Little Fox - Capítulo 6 – Destemido
Fusang congelou em suas tentativas de fugir por um breve momento.
SuYu enxugou as lágrimas, preocupado e arrependido, e continuou: “Eu gosto de você. Gosto há muito tempo e também penso em me casar com você há muito tempo, sondei muitas vezes, mas não sabia dos seus sentimentos por mim, então inventei esse truque. Desculpe-me, não queria deixar você se sentir tão triste”.
Explicou baixinho, inclinou-se e beijou levemente o rosto manchado de lágrimas de Fusang.
Fusang tremeu da cabeça aos pés quando os lábios quentes e macios caíram em seu rosto, acompanhados as sensação de dormência que vinha dali. Seus pensamentos errantes finalmente retornaram ao seu corpo.
Ele olhou com olhos vermelhos brilhantes, seus cílios úmidos que se agarravam às suas pálpebras e lágrimas de cristal que brilhavam. Era adorável e lamentável.
“SangSang, você gostaria de se casar comigo?”, SuYu o cercou, seus olhos quentes e suaves.
Fusang abriu a boca, mas parecia estar pensando em algo. Abriu a boca só que não disse nada.
“Se não disser nada, considerarei como um consentimento seu…”
“Eu não posso!”, o outro de repente recuou alguns passos e rejeitou com sua voz rouca.
Não conseguia parar de balançar a cabeça e as lágrimas que haviam acabado de secar começaram a fluir novamente. Estava soluçando incontrolavelmente quando disse: “Eu menti para você. Na verdade eu não sou um humano, eu… eu… eu…”
“Você não é um humano, mas uma raposa. Eu já sabia disso”.
“Como… como você descobriu?”
“Na primeira vez que nos encontramos naquele inverno”. SuYu murmurou, levantando sua cabeça e revelando uma imagem adorável: “Uma certa raposinha roubou meu vinho e ficou bêbada. Daí não teve ideia de que sua cauda foi exposta”.
Quando mais Fusang ouvia, mais furiosas as emoções irrompiam de seus olhos.
Depois de uma longa pausa, disse em voz abafada: “Então você não tem medo de mim?”
SuYu franziu a testa para ele, seu tom indescritivelmente gentil: “Porque deveria ter medo de você?”
“Porque… porque eu sou um demônio. Como você ainda ousa viver comigo? Não tem medo de que eu o devore enquanto estiver dormindo?”
(devorar aqui tem o contexto de sugar a energia vital, a força ou a essência de alguma forma, não seria comer literalmente)
O homem deu a ele um olhar amoroso e preocupado, os cantos de seus lábios se curvando enquanto suspirava: “Raposa boba. Nós nos conhecemos há mais de dez anos. Se realmente quisesse me machucar, esperaria até quando?” Suspirou, envolveu seus braços ao redor da pessoa que ele amava há muito tempo. Seus lábios acariciaram o rosto de Fusang e sua respiração quente e palavras abafadas chegaram aos ouvidos do outro: “Não tenha medo de nada, SangSang; só estou com medo de que você me deixe. Não faz diferença se é humano ou raposa. Tudo o que sei é que você é meu SangSang. Vamos nos casar, certo?”
Fusang se inclinou em seus braços, seus olhos molhados pelas lágrimas que haviam escorrido.
O peso sufocante em seu peito parecia ter desaparecido e o que se seguiu foi uma alegria que o fez sentir-se leve como uma pluma, com um calor ardente e um toque de doçura.
Depois de um tempo, reuniu coragem para estender a mão e abraçar seu homem de volta.
Então veio a voz suave do homem que poderia derretê-lo: “SangSang, eu acertei? Também gosta muito de mim?”
O jovem ficou vermelho e bufou, escondendo a cabeça desconfortavelmente nos braços de SuYu.
…
SuYu marcou a data do casamento para o início do mês seguinte e trouxe Fusang para o mercado para comprar mercadorias como doces de casamento e velas de dragão e fênix que os recém casados exigiriam.
Ele até desenhou o véu vermelho da noiva, bordado com patos mandarim brincando na água.
(doces de casamento: são embrulhados em papel vermelho com inscritos de ‘felicidade’ em dourado/ as velas também são vermelhas com dourado, e são um símbolo de boa sorte ao casal)
Até a modesta casa na montanha foi reformada.
No entanto, SuYu cuidou da maioria dessas tarefas, com a única responsabilidade de Fusang sendo comer e beber adequadamente e se esforçar para ser sua noiva mais bonita no grande dia.
Ao pensar em ser a noiva de SuYu, uma certa raposinha desejou que a passagem do tempo acelerasse para que o dia do casamento chegasse mais cedo.
Quando o espírito do bambu soube que o outro ia se casar com um mortal, começou a rir. Mais tarde, quando viu que não estava brincando, ficou preocupado e começou a desencorajá-lo.
“Humanos e demônios não podem ficar juntos, e aqueles que ficam não terminarão bem”, o espírito do bambu insistiu.
Fusang fez beicinho: “Como se eu fosse acreditar. Você está acostumado a me enganar”.
O espírito do bambu afirmou com firmeza: “Eu não te engano. Conhecia uma raposa, a quem você deveria chamar de tio com base na sua idade. Ele também se apaixonou e se casou com um humano. Esse homem, inicialmente, fez uma promessa solene a ele, mas posteriormente o abandonou. Fusang, siga meu conselho e não confie na retórica desonesta dos mortais, especialmente os homens”.
Depois de ouvir isso, a raposinha mergulhou em um silêncio raro.
Vendo sua expressão hesitante, o outro acrescentou: “Agora você pode assumir a forma humana e, se cultiva bem, um dia poderá se tornar uma pequena fada raposa. Porque se preocupar em se amarrar por um mortal com uma vida útil de apenas algumas décadas? Se não quer ficar sozinho, pode procurar outra raposa e ter alguns filhos. A família inteira ficará feliz…”
“Mas meus pais não ficaram felizes quando eu nasci. Eles me deram à luz, só que não me quiseram, então me abandonaram nessa montanha selvagem e profunda, deixando-me para me defender sozinho”. Fusang o cortou.
O que ele disse deixou o espírito do bambu estupefato.
Fusang levantou a cabeça pra olhar o céu, seus lábios curvados em um lindo arco: “Naquela época, arrisquei minha vida para obter o fruto, sofri uma dor excruciante para me transformar em humano para acompanhá-lo. Agora, como posso estar disposto a me separar dele e deixá-lo sozinho?”
“Só que o tempo de vida de um ser humano é muito curto. Mesmo se vocês estiverem juntos, ele morrerá em pouco tempo, deixando você sozinho”, o espírito do bambu soltou um suspiro.
“É o suficiente para que eu possa acompanha-lo para andar neste mundo”. Fusang riu e seu par de olhos cristalinos irradiava luz: “Eu gosto de SuYu. Quero me casar com ele e ficar perto dele pelo resto da minha vida”. A promessa sonora e poderosa do jovem ressoou naquela parte do mundo e flutuou no ar com o vento de outono que se aproximava.
O espírito do bambu não poder deixar de suspirar em seu coração e olhar para o jovem ainda novo e imaturo ao vento.
Fusang era jovem e ainda não tinha compreendido o coração do mundo mundano. Ele apenas rezou para que o mortal o tratasse tão bem quanto ele afirmava.
_____________________
Nota dessa Humilde Eu Tradutora PtBr
imagens dos embrulhos dos docinhos para casamento:
imagens das velas vermelhas de dragão e fênix; muitas são decoradas com as formas dos animais outras simplesmente tem a inscrição em caracteres chineses: