ShiAn se inclinou, pegou o papel e olhou sob a luz pálida.
Era o formulário de inscrição nas Olimpíadas que Cheng Yuan lhe deu durante as férias de verão.
Uma emoção estranha subiu em seu coração para o topo de sua cabeça. Essa sensação era mais um desespero e uma teimosia para provar que um dia tudo voltaria aos trilhos.
Já era novembro.
Não era bem o que ele esperava.
As letras pretas, bem impressas, mostrava de o dia da competição era amanhã.
Começou a ofegar violentamente, todo o seu corpo afundando em um caos vertiginoso. Fechou os olhos pesadamente, os dedos apertando as bordas finas e frágeis do papel. Um pequeno rasgo foi feito no formulário de registro quando parou as pontas dos dedos novamente.
Vamos, então, disse para si mesmo.
Ele queria algo; precisava desesperadamente fazer algo para preencher um vazio.
O jovem colocou o formulário de inscrição de volta na mesinha de centro e foi para seu quarto arrumar as coisas que precisaria para os próximos dias. Temendo se arrepender, moveu-se rapidamente. Ao finalizar a mala, ShiAn desabou no chão, olhando atordoado para o relógio na parede. O telefone, que estava ainda sendo carregado depois de muito tempo, foi usado para ligar para Cheng Yuan.
“Professor, minha avó se foi”. Ele acabou dizendo: “Sobre a Olimpíada: posso ir amanhã?”
Cheng Yuan parecia ter sido estimulado por ele e sua voz saiu incerta: “Então… os outros alunos já foram hoje. Se realmente quiser ir, o professor terá que buscá-lo amanhã, tudo bem?”. O homem parecia não ousar fazer mais perguntas. Sua voz era muito suave, cuidadosa como se tivesse medo de acordar alguém que estava dormindo.
ShiAn apenas concordou de maneira lenta e suave.
O professor deu-lhe mais algumas instruções antes de desligar o telefone.
A Olímpiada aconteceria em outras áreas urbanas da mesa cidade e levaria cerca de três dias e a viagem de ida e de volta durava quase três horas.
ShiAn carregava muito pouco, uma mala pequena e uma mochila. Ficou na entrada do beco com um fone de ouvido branco pendurado na orelha esquerda. Depois de ficar vários dias deitado, em um quarto mal iluminado, dormindo, o jovem entrou em certo transe na rua. A brisa fresca da manhã levantou de leve seu cabelo. O humor dele melhorou um pouco repentinamente.
Enviou seu endereço para Cheng Yuan e, às sete da manhã, o carro do professor estava estacionado na entrada do beco.
O homem se inclinou sobre a janela e olhou para o outro com os lábios franzidos. Suas mãos estavam cerradas em punho, parecia que estava segurando algo na palma da mão e pressionado contra a borda da janela.
As rodas da bagagem faziam barulho na calçada. Parecia um pouco barulhento em um momento que a vizinhança dormia. Colocou a mala no porta-malas e sentou-se no banco de trás com a mochila nos braços.
Cheng Yuan recostou-se e esticou o braço para trás, com dois grandes caramelos na palma da mão aberta. ShiAn não deixou de sorrir, agradecendo enquanto pegava os doces, retirava o papel e os colocava na boca.
Recostou-se preguiçosamente no encosto do banco, o queixo apoiado na mochila, o cérebro vazio indefinidamente. Parecia ter encontrado algum humor que pertencia a este mundo. A música eletrônica em seu fone foi interrompida de repente e o telefone tocou. O nome de Yan Liang apareceu na tela.
“Onde você está?” a voz perguntava com urgência e os suspiros ligeiramente apressados de Yan Liang eram claramente perceptíveis: “Onde você está?”
“Olímpiada”, ShiAn pensou por um momento: “Desculpe, não tive tempo de contar. Estou no carro do professor”.
Foi o momento em que o professor virou a cabeça para olhá-lo rapidamente.
“Estou deitado há muito tempo; quero dar um passeio e encontrar algo para fazer”. ShiAn estava comendo o doce, sua voz um pouco abafada. Seu discurso era lento, mas ele falava sério.
Pelo menos queria sentir que ainda estava vivo, que ainda existia neste mundo.
Ele ainda tinha a si mesmo.
“Então”, Yan Liang provavelmente ficou parado na esquina do beco, quieto com o ocasional som distante de um carro passando: “Quando voltar, vou te dar um presente. Você quer?”
A voz do outro tinha um toque de frustração, lembrando a ShiAn uma criança com a cabeça baixa e a boca murcha. ShiAn mexeu os dedos dos pés e disse que sim.
Yan Liang parecia feliz: “Apenas seja bom e se comporte bem”.
Depois de desligar o telefone, ShiAn tirou os fones e tentou colocá-los de volta na mochila. Dobrou o fio e abriu o zíper. Foi aí que deu um grito de surpresa.
A mão do professor no volante fez uma pausa e virou a cabeça para o lado: “O que há de errado?”
ShiAn olhou surpreso para a criatura branca, macia e fofa aninhada em sua mochila. A bola branca ergueu as orelhas e moveu-se ligeiramente. Imediatamente, ShiAn encontrou suas pupilas verticais azuis claras.
“Céus! Porque está aqui?”, o coração do jovem, que estava calmo há muito tempo, deu um pulo. Ele tirou Lady da mochila e pressionou o rosto contra seu corpo macio e quente.
A gata estava envelhecendo e sempre parecia um pouco sonolenta. Ergueu os olhos lentamente e a cauda pousou suavemente no pulso dele.
“Está bem? Está entediada?”, ele não parava de falar com ela.
“Espere: um gato?!”, o professor freou com barulho e virou de lado, cutucando as costas de Lady com o dedo: “Você trouxe um gato?”
“Er… sinto muito…” ShiAn deitou a gata em seu colo, passando suavemente a palma da mão ao longo de seu pelo não mais brilhante, mas ainda limpo: “Posso levar?”
“O que você acha, meu amigo? Acha que poder trazer um gato quando for para uma competição em outra escola?” Cheng Yuan pressionou as têmporas, sentindo uma leve dor de cabeça crescente.
“Vou manter na minha bolsa”, disse ShiAn, segurando sua mochila nos braços. As pequenas pontas das orelhas brancas aparecendo fracamente através das costuras desabotoadas. O jovem encostou-se na porta do carro e seus dedos passando suavemente dentro da mochila.
“Não pense que vai funcionar. Não pode trazer um gato para o dormitório”.
Não havia expressão no rosto de ShiAn enquanto sua boca emitia um ‘oh’ baixo, os dedos se concentrando em brincar com as pontas de orelhas da gata.
Cheng Yuan mexeu de leve na mochila, seus olhos fixos nos olhos de Lady espreitando. A gata semicerrou seus olhos, olhando preguiçosamente e silenciosamente para ele.
“Esqueça. Depende de você. Se o gerente do dormitório descobrir, amanhã teremos ensopado de gato branco”.
**
Várias pessoas no dormitório eram estudantes da Escola Secundária Afiliada e já se conheciam. Depois de cumprimentar ShiAn, todos olharam ansiosamente para o gato em seu colo, despejando todo tipo de lanche de suas bagagens e sacolas coloridas foram jogadas para Lady.
A gata parecia estar bastante cansada, encolhida com sono, mas sua cabeça estava erguida, olhando teimosamente para o rosto de ShiAn.
“Qual é o problema?” o jovem curvou-se um pouco, coçando o queixo dela delicadamente. Havia um sorriso discreto em sua voz: “Sentiu minha falta?”
Durante a Olimpíada, o tempo foi muito movimentado. Ia de etapa em etapa, assistia palestras sobre regras, memorizava notas e mais notas dos participantes e, de vez em quando, esfregava a cabeça fofa da gata.
Simplesmente não conseguia ter uma boa noite de sono.
ShiAn abraçou os joelhos e encostou-se na cabeceira da cama, olhando atordoado para o teto, deixando o cérebro em branco. Não queria pensar em nada e não ousava pensar em nada.
O jovem sentiu vontade de chorar, mas não conseguiu. Seus olhos estavam secos e doloridos. Quanto mais espessa a noite, mais desperta ficava sua mente, com certa ansiedade por perceber o mundo no silêncio de todas as vozes.
Não conseguia dormir, nem Lady. Ela se enrolava na cama em uma posição aparentemente confortável, com a cabeça inclinada de lado, olhos claros olhando para ele.
“Está tentando dizer algo para mim?” tocava sua testa: “Realmente quero falar com você”.
A gata parecia sonolenta, a ponta da cauda girando lentamente.
“Se estiver cansada, apenas durma. Vou dormir também”.
Ela subiu lentamente e esfregou a bochecha de ShiAn. Após certo tempo com ela junto a ele, sentiu-se também sonolento.
“Vamos dormir, já é tarde”.