Lifetime Gifts - Capítulo 6 – Portal de Invocação
O Rei Demônio completou uma pequena invocação na caixa de areia.
Pode ser considerada com sucesso e também com fracasso. Ele invocou um demônio ladrão secreto de baixo nível do abismo. Era extremamente tímido e assim que chegou ao Purgatório das Cem Cavernas estava morrendo de medo do heroísmo do Rei Demônio.
O portal de invocação tinha sido aberto totalmente, o suficiente para trazer criaturas do tamanho médio, porém o tempo que se manteve aberto foi muito curto, menos de um segundo. Em tão pouco tempo, mesmo uma criatura demoníaca que pode passar em um flash, sem falar nos humanos, ficaria presa.
No segundo estágio de seu treinamento, o Rei não estava mais obcecado com o tamanho do portal, agora começou a se concentrar em sua estabilidade.
Nesse período, uma sacerdotisa profana de cauda vermelha se convidou para ser assistente. Ele odiava tanto o Feiticeiro Demônio que estava muito disposto a servir o Rei. Ele a contratou por um tempo, mas aos poucos sentiu que algo estava errado, deveria haver outros propósitos.
Depois de forçada com algumas perguntas, ela admitiu que queria ter a chance de cruzar o portal. Cresceu acompanhando livros românticos populares e tinha a estranha persistência na transmissão de mundos diferentes. Ela tinha um lindo sonho, esperando que, ao cruzar para o domínio do abismo demoníaco, usaria sua incrível força e beleza para enforcar e vencer demônios. No entanto, estudo de magia do espaço não só consumia o espírito como também custava muito dinheiro, então ela não conseguia perseguir seu sonho por si mesma. Ouviu que a pesquisa do Senhor da cidade demoníaca estava indo muito bem, queria, portanto, se aproveitar dessa conveniência.
Isso não era uma coisa ruim. O Rei Demônio decidiu seguir seu desejo e usá-la como um experimento.
No terceiro estágio, a abertura do portal tornou-se estável e o tamanho da passagem era apropriado. A sacerdotisa da cauda vermelha correu feliz para o abismo e nunca voltou.
Parece que a situação não era tão simples; depois que ela entrou correndo, uma pequena criatura redonda e ereta, com asas de morcego e seis mãos rolou para os pés do Rei Demônio e deu um ‘glup’ enquanto morria.
Um demônio ladrão de baixo nível.
Tinha sido a mesma coisa que o Rei havia convocado antes. O tamanho era o mesmo, as linhas nas asar eram as mesmas, até as características eram as mesmas, a única diferença era sua postura, agora morta. Daquela vez que o Rei o convocou, ele permaneceu no tapete, desta vez estava em um piso de tijolos lisos.
O Rei Demônio havia perdido o corpo do último demônio, então não havia maneira de fazer uma comparação anatômica. Ele teve um pensamento horrível: esses dois demônios ladrões… são o mesmo. Seu portal de invocação era de fato apontado para o abismo, no mesmo lugar, como da última vez, mas não na hora certa.
Além do abismo, o Rei Demônio tentou abrir o portal de invocação em diferentes planos físicos, mas falhou. Talvez porque o abismo e o purgatório sejam todos planos de energia negativa, estejam mais propensos a interagir uns com os outros, enquanto que os reinos celestes, o domínio do fogo, a camada nuclear e o mundo humano não sejam tão fáceis.
Se ele fizesse um pequeno portal, como tinha conseguido todas as vezes, a linha do tempo de cada vez era paralela ao presente. Mas, se quisesse fazer um portal de mão dupla, desobstruído o suficiente para uma vida inteira passar, haveria vários problemas e isso se conectaria ao passado.
O Rei Demônio achou que poderia ser mais eficiente mudar a direção de sua pesquisa por um tempo, assim deixou de lado a limitação de tempo e se concentrou em lidar com os portais de outros planos. Além disso, durante sua pesquisa, o Rei ainda conversava com o mago humano.
Artel continuou fornecendo a ele itens demoníacos e ele ficou feliz em enviar ao mago pedras preciosas e areia.
Uma vez, o Rei disse: “Você realmente quer isso? O que mais você quer? Trabalhou duro por meio ano para me ajudar a desenvolver esta catapulta gigante de perseguição. Isso é realmente o suficiente?
O humano disse com um sorriso: “Você não sabe o quão valiosas são as coisas que me manda. Agora não quero mais nada em particular”.
“Não tem valor algum”, o Rei tocou a mão familiar, que ainda era longa e branca, mas a pele estava muito mais áspera do que antes: “Sério, Artel, eu te devo; estive em guarda contra você desde o início, estou com medo de que vá me enganar. Receio que me peça uma recompensa que não posso pagar. Até agora, as coisas que dei não são muito valiosas”
“Porque quer que eu fique insatisfeito?”
“Você deveria de fato. Deve estar cansado depois de ajudar com tantas coisas em tão pouco tempo, mas eu te trato mal”.
Artel ficou em silêncio por um longo tempo.
“Rei, não sabe o valor daquilo que tem me dado. Dizem que os humanos costumam trapacear com os demônios, o que pode ser verdade. Podemos facilmente obter riqueza pedindo à vontade. É uma riqueza tão comum que as pessoas não podem imaginar”.
“Como pode haver tantos…”, o Rei murmurou.
“Estou deitado em uma cama feita de madeira de lei. Talvez você não saiba o que é isso. Resumindo, é algo que servos humanos não podem pagar mesmo que trabalhem por toda a vida. Meu pijama é de seda, meu travesseiro é de penugem grossa e até o cabo das minhas colheres é de jade. Não moro em uma torre de feiticeiro, mas em um solar com árvores frutíferas. Emprego meus assistentes com moedas de ouro e vivo uma vida mais luxuosa e livre do que os gentis e nobres. Além disso, meu passado é inocente e o templo não me incomodará. Para um mago, minha vida pode ser considerada extravagante. Aos olhos dos demais, não saio e corro riscos, não ganho dinheiro vendendo pergaminhos ou itens mágicos. Na minha cidade, todos pensam que sou um pequeno novato, que herdou uma grande herança de parentes distantes e que agora vive dessa fortuna”.
O Rei Demônio não acreditou: “Mas… há um tempo atrás você era tão pobre que não podia nem mesmo pagar um bom carvão para o inverno…”
“Isso foi há muito tempo atrás”.
“Faz apenas algumas décadas. Quanto tempo faz?”
Nesse momento, o Rei ouviu a voz do mago quase engasgar: “Meu Senhor, sou um ser humano. Minha vida inteira dura apenas algumas décadas”.
O Rei Demônio ficou atordoado. Foi triste, mas para esse grande rei houve mais sentimento de medo do que tristeza.
A mão de Artel se moveu, tateando os longos dedos do Rei: “Lembro do primeiro momento em que fui segurado por você, suas unhas eram muito curtas. Depois disso, prestei atenção as suas mãos todas as vezes, registrei qual mão toquei e se havia mudado. Por esse tempo, sua mão foi ferida, o que não foi grave. Sua pele endurece quando está frio e foi até curado com o unguento que eu te dei. Os calos de sua mão não mudaram muito, sua postura e posição são as mesmas do passado, suas unhas cresceram um pouco mais, mas não precisam se aparadas. É surpreendente, depois de todo esse tempo, as unhas de um demônio não crescerem muito”.
Parecia que o mago estava prestes a chorar.
O Rei estava um pouco em pânico. Ele não entendeu. Ele realmente não compreendeu. O mago Artel era muito gentil e calmo, porque hoje, repentinamente, perdeu o controle de suas emoções?
“Sinto muito, Artel”, disse o Rei Demônio com dificuldade: “Posso sentir que você está triste, mas não entendo o porque está chateado. Sou um demônio e você é um humano. Realmente não compreendo, pode explicar isso pra mim?”
A voz do outro estava abafada com se estivesse usando algo para cobrir sua boca: “Sinto muito também. Não só você, também não consigo entender porque estou triste. Deveria estar feliz, muito feliz por conhecê-lo. Meu Senhor, você mudou minha vida, fez uma pessoa que há muito tempo havia perdido seu status a se considerar um verdadeiro mago. Se eu não tivesse sido convocado por você, não teria…”. Ele parou, ofegando por um tempo, como se tentasse acalmar sua excitação: “Se não tivesse sido convocado por você, não teria sido ‘eu’ agora”.
Com isso, ele queria puxar sua mão de volta, mas o Rei inconscientemente foi agarrá-lo para manter seu braço no espelho. O Rei, que tinha a capacidade de agarrar Artel, finalmente a soltou.
A mão de Artel ainda é bonita, mas teve uma mudança.
O Rei Demônio fechou os olhos e recordou do dia em que a convocação deu certo. Pegou a mão do mago e a beijou suavmenete, aquela palma branca e macia. Os dedos eram tão esbeltos, só que a cor de suas unhas é muito mais escura do que antes. A cor da pele ainda é muito branca, mas está coberta com rugas lamentáveis. Seus braços estão mais finos do que antes, com os ossos mais óbvios e sua força não é como antes.
Pensando bem, essa situação não foi abrupta… quando começou? Não demorou muito para o Rei Demônio lembrar. Saiu do quarto atordoado e caminhou lentamente ao longo do corredor.
Agora mesmo, Artel quis dizer que sua vida era boa. Deve ser uma boa coisa. É definitivamente uma coisa boa. Quem não gosta de ter uma vida extravagante? Mas, porque Artel estava tão triste? Tão triste que não conseguia nem falar?
Uma pequena cabeça escamosa saiu de trás do pilar: “Meu Rei, meu pai e alguns outros querem vê-lo…”
Essa jovem lagarta é filha daquele homem estudioso com escamas e da nova camareira do Rei. Estava nova contratada andava com o rabo balançando e estalando incontrolavelmente, dessa forma não conseguia roubar nada, era muito mais confiável do que o outro camareiro.
“O que eles querem de mim?”. Pensando bem, talvez fosse bom conversar com os conselheiros, alguns deles até pudessem ajudá-lo a entender as emoções humanas.
O Rei Demônio entrou no salão principal e sentou-se no trono. Os cinco ministros abaixo deles trocaram olhares. Estes conselheiros haviam planejado essa reunião com o Rei há muito tempo, mas nenhum deles queria ser o primeiro a falar.
“Porque querem me ver?”, o Rei insistiu.
Sob o encorajamento silencioso de outros, o estudioso de escamas veio para frente e se curvou: “Meu Rei, temos um assunto importante para discutir com você. É algo que pode deixá-lo com raiva, por isso estamos com muito medo e não ousamos demonstrar tão diretamente”.
O Rei Demônio franziu a testa: “Como assim? Porque não diz primeiro o que é, depois decidimos como vou me sentir?”
“Sim… é sobre o mago humano…”
“O que há de errado com ele?”
O homem de escamas curvou-se novamente: “Se dissermos, por favor, não fique com raiva”.
O Rei zombou: “Certo, se disser, um terço meu ficará com raiva, um terço será indiferente e outro terço pode elogiá-lo por seu bom trabalho. Mas se não falar imediatamente, vou ficar com raiva agora”.
O ministro saldou mais algumas vezes e expressou respeitosamente suas preocupações: “Meu Rei, com a ajuda do mago humano, a força militar da cidade demoníaca continua estável, a força economia está crescendo continuamente, a vida no palácio está mais extravagante e a produtividade das pessoas também está aumentando. Agora, os grupos de demônios estão cheios de espírito de luta e confiança. Todos nós acreditamos que os dias serão cada vez melhores e todos os níveis da caverna ficará ainda mais poderoso…”
“Direto ao ponto”.
“Não se preocupe, Meu Rei. Os demônios acreditam que tudo isso é devido ao mago. Nós confiamos e amamos, mas… não podemos confiar muito nele. Na verdade, a cidade demoníaca é muito dependente dele. Pode não doer muito no curto prazo, mas no longo prazo…”
“Não preencha minha mente com indiretas”.
Depois que os ministros trocaram outros olhares, o homem com escamas disse: “Meu Rei, por favor… não se concentre em apenas trabalhar com aquele mago. Por favor, convoque outros magos humanos”.
“O que?”, o Rei Demônio deu um tapa no braço do trono, as pessoas abaixo dele tremeram.
O Rei pensou que seus servos iriam questionar a postura de Artel, dizendo que era um mentiroso ou algo assim. Estava pronto para refuta-los com fatos, mas agora, eles dizem que deveria convocar mais magos? Porque isso?
Vendo que o ataque do rei não continuou, o homem disse: “É que… bem… toda a cidade demoníaca depende do mago humano. Portanto, seus servos amam muito este Rei que tomou essa decisão e trouxe muitos benéficos. Porém, no futuro, quando todos os produtos ficarem obsoletos e forem gradualmente danificados, receio que os demônios fiquem muito insatisfeitos. Uma vez que gostamos muito dos chuveiros aquecidos, nunca mais voltaremos aos dias de queima de lenha e água fermente. Se, um dia, forem obrigados a voltarem ao passado, a caverna inevitavelmente se tornará um caos, podendo até abalar sua liderança”.
Uma ideia vagamente se formou na mente do Rei. Entendeu ao que o outro estava se referindo, mas não tinha certeza. Com meia resposta em sua mente, disse descuidadamente: “Artel e eu não vamos parar de trabalhar juntos facilmente. Está muito satisfeito com minhas recompensas e nunca fez nada de ruim para mim…”
“Mas, meu Rei… estima-se que a vida dos humanos é de 50 a até no máximo 100 anos. A maioria das pessoas não vive até os 70 anos…”
As palavras de repente se transformaram em espinhos e penetraram no coração do Rei Demônio.
“Seu mago pode morrer em breve”.