Lifetime Gifts - Capítulo 8 – Muitos, muitos anos depois (Fim)
(*conteúdo sensível: menção de suicídio)
Após três anos da morte de Artel, o Rei Demônio liderou seu exército para outro nível da caverna e matou outro rei demônio. A partir de então, apenas uma cidade demoníaca era homenageada como a capital das duas cavernas e apenas um demônio era rei.
Na realidade, o Rei estava com preguiça de lutar. Só queria saber de estudar sobre convocações e portais em seu campo de treino. No entanto, o mundo exterior falhou, desde que perdeu seu ser humano aliado, varias forças começaram a se agitar.
Demônios na cidade demoníaca também questionaram seu governo e, devido a todos os tipos de disputas, o Rei Demônio decidiu lançar uma batalha entre as camadas da caverna em troca de ganhar estabilidade por vários anos.
Quinze anos após a morte de Artel, o Rei Demônio abriu, com sucesso, a porta para o mar elemental. Não era mais um portal defeituoso que permitia apenas a passagem de uma mão ou pé. Era um verdadeiro portal para o outro mundo.
Convocou um espírito do elemento água, que parecia um pouco com o espírito do plano humano. Era gordinho, transparente, escorregadio e nojento.
Agora que o outro havia sido convocado, um contrato deve ser feito com ele, então o Rei fez um acordo com o espírito elemental. O Rei pagou pelos reparos das máquinas deixadas pelo mago, ajudando, principalmente, na lavagem de roupa. Lavagem de roupa e limpeza de casa era moleza para esse espírito da água, não danificava os materiais, não alterava as cores, não deixava vestígios de sabão, certificava-se também de que o tecido não encolhia.
Vinte anos após a morte de Artel, o portal para o mundo ainda não havia se aberto.
De fato, portais semiacabados, defeituosos podiam ser abertos a qualquer momento, mas qual era o significado para abri-los? Não tinha a intenção de pegar alguns magos estranhos.
Vinte e sete anos após a morte de Artel, o campo de treinamento de caixa de areia do Rei Demônio foi quebrado.
Agora, ou ele parava sua pesquisa por um tempo e consertava sua caixa de areia ou arriscava um colapso no espaço e continuaria sua pesquisa sem a caixa. O Rei escolheu a última opção. Deu a tarefa de conserta-la a um estudioso aprendiz e continuou a se concentrar no portal do tempo e do espaço.
Em fato, o Rei pensava que mesmo que se tivesse aberto um portal de convocação para o mundo humano, poderia abrir o caminho, mas até se arriscaria de ser puxado para o outro lado. De que adiantaria? Se fosse essa mesma a porta aberta, enfrentaria o mundo sem Artel.
Se conseguisse dobrar o tempo e espaço, chegaria a Artel quando eles ainda não tivessem se encontrado, veria então um jovem que ainda não o conhecia. É fácil dizer que o Rei Demônio podia inventar qualquer motivo para fazer um contrato, mas o detalhe é que o outro não teria a memória entre eles. Não iria se lembrar das cerejas do purgatório, dos bolos feios e sem gosto, das rosas prestes a murchar, nem das folhas caídas que não eram vermelhas.
Como posso lidar com um Artel assim?
O Rei Demônio estava ansioso para vê-lo e, ao mesmo tempo, com medo de vê-lo.
Trinta e dois anos após a morte de Artel, o Rei abriu com sucesso um portal para o mundo humano. Substituiu o enorme espelho de vestir por um enorme espelho de chão. O vidro brilhou com ondas, que estavam em um ritmo regular, guiando o invocador para estender sua mão e pegar sua presa.
Infelizmente, a porta ainda estava instável e o Rei Demônio não sabia em que época do espaço tempo o portal havia sido aberto. Pode muito bem ser ou não ser o momento em que conheceu o mago humano.
Pensou naquela frase que o velho Artel disse uma vez: ‘Eu até queria morrer antes de te conhecer… não quero morrer agora. É porque eu conheci você’.
Se ele voltasse aos dias que passaram juntos e deixasse que tudo voltasse desde o começo, poderia apoia-lo e protege-lo? Seria capaz de rir de si mesmo e trazer o bolo de chocolate feio? Tudo isso era desconhecido.
A Joia de Sangue do dragão estava no topo do cetro, emitindo uma luz fraca, porém estável. Olhando para as oscilações no espelho, o Rei Demônio se sentiu tenso e seu coração batia mais rápido, como se estivesse se preparando para uma guerra sem precedentes. Ele foi até o espelho e estendeu sua favorita mão direita superior. Pegou uma coisa quente… é um braço, um braço humano!
O outro lado lutou um pouco, porém o Rei não puxou com força. Com aquele braço, andou para dentro daquele espelho, ele mesmo. Através do vazio cintilante, o Rei Demônio abriu os olhos: estava em uma casa pequena e pobre, com o braço direito de um jovem em suas mãos.
O humano parecia exatamente como as imagens em seus livros.
O jovem à sua frente estava sentado em uma cama de madeira simples, com uma camisa de pano muito áspero. Seu cabelo claro estava seco como erva daninha e sua pele estava muito doente. Os olhos estavam diretamente para frente, não se concentrando na criatura diante dele.
Uma observação mais cuidadosa mostrou que o olho esquerdo estava torcido e manchado, como se tivesse se forçado a se juntar após uma ruptura, havia várias cicatrizes óbvias em sua órbita e seu olho direito… não era um olho, mas uma bola de cristal de cor clara, que foi colocada em sua órbita ocular vazia apenas como suporte, para que seu rosto não parecesse muito estranho.
Era uma simples cama de madeira, ainda manchada de sangue. Havia uma pequena ferida na mão direita do humano, que ficava na ponta da unha do dedão. Isso não era causa de uma luta, pode ser causado por uma queda acidental de algo cortante.
Havia feridas mais óbvias no humano, bem em seu pulso esquerdo. Duas feridas sobrepostas, uma das quais era mais velha e com crosta e a outra, que deve ter aparecido alguns segundos atrás, ainda estava escorrendo sangue.
O Rei Demônio ficou chocado por um momento ao entender o que o jovem estava tentando fazer – queria cortar a artéria em seu pulso. Felizmente, seu corte não foi profundo o suficiente para ser fatal. Ele se ajoelhou, estendeu duas de suas mãos e agarrou o pulso do humano, que ainda estava escorrendo, e aplicou uma camada de cangshecao.
Artel costumava pedir essa erva. Quando pensava nisso, lembrou que o outro disse tantas vezes a palavra sangue. Era como se estivesse esperando pelo momento em que morreria.
Ah, e aquele contrato? O conteúdo exigia apenas que o invocado prestasse serviços, mas Artel candidatou-se até o prazo de sua morte. Em retrospecto. o mago não tinha certeza de quando morreria, então pediu para mudar o conteúdo do contrato.
O Rei Demônio ainda estava se entregando a essas memórias, e o homem, ainda em estado de choque, disse: “Você é um demônio?”
Era Artel, o Rei reconheceu sua voz.
“Deixe-me dar uma boa olhada em você…”. O Rei soltou seu braço e segurou seu rosto de uma vez.
O homem se encolheu de terror, mas não conseguia focar seus olhos, não conseguia ver como era a criatura à sua frente. Só podia sentir o calor e a poderosa força em torno dele.
“Arte?”, o outro encontrou seus olhos, que já estavam fora de uso e sussurrou seu nome: “Artel Hope, estou aqui. Estou aqui para ajudá-lo”.
“Você me conhece”, o homem perguntou com cautela: “Você… quem é você?”
O que aconteceu naquele dia foi muito além da imaginação do jovem mago.
Hoje era o décimo terceiro dia desde que deixou a torre do mago. Com a ajuda de uma pessoa que o acompanhou, voltou para sua cidade natal com algumas malas surradas. A partir de agora, não era mais um mago. Era muito difícil aprender novas magias e o mundo conhecido não tinha nada a ver com ele. No máximo, podia atuar como um malabarista nas ruas, exibir alguns truques em festivais. Seria bom o suficiente para ganhar algum dinheiro para encher seu estômago.
Artel costumava ser o aprendiz mais promissor da torre do mago. Ele tentou se suicidar ontem à noite. Cortou seu pulso com uma navalha. Era assim tão doloroso que ele não aguentou e acabou não cortando tão fundo.
Largou a navalha, cobriu o ferimento com um lenço, enrolou-se na parede e chorou até ficar muito cansado. Queria sangrar até a morte. Infelizmente, acordou hoje, a ferida um pouco úmida, mas não sangrava mais.
Ficou lá sentado o dia todo, sem comer nada e, ao anoitecer – só sabia que era noite quando ouvia lá fora as pessoas voltando do campo – decidiu tentar novamente. Tateou ao redor, encontrou a navalha e sentou-se na cama. Assim que mirou seu pulso esquerdo novamente, uma mão forte apareceu do nada e pegou seu braço direito.
Assustou-se e a navalha caiu, cortando seu polegar. Em estado de choque, a dor não era nada.
Ele estava com muito medo de se mexer. Era o cheiro do purgatório, não havia se esquecido do que aprendera na torre do mago. Era um demônio? Porque um demônio estava aqui?
O demônio não só não o machucou, como enfaixou suavemente seu pulso esquerdo que sangrava.
A criatura tinha quatro braços, duas nos ombros e duas nas costelas e não parecia possuir escamas. A julgar pelos sons de seus passos, seus pés devem ser humanoides. Esse era provavelmente um ardente espírito demoníaco, de linhagem antiga, poderoso, ágil e inteligente. São bons em manipular elementos e nascem excelentes feiticeiros.
De acordo com as literaturas que conhecia, as duas mãos superiores eram extremamente poderosas, capazes de segurar armas com flexibilidade e até mesmo rasgar inimigos ao meio. Este demônio ardente segurou Artel com força, e se quisesse poderia quebrar seu braço a qualquer momento.
Mas, o demônio largou seu braço e segurou seu rosto com as mãos. Os movimentos da criatura eram tão cuidadosos e suaves que parecia estar tratando de um tesouro frágil.
“Você é um demônio?”, Artel perguntou hesitantemente. Usou a linguagem do purgatório, entre os aprendizes, seu talento para idiomas sempre foi o melhor.
O outro não respondeu diretamente, mas disse outra coisa: “Artel, estou aqui. Estou procurando por você”.
“Realmente me conhece? Quem é você?”
Ainda não veio resposta. Quando estava prestes a perguntar novamente, o mago foi puxado em um forte abraço. Toda sua pessoa congelou, inúmeras perguntas pairaram sobre seu coração, mas não saberia nem por onde começar.
Aquele demônio, que era tido como feroz e poderoso pela literatura, o impediu de cometer um ato extremo, o ajudou a curar suas feridas e o chamou pelo nome… agora o segurava em um abraço. Talvez por medo de estrangular o humano com sua força, o braço foi relaxado um pouco, mas ainda protegia Artel diante de seu peito.
O mago sentia a palma da mão do demônio acariciando seu cabelo e a bochecha sobre sua testa. A linha de seu cabelo estava um pouco úmida. Gota a gota, um liquido quente escorria na testa do jovem.
Artel se moveu inquieto. era inacreditável que o demônio que apareceu no ar não apenas o salvou, chamou seu nome, mas agora o segurava enquanto chorava lágrimas silenciosas.
“Artel”, a criatura não pode deixar de beijar a testa do humano: “Não tenha medo, não vou machucar você. Não se machuque de novo, ok?”
“Eu…”
Antes que o outro pudesse responder, o demônio largou sua mão, mudou sua postura e deixou que Artel se inclinasse naturalmente. Então, outro beijo caiu entre as sobrancelhas, a ponta do nariz e, finalmente, escorregou para os lábios.
Artel estava com medo da respiração e do calor do demônio. Mesmo assim, não resistiu. Por um lado, porque estava perdido, por outro… enfim, não estava com medo da morte anteriormente, o quão ruim essa situação poderia ficar?
O Rei Demônio deu outro beijo com cuidado, como se fosse o momento mais solene de sua vida. Depois disso, olhou para o jovem mago, que ainda estava em silêncio e sussurrou em seu ouvido: “Artel, não morra. Não tem que morrer. Você pode viver feliz”.
O humano se apoiou no peito do Rei, sem saber o que responder. Adivinhou que o demônio do purgatório estava procurando algum mago para um trabalho. Ele já tinha ouvido sobre esses casos de cooperação há muito tempo. Mas esse demônio era um pouco estranho. Diante do mago cego e inútil, ainda queria fazer um contrato?
Incapaz de perguntar tudo o que tinha em mente, Artel apenas murmurou: “Não necessariamente… talvez no futuro, eu desista, ainda queria morrer…”
“Vou fazer com que queira viver”. O olhar dele era aquecido, mas o humano não poderia saber: “Vou levar você embora e vou tratar seu corpo. Prolongar sua vida e mantê-lo comigo para sempre. Quero te acompanhar em todo o mundo e todos os lugares interessantes do purgatório. Mesmo que não consiga ver, vou encontrar coisas interessantes para você. Quero fazer um contrato e não haverá data de vencimento. Quero te pedir favores e você pode pedir as recompensas. Artel, vou deixar que saiba como é não morrer. Já que não tem medo da morte, tem coragem de prometer sua vida para mim?”
O mago olhou para frente. O beijo do Rei caiu em sua testa como se quisesse encorajá-lo.
Depois de um tempo, o mago sussurrou: “O contrato… não pode ser feito aqui”.
“O que você disse?”
“Pelo que sei, um contrato com um humano convocado por um demônio deve ser completado no purgatório. Nesse mundo, o fogo contratual não acenderá”.
Talvez por curiosidade ou mesmo por desistir da vida passada por completo. Fosse qualquer um dos motivos, Artel, o ex-mago, morreria quando passasse pelo portal. Esse tipo de final não seria muito diferente se tivesse tido sucesso na noite passada com seus cortes. Então, porque não?
Enquanto caminhava pelo vazio, o Rei Demônio perguntou: “Artel, você tem uma amante ou concubina?”
O outro deu um sorriso fraco: “Como poderia…”
“Então, não é amante ou a concubina favorita de outra pessoa?”
“Claro que não! Porque exatamente está perguntando?”
O Rei riu, pegou a mão esquerda do mago com a mão livre e gentilmente bicou seu dedo anelar: “Nada… podemos nos conhecer lentamente”.
Essa frase parecia suspeita e parecia ter algumas implicações surpreendentes.
Artel estava cheio de dúvidas, mas disse: “Tudo bem”.
—FIM—
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Notas finais desta Humilde Eu tradutora PtBr
Bem, cultivadores
Agradeço por chegar ao final desta leitura e também por comentar nos capítulos. Fico imensamente feliz com o retorno dado pelos leitores.
Achei que faltou explorar um pouco mais essa questão de ir para a linha do passado através desse portal; também não há elementos clássicos de uma obra BL (aquelas dúvidas, pulga atrás da orelha, negação), poderia muito bem ser personagem masculino e feminino que não ia fazer diferença alguma no enredo.
Enfim, apenas uma historinha pra aquecer nossos corações. Mais uma obra curtinha e fofa, cheia de esperanças de um futuro melhor e final feliz para os dois.
Não deixe de ler as outras obras aqui no meu site. Mais uma vez, obrigada de coração.
Até a próxima, Sorte e sucesso
(mãos em concha/ saudação)
Ah tão lindo! E uma história muito fofa. O amor do demônio por Artel é muito lindo. Apesar de no começo eu achei que seria uma história um pouco boba para rir quase me fez chorar. Queria alguns extras 😭