Little Fox - Capítulo 9 – Ostentando afeto
Desde que Fusang clamou por ter um filhote de raposa para SuYu, o número de vezes que as cortinas vermelhas da cama foram baixadas aumentou, desgastando tanto uma certa raposinha que ele a reclamou sem parar.
Ele consentiu um trabalho duro, mas acabou sendo muito trabalho duro!
A raposinha não aguentava mais depois de um mês assim.
Agarrou a mão de SuYu, que estava pronto para baixar as cortinas da cama, sua voz suave e pegajosa continha suas queixas: “SuYu, sinto que estou grávido de um filhote de raposa”. Como se SuYu assustado não acreditasse, ele pegou a mão e colocou em sua barriga, seu rosto cheio de antecipação: “Se não acredita em mim, sinta por si mesmo. Está muito inchado”. E depois arrotou enquanto falava: “…”
Os olhos de SuYu se curvaram em diversão, insondavelmente olhando para ele: “Quanto você comeu ao meio-dia, SangSang?”
Perguntava-se o quão guloso Fusang tinha sido para fazer com que o abdômen plano se expandisse em uma pequena bola. Um certo alguém, que havia sido pego em flagrante, fez beicinho e parou de falar.
Comeu vários pratos de bolo à tarde e havia se empanturrado tanto que a barriga ainda estava doendo.
SuYu acariciou sua barriga saliente e macia: “Vou fazer um chá de espinheiro para você. Não deve comer assim novamente. Vai deixar seu estômago desconfortável”.
A pequena raposa assentiu obedientemente. Só queria um filhote, como poderia ser tão difícil?
Fusang não aguentou mais e saiu correndo para reclamar com o espírito do bambu. Reclamou sobre como era difícil conceber seu bebê raposa.
Surpreso, depois de ouvir tudo isso, o espírito do bambu zombou dele severamente: “Não vamos entrar na questão de como raposas concebem filhotes. Eu nunca ouvi falar que uma raposa macho possa conceber de alguma forma. É tão surreal…”, o espírito do bambu riu alto e não tinha intenção de salvar a cara de Fusang.
O jovem teve que perguntar: “O que você quer dizer? Está dizendo que não posso ter um bebê?”
O outro estava entre rir e chorar de rir: “Você já viu um macho conceber filhote, seja de qualquer espécie? Eu nunca vi isso”. Finalmente disse em provocação: “Se realmente der à luz, com certeza será a sensação dos Três Reinos e será algo mais chocante do que sua ascensão à divindade”.
“…”. o jovem ficou desconfiado as alegações de SuYu depois de ver o espírito do bambu falar com tanta confiança.
SuYu não disse que eles poderiam conceber se trabalhassem duro? SuYu poderia tê-lo enganado?
Fusang reuniu os fatos, contando ao outro tudo o que SuYu havia lhe contado e o quanto os dois haviam tentado. O espírito do bambu inicialmente ouviu com prazer, mas quando ouviu os detalhes, seu rosto ficou vermelho e finalmente interrompeu Fusang com um tosse quando todo o relato ficou insuportável.
O jovem estava ansioso: “Só quero saber se o que ele disse é verdade. Ele mentiu pra mim?”
Claro que mentiu pra você! Se não o fez, como poderia justificar essas coisas indescritíveis? Com certeza, não importa o quão gentil ou bom seja um homem, ele é igual a um cachorro na cama! O espírito do bambu pensou, mas estava com medo de falar. Diz-se que mesmo um funcionário bom e honesto terá dificuldades de resolver uma disputa familiar. E se SuYu percebesse que ele relatou a verdade e quisesse invadir a floresta com uma pá para arrancá-lo? Para minha própria segurança, continue trabalhando duro, irmão.
O espírito do bambu declarou por fim, de maneira enfática: “Ele está certo; isso certamente aumentará suas chances de ter filhotes de raposa”.
“…” Fusang foi obrigado a aceitar a realidade.
Felizmente, não era tão ruim assim, até mesmo se tornando interessante. Especialmente os novos truques que SuYu havia aprendido recentemente de quem sabe onde. O jovem não conseguia se curvar no dia seguinte depois de ser intimidado. Quanto mais Fusang pensava nisso, mais vermelho seu rosto ficava, atingindo até a ponta de suas orelhas.
Quando o espírito do bambu o viu corar assim, não precisou perguntar sobre isso porque sabia que tinha a ver com SuYu gongzi e ele prontamente começou a pedir para seu convidado retirar-se dali.
Humph! Não são apenas histórias de humanos diante dele? Qual é o problema?
O espírito do bambu cerrou os dentes e pensou amargamente: Quando eu me tornar um humano, imediatamente procurarei um adorável demônio para me casar depois de exibir na frente de Fusang!
Foi apenas que, após um cálculo rápido, estimou que levaria cem anos para se transformar em uma forma humana. O espírito do bambu fechou os olhos e se rendeu imediatamente.
Depois de ser expulso, Fusang colheu punhados de frutas silvestres no penhasco e voltou para casa. Ainda não havia se aproximado da cabana quando notou dois homens estranhos, vestidos com trajes distintos, parados em seu quintal, discutindo algo com SuYu.
SuYu havia abandonado sua gentileza habitual. Sua expressão era fria e solene e não sorria enquanto falava.
O jovem correu para trás da cerca em frente à casa, suas duas orelhas eretas, ouvindo atentamente.
Os homens estavam muito longe para se fazer ouvir muito mais do que as palavras ‘daren’ e ‘voltar’.
(daren: título de superiores ou alto oficial, até mesmo título de parentes mais velhos)
O rosto de SuYu afundou como água e ele se levantou para se despedir depois de falar mais algumas frases para eles. Os homens não tiveram escolha a não ser partir com relutância depois de ver sua atitude firme.
Fusang surgiu só então, piscando seus olhos de raposa e perguntando: “Quem são eles?”
A expressão do homem voltou à ternura do passado quando percebeu quem era voltando e um sorriso surgiu em seus lábios: “Não importa; são apenas dois amigos que conheci há algum tempo”, explicou calmamente.
“Oh”, Fusang murmurou de leve. Ele não levou a sério.
Inesperadamente, essas duas pessoas voltaram três dias depois.
E desta vez, uma tropa significativamente grande veio junto. Mais de meia dúzia de pessoas chegaram, bem como uma luxuosa carruagem envolta em cortinas de pérolas e folhas de ouro. A carruagem brilhava com uma luz dourada e, neste pátio sombrio e dilapidado, parecia totalmente fora do contexto.
A expressão de SuYu mudou quando viu tantas pessoas se aproximando. Ele puxou Fusang e disse que tinha que se esconder na casa e não sair de jeito nenhum. A raposinha também não gostava de multidões, assim permaneceu na casa de maneira obediente, apenas espiando pela fresta da porta.
Uma mulher de meia idade rica e elegantemente vestida desceu da linda carruagem e lágrimas britaram em seus lindos olhos quando ela viu SuYu.
Fusang não tinha ideia do que estavam falando. Apenas sabia que conversaram durante a maior para da tarde, e quando a magnífica carruagem voltou, o sol estava se pondo no horizonte.
Quando SuYu entrou na sala, Fusang estava tão sonolento esperando por ele que desabou em seus braços com a cabeça inclinada. O homem parecia rir, envolvendo um abraço na cintura e embalando o jovem em seus braços, esfregando sua testa quente: “Está com fome?”
Fusang balançou a cabeça e, quando olhou para cima, pode ver a exaustão entre as sobrancelhas do homem: “O que há de errado?”
SuYu o tranquilizou com um pequeno sorriso: “Estou bem”.
“Aquelas pessoas hoje… porque estavam aqui?”, o jovem não pode deixar de perguntar.
Os olhos indiferentes de SuYu ergueram-se ligeiramente e, após um longo silêncio, ele respondeu: “Eles… são minha família”.