Like me a little longer - Capítulo 2 – Primeiro encontro
No segundo ano do Ensino Médio, Yu Jiaxing teve a sorte de estar na mesma turma da pessoa de quem gostava. Essa pessoa sentou-se na primeira fila e ele na terceira. A cada dia, seus olhos o seguiam até o momento em que saíam da sala de aula.
Ele era um bom jogador de basquete, tinha um sorriso lindo e ensolarado; era muito popular entre as meninas.
Yu Jiaxing gostava daquele cara e aquele cara se chamava Meng Rui.
**
Meng Rui costumava ir à quadra com pessoas de outras classes para jogar basquete e YuJiaxing ocasionalmente ia assistir.
Aquele era um dia sufocante, sem brisa, com o ar parecendo parado. O suor grudava em suas roupas, incapaz de evaporar.
Não havia muitas pessoas na quadra, então Meng Rui foi até os expectadores e perguntou diretamente para YuJiaxing: “Não há gente suficiente, você quer vir?”
O menino balançou a cabeça repetidamente e seu coração batendo como um chocalho.
Meng Rui viu esta ação, virou-se para a quadra e encolheu os ombros: “Ele não vem”.
“Não? Ah… está faltando uma pessoa…”
“Porque simplesmente não esquecemos? Está tão quente…”
“Meng Rui, ele não é da sua turma? Fale com ele de novo”.
YuJiaxing ouviu tudo, nunca gostou de ser forçado a fazer nada, mas se a pessoa fosse alguém de quem gostava, achava que seu coração poderia ser amolecido.
Em seguida o que ouviu foi: “Não o conheço bem”, saindo da boca de Meng Rui.
Como resultado, YuJiaxing finalmente obedeceu e seguiu com sua camisa de meia manga e calças pretas – um conjunto de roupas totalmente irrespirável.
Corria com a turma já há quase meia hora. A bola ia e voltava, mas os meninos estavam quase desmaiando.
“Cara, está muito quente!”
Todos pararam e a bola rolou pela quadra; YuJiaxing também estava respirando por alguns segundos e finalmente decidiu correr atrás da bola.
“Ei, Yuan, a bola é sua”, alguém sentado no chão disse preguiçosamente.
O menino pegou a bola e procurou por aquele chamado ‘Yuan’.
Quando YuJiaxing o viu, ergueu a mão e jogou a bola para ele. Era alguém que usava um colete preto, alto e rápido, como uma pantera negra, até sua pele era meio escura.
Foi a primeira vez que YuJiaxing encontrou JingYuan. O garoto falava pouco, jogava bem e era bonito, até algumas garotas gritavam seu nome fora da quadra.
Naquela época, teve a impressão de que JingYuan era um cara lega, muito legal.
**
Talvez sua atitude fosse muito óbvia.
Alguém ao redor disse brincando com Meng Rui: “Ei, porque aquele fracote do YuJiaxing está sempre te olhando? Ele não tem uma queda por você?”
Algumas meninas ‘defendiam’ e diziam: “Do que está falando? Não é tão simples, é amor verdadeiro”.
Sempre alguém interviria: “Ah, sim, sim. Há-há-há”.
A fogueira já queimava alta, então todos pensaram que não haveria problema em adicionar mais fogo, certo? Ateavam tochas e mais tochas indiscriminadamente.
Finalmente um dia Meng Rui bloqueou YuJiaxing no banheiro: “Você não é gay, é?”
Foi o momento em que YuJiaxing se perguntou porque diabos ele se apaixonou por esse cara?
Tinha acabado de aprender naquela época que sua condição sexual era diferente das outras e estava sensível, ansioso e em pânico… todas as emoções negativas o cercavam.
Era o vestiário da quadra, havia muita gente ali depois da aula, e Meng Rui, que acabara de sair de um jogo, entrou empurrando. Esbarrou em YuJiaxing, que ergueu os olhos.
Meng Rui adora sorrir, e sorriu mesmo depois de esbarrar em alguém, um pouco tolamente, mas de forma espontânea e brilhante: “Está tudo bem?”
Foi um momento em que YuJiaxing pensou que aquele garoto sorria como o sol e meio que gostou disso.
“Você não é gay, é?”
O banheiro estava silencioso.
Meng Rui havia fechado a porta atrás de si, mas o eco do espaço fechado era alto, as palavras foram infinitamente amplificadas e soavam um pouco ásperas.
Balançando a cabeça suavemente, sem responder à pergunta de Meng Rui, o menino apenas conseguiu dizer: “Eu…eu não gosto de você”.
Meng Rui soltou um suspiro: “Isso é bom…”
Antes que pudesse dizer qualquer coisa a mais foi empurrado por YuJiaxing. Era um tanto inacreditável: o menino à sua frente era obviamente muito magro e franzino, porém bastante forte.
Disse com uma cara fria: “Precisa de mais alguma coisa? Quero usar o banheiro”.
Meng Rui sentiu-se estranho e saiu.
YuJiaxing não se importou em quão sujo era o ambiente, ele se agachou e encostou-se na parede, enterrando a cabeça nos braços.
Quando JingYuan empurrou a porta, notou uma criança no canto fingindo ser um fantasma, talvez para assustar as pessoas.
Ao ouvir um barulho, o menino ergueu os olhos; não estava chorando, mas seus olhos estavam um pouco vermelhos.
Sua voz tremeu quando ele disse baixinho: “Lao Da, está aqui para usar o banheiro?”
(Lao Da: chefe; maneira como os gangsteres chamam o líder)
O rosto do garoto nunca foi muito expressivo – raramente se emocionava. Sua voz aumentou ligeiramente quando perguntou: “Como você me chamou?”
Desde aquele jogo, YuJiaxing frequentemente via JingYuan no meio da multidão. Era um garoto alto e tinha pernas longas, não era difícil ser visto diariamente entre o mar de pessoas no intervalo. O ponto principal é que é moreno, com um bronzeado mais escuro que a cor do trigo, certamente por jogar quase diariamente.
A primeira vez que o viu, JingYuan não tinha expressão no rosto, porém cada movimento seu era implicitamente arrojado, descolado e bonito.
Sentiu que era uma pessoa única – não havia muitas pessoas tão bonitas mesmo sendo tão morenas. Pensou em seu íntimo que, se houvesse uma chance, teria que reconhecer JingYuan como seu chefe.
Com o tempo, começou a se referir ao garoto moreno como Lao Da em seu coração, e a cada vez que se encontravam no corredor, murmurava silenciosamente ‘Olá, Lao Da’.
Nesta cena, dentro do banheiro, YuJiaxing tinha acabado de sofrer um golpe de ‘amor perdido’, e quando viu o garoto, simplesmente disse: “Vou te reconhecer como meu Lao Da, ok?”
JingYuan: “???”
YuJiaxin estava magoado e não queria chorar agora: “Você me ensina a lutar?”
JingYuan: “???”
O garoto queria perguntar ao outro quantos aos tinha e porque estava agindo como uma criança, mas vendo o quão triste estava, só conseguiu mudar de assunto. Mostrou sua rara ternura e disse: “Primeiro levante-se. A parede está suja”.
Lágrimas começaram a cair e YuJaixing chorou sem fazer barulho, apenas deixando as pérolas rolando, parecendo um desgraçado injustiçado: “O chão está mais sujo”.
“Então deveria mesmo se levantar”, a cabeça de JingYuan doeu um pouco.
“Eu-eu me encostei por aqui… minhas roupas estão todas sujas… quero chorar…” o menino não parava de balbuciar.
Acontece que já estava chorando.
Enxugando o rosto, YuJiaxing se levantou, sua voz tremendo: “É irritante pra caralho; estou com tanta raiva”.
Inexplicavelmente JingYuan teve vontade de rir, mas depois de ver o rosto à sua frente, não quis mais. Talvez por causa de sua boa visão viu como os cílios do menino tremiam e ele não parecia tão forte quanto parecia.
A campainha tocou e só então YuJiaxin lembrou-se que era a próxima aula: “Lao Da, vou indo. Dando a volta em JingYuan, saiu do banheiro.
Como resultado foi punido pelo professor e obrigado a assistir a aula de pé. Assim que acabou a aula e saiu da sala, ergueu os olhos e fixou o olhar.
JingYuan estava em frente e os dois se entreolharam por um momento.
“Opa, este não é Lao Da?”
“O que está fazendo me chamando de Lao Da?”
“É que você é tão descolado”.
“…”
Depois de um momento, JingYuan perguntou: “Qual é seu nome?”
“Hein? Er… YuJiaxing”.
“En”. O garoto encostou-se na parede: “Xiao Di”.
(Xiao Di: irmão mais novo)
“Hein?”
Com um sorriso nos lábios, JingYuan brincou: “Não está me chamando de Lao Da? Então, você é meu Xiao Di”.
YuJiaxing mostrou um sorriso feio; a pessoa que havia reconhecido como Lao Da o estava retribuindo, o chamando de Xiao Di, mas este era um dia em que havia perdido seu amor e foi punido em sala de aula, não estava nada feliz.
Pensando silenciosamente em seu coração, desculpou-se: Desculpe, Lao Da, espero que eu sorria para você amanhã.
Não houve mais palavras.
Ao final do dia, o sinal havia tocado, o garoto moreno de pernas longas apareceu na porta, dizendo: “JingYuan”.
A campainha tocou tão alto que YuJiaxing não ouviu direito: “Lao Da, o que você disse?”
“JingYuan”
O menino congelou por alguns segundos antes de dizer alegremente: “Ei, já sei o seu nome”.
Acontece que JingYuan apareceu na porta apenas para gritar seu próprio nome e saiu em seguida, não escutando nada do que o outro havia dito.
**
Quando YuJiaxing ocasionalmente encontrava JingYuan no corredor, e nunca se dirigia ao outro por seu nome diretamente.
O inverno se aproximava nesta cidade voltada para o norte e, antes da primeira nevasca, algo notável aconteceu.
“Da Ge, você trocou de pele?”
(Da Ge: irmão mais velho)
JingYuan realmente não queria responder a isso.
YuJiaxing: “Está mais branco?”
O garoto não aguentou e ergueu uma mão para puxar a orelha: “Cale-se!”
JingYuan sempre quis perguntar a YuJiaxing porque só vinha falar quando havia poucas pessoas, como um pequeno esquilo; quando havia mais gente ao redor, mergulhava na multidão e não parava para olhar para ele.
Meng Rui também hesitou em falar com ele ultimamente e JingYuan lembrou-se que a primeira vez em que tiveram um breve contato foi naquele dia no banheiro; foi também a vez em que reparou no menino triste e choroso sentado no chão sujo.
Esta questão não o incomodou a princípio, mas passados alguns dias, o próprio Meng Rui tomou a iniciativa e procurá-lo.
Meng Rui: “Ei, você. Bem… eu… só quero lembrá-lo que aquele YuJiaxin pode ser gay. Você entende, certo? E… ele é um pouco estranho… de qualquer forma, é melhor ficar longe dele”.
JingYuan retornou com apenas duas palavras: “Alguma evidência?”
“Ãh? Evidência? Que nada, todos dizem isso. Só estou te avisando, nada mais”.
Meng Rui era acostumado a não colocar seu coração nas coisas, não pensava antes de dizer nada e era tido como um garoto insensível.
Os dois trocaram mais algumas palavras e o outro apenas cuspia tudo o que pensava e o que ouvira em rumores. JingYuan ouviu todas as besteiras até ficar ressentido. Era um garoto que raramente movia sua boca, porém se as palavras não resolvessem, tomava outras medidas.
Então ele bateu em Meng Rui.
No dia seguinte, com o rosto ainda machucado, Meng Rui correu para YuJiaxing: “Sinto muito. Eu não deveria ter ouvido as palavras caluniosas de outras pessoas. Deveria ter usado meus próprios olhos para julgar”.
YuJiaxing não entendia porque gostava de Meng Rui, esse bastardo estúpido.
Na turma do Ensino Médio, sempre tinha alguém que ficava de fora e era intimidado, tendo suas coisas dificultadas. Talvez porque não conseguisse se expressar ou talvez porque falasse até demais. Existem vários motivos, apenas para resumir, apenas não gostam de você. Muitos ali não gostavam de YuJiaxing, que já estava acostumado com a violência fria da classe.
Após o outro ter se desculpado, YuJiaxing foi para a quadra de basquete com um sorriso.
YuJiaxing: “O que você disse para Meng Rui ontem?”
JingYuan: “Não falei muito; era muito barulhento, então bati nele”.
“Da Ge”, o menino perguntou seriamente: “Você faz algum tipo de trabalho missionário?”
“Apenas não pense mais em toda essa bobagem”.
Quando as férias de inverno terminarem, pensou YuJiaxing, iria estudar muito, não ligando mais para toda aquela bobagem.
O amor não tem nada a ver com ele. Meng Rui não tem nada a ver com ele. É melhor estabelecer uma relação íntima com os livros.
Provavelmente nunca pensou que três anos depois teria um relacionamento com JingYuan.
Um relacionamento de amantes.