Little Fox - Capítulo 7 – Casando-se
Fusang e SuYu casaram-se após a segunda chuva de outono.
A casa reformada, decorada com cetim vermelho e lanternas carmesim, parecia especialmente festiva. SuYu acompanhou Fusang, que usava um vestido feito sob medida e um véu vermelho, até a porta.
Eles adoraram o céu e a terra em frente aos pessegueiros que plantaram juntos, depois prestaram homenagem aos pais ajoelhando-se em frente aos túmulos dos pais de SuYu e então se curvaram um ao outro de joelhos.
Como não havia convidados nem um banquete suntuoso, essa recepção de casamento parecia bastante desolada. Mas o casal não parecia se importar com isso.
Fusang estava tão nervoso ao orar para o céu e a terra que seu rosto ficou vermelho; felizmente, estava escondido atrás de um véu, para que ninguém pudesse vê-lo.
SuYu o ajudou a entrar na câmara nupcial. O quarto estava decorado em vermelho festivo, a cama coberta com uma colcha vermelha novinha em folha e velas vermelhas de dragão e fênix tão grossas como o braço de uma criança ardiam no castiçal, iluminando intensamente o quarto.
Fusang sentou-se na cama macia, apertando as cobertas com os dedos ao lado do corpo. ele abaixou a cabeça e espiou os dedos dos pés pela abertura no véu até que outro par de sapatos surgiu na frente dele. Seu véu foi imediatamente levantado, revelando um quarto bem iluminado diante dos seus olhos. Apenas semicerrando os olhos, o jovem conseguiu ver a pessoa parada à sua frente. A iluminação embaçada da luz da vela obscurecia metade de seu rosto, mas a outra metade exposta era impressionante.
SuYu estava vestido com um traje de noivo vermelho brilhante com fios de ouro, com um cinto carmesim escuro amarrado em volta de sua cintura fina, seus lábios curvados, seus olhos transbordando de ternura e ele olhava para Fusang com concentração e profundo amor.
Fusang corou e virou a cabeça para longe dele quando o viu.
“SangSang…”, a voz quente de SuYu tocou em seu ouvido quando a cama se afundou ao lado dele: “Está tão bonito hoje”, disse ele.
As bochechas do jovem coraram novamente, porém os cantos de seus lábios se levantaram ligeiramente.
SuYu colocou uma taça de vinho na mão e riu: “Vamos brindar”.
Havia uma essência suave de flor de pêssego no ar, que se misturou rapidamente com o sabor do vinho. A raposinha bebia desajeitadamente o vinho, conforme SuYu a guiava. Houve um pouco de queimação e depois dormência assim que o vinho frio entrou em sua boca, criando um leve traço de nebulosidade em seus olhos.
Suas bochechas coraram um pouco mais, semelhante ao brilho rosa que coloria o horizonte no final da noite.
“Eu quero mais”, disse ele enquanto lambia os restos de manchas de vinho no canto de seus lábios e olhava para o homem com olhos enevoados e cheios de desejo.
Os olhos do homem que o olhava com ternura de repente escureceram. Não ficou claro se foi devido ao comentário de Fusang ou à sua ação de lamber os lábios.
SuYu pegou a taça de vinho das mãos de Fusang, virou-se para segurar levemente seu rosto e disse baixinho: “SangSang, é hora de dormirmos na cama nupcial”.
“Cama nupcial… o que é isso?” os olhos lacrimejantes de Fusang vibraram, sua voz era doce e inocente.
O homem sentado ao lado dele levantou-se silenciosamente e puxou as cortinas do lado de fora da cama. A maior parte da luz no quarto foi cortada abruptamente e a luz vermelha escura refletida na colcha de brocado vermelho na cama tornou-se cada vez mais ambígua.
SuYu tirou seu manto e cuidadosamente embalou Fusang em seus braços. O coração do jovem disparou e começou a bater furiosamente, seus dedos tremiam contra o peito que o pressionava. Sentia-se, ao mesmo tempo, apavorado e um tanto empolgado com as incógnitas que o aguardavam.
“Não tenha medo, SangSang”, o outro notou que suas sobrancelhas estavam torcidas em uma bola devido ao seu nervosismo: “Não vou deixar você se machucar muito”, ele persuadiu docemente enquanto se inclinava e beliscava seu rosto.
Vai doer? As pequenas sobrancelhas de Fusang franziram ainda mais.
Finalmente mordeu o lábio e disse com cuidado, depois de pensar um pouco: “Tudo bem não dormir na cama nupcial? Tenho medo de dor e…”
SuYu, que estava desamarrando suas roupas, riu, mas seus movimentos continuaram: “Não se preocupe: você vai gostar, meu bom SangSang”.
Antes que Fusang pudesse dizer alguma coisa, o homem acima dele já havia envolvido seu corpo e bloqueado com força seus lábios ligeiramente franzidos.
…
A luz brilhante das velas balançava suavemente e as camadas de cortinas obscureciam o cenário primaveril do quarto.
Fusang não saiu da cama até meio-dia. a dor em sua cintura o forçou a ofegar enquanto se sentava na cama com o apoio de seus braços. Sua garganta também estava seca e sua voz rouca, possivelmente por chorar e implorar por misericórdia na noite anterior. Ao lembrar dos acontecimentos da noite anterior, seu rosto corou.
Ele ergueu as sobrancelhas depois de terminar de corar, pensando que ainda não tinha acertado contas com uma certa pessoa. Que ternura, que cortesia, eram tudo mentiras!
Grande mentiroso! Sentindo-se enganada, a raposinha agarrou com raiva um travesseiro bordado ao lado dele e quis esmaga-lo. A fronha amassada bordada com os lótus gêmeos parecia um pouco familiar.
(lótus gêmeos, ou qualquer flor gêmea, são duas flores que nascem no mesmo caule, claro que o lótus sempre vai ser a maior representação de amor)
Lembrou-se, repentinamente, que era este travesseiro que estava quase constantemente amortecendo sua cintura ontem à noite… ele jogou longe o travesseiro e se enfiou na colcha, corando de vergonha. Como SuYu pode tratá-lo tão excessivamente ontem à noite? Estava muito envergonhado para encarar qualquer pessoa.
O jovem formou uma pequena bola dentro da colcha e, quanto mais pensava nisso, mais enraivecido se sentia. Cada vez mais furiosa, a raposinha levantou-se arrumou sua bagagem com raiva.
Ele não podia usar o vestido vermelho de noiva de ontem, então simplesmente escolheu um roupão e planejou sair com seu próprio pacote de pano nas costas.
Mas no momento em que abriu a porta, encontrou seu marido.
SuYu ergueu as sobrancelhas e perguntou calorosamente: “Porque não dorme mais um pouco? Aonde você vai com tanta pressa?”
Fusang puxou seu pequeno pacote, fez beicinho de queixa e virou a cabeça para ignorá-lo.
“SangSang…”, o outro chamou suavemente.
“Eu… eu não quero mais me casar com você. Você me intimidou ontem à noite e não parou nem quando eu chorei e implorei… e você me mordeu! Você é um canalha!”, Fusang estava soluçando e fungando enquanto falava, sua voz rouca soava muito lamentável.
SuYu não conseguia decidir se ria ou chorava quando viu uma certa raposa tola que não conseguiu fugir de casa. Ele abraçou Fusang com amor e carinho, desculpando-se sinceramente: “Sinto muito, SangSang. Ontem à noite eu… estava um pouco impaciente e não considerei meus sentimentos. Vou deixar você me bater para descarregar sua raiva. Isso soa bem?”
“Não está nada bem. Vou voltar para minha caverna”.
Ele tentou prosseguir, mas foi impedido por alguém: “Vai parar de ficar com raiva se eu deixar você me intimidar de volta?”. SuYu o abraçou enquanto sorria significativamente.
Os olhos da pequena raposa brilharam em malícia quando orgulhosamente ergueu o queixo: “Sim!”
O homem riu, fechou a porta com um movimento dos dedos e carregou o outro de volta para a cama. A estúpida raposa sentou-se, olhando para ele ansiosamente.
SuYu ficou nu, sorrindo de orelha a orelha, e seus olhos brilhavam com cálculo.
A estúpida raposa, por outro lado, era uma tola e ficou ali sentada complacentemente, totalmente inconsciente do perigo.
As cortinas da cama no quarto deslizaram lentamente para baixo.