Died before the Wedding - Capítulo 8
(*conteúdo sensível: menção de acidente, cirurgia, morte)
Depois que Xie Chenmin terminou seus estudos de pós-graduação, foi recrutado para a sede de uma grande empresa conhecida no país. Era um trabalho com o qual muitas pessoas sonham. Mas ele se inscreveu mesmo para uma filial.
Cumprindo a promessa que fez quando me formei, veio para a cidade onde eu estava.
Observei o trem que o trazia entrar na estação a toda velocidade, vi jogar sua bagagem e correr: “Chu, sinto sua falta”.
Eu disse: “Eu também”.
Ele insistiu: “Sinto mais sua falta do que você de mim”.
Não discuti com o garotão. Ajudei com a bagagem e disse: “Vamos, Zhaocai está esperando”.
Xie Chenmin tinha vinte e poucos anos na época, era muito alto, então era possível só com um relance vê-lo no meio da multidão.
Sempre gostou de usar uma camiseta branca e um boné vermelho. Seu sorriso era especialmente elegante, como um raio de sol que atravessava as nuvens e chegava a terra logo no início da manhã.
Sua beleza era impecável e clara.
A estação estava lotada de gente e havia inúmeras coisa atraentes por todo o lado, mas meus olhos estavam fixos nele, sem me distrair.
Eu não sabia porque, mas só queria olhar para ele por mais tempo.
Nunca tinha olhado assim de tão perto, mesmo quando estávamos juntos pela primeira vez, ou mesmo quando estávamos enroscados loucamente em nossa cama.
Eu disse: “De fato, você é muito bonito”.
O cérebro dele demorou um pouco para se conectar, e depois de se recuperar, ele me disse: “Chu, você está me assustando”.
Continuei: “Estou um pouco fora de mim”.
Se ele tivesse um rabo, acho que estaria abanando.
A luz da manhã entrou em seus olhos.
No meio da multidão, ele pegou minha mão e segurou com força e meu coração disparou. Era como se tudo ao redor tivesse perdido a cor, e só esse homem tolo que me segurava que estava colorido.
Ele repetiu: “Sinto muito a sua falta”.
Eu disse: “En”.
Ele disse: “Vamos correr para o quarto”.
Eu disse: “Foda-se”
***
Xie Chenmin dormiu até a tarde e, quando se levantou, seu cabelo estava tão bagunçado e havia um névoa no ar e ele ficou acordado por muito, muito tempo sozinho.
Tocou o lado e gritou: “Zhaocai?”
Nenhum barulho lhe respondeu.
Ele lembrou que, depois do meu aniversário, havia mandado o cachorrão para a mãe dele nas primeiras horas do dia.
Estava sentado sozinho sob o sol fraco, tão solitário quanto um covo que parou em uma árvore.
Quando eu era vivo, se não tivesse trabalho a fazer, evitava dormir demais à tarde. Quando acordasse e recobrasse o juízo, percebendo que o dia havia chegado ao fim, sentiria uma solidão indescritível em meu coração.
Mas quando ele veio até mim logo depois de terminar seus estudos, não tive mais essas preocupações. Porque sempre havia alguém por perto quando eu acordava.
Atirei-me para o lado daquele desgraçado. Hoje era o sétimo dia da minha morte, o único dia em que pude tocá-lo novamente. Porém ele não fez nada o dia todo e foi dormir.
Fiquei ao lado da cama e acariciei delicadamente o perfil de seu rosto com as pontas dos dedos.
Eu podia tocá-lo.
Podia sentir o calor que pertencia a ele.
Assim que uma rajada de vento passou, as cortinas brancas voaram alto, deixando um rastro para trás.
Xie Chenmin olhou na direção do vento como se estivesse olhando para mim.
Meus olhos estavam úmidos e pensei: ‘Chega, já chega’.
Era o suficiente poder olhar a luz nos olhos desse tolo novamente.
‘Você emagreceu, seu idiota.
Se eu não estiver por perto no futuro, terá que cozinhar para si mesmo e nem sempre fazer macarrão instantâneo.
Se você se sentir sozinho, vá e encontre alguém que o ame mais do que você o ama.
Não vou me importar, não se preocupe, além disso, não consigo mais ver, há-há-há.
Só quero que você seja feliz no futuro.
Você pode ir para longe e voar alto, sem se preocupar com nada. Cuide bem de seu coração.
Me desculpe por invadir e forma irresponsável e simplesmente sair assim, tão de repente’.
Nunca chorei tanto na minha vida, exceto no momento em que nasci como ser humano. Tanto que engasguei e não consegui mais chorar. Ele não conseguia ouvir minha voz.
Mas ele se levantou, olhou pela janela em minha direção, vestido como um louco, deixou a porta destrancada e saiu correndo.
Ele disse para si mesmo: “Chu, não vá não. Eu vou te encontrar, espere só um momento, só um momento”.
Meu coração deu um salto.
Aquele vento continuou por muito tempo, folheando os livros e diários sobre a mesa, página por página, como se o tempo estivesse passando por ali. Aquele vento passava pelas folhas, levando algumas para passear ou apenas deixando outras com ondulação estremecedora e nada mais.
A rajada de vento foi para o céu.
Xie Chenmin parou abruptamente no último degrau da escada.
Ele não conseguiu alcançá-lo. Eu o vi parado por um tempo, chamando “Chu”.
Ele disse suavemente e um pouco ofendido: “Espere por mim só um momento. Você não pode esperar?”
Eu não sabia o que bloqueava minha visão – lágrimas ou a meia sombra de alguém que não viveu até a metade de sua vida.
A última imagem clara que eu tinha era dele andando no meio da estrada.
As ofuscantes luzes vermelhas na calçada e as sirenes buzinando.
***
Lembro-me daquele dia em que ele disse: “Chu, marquei o casamento para seu aniversário”.
Eu estava trabalhando e meus dedos pararam no teclado por um momento.
Eu disse: “Tudo bem”.
Ele parecia tonto, como uma criança ansiosa para viajar. Não conseguia esconder essa surpresa, então me contou o segredo que guardou por um tempo.
Ele disse: “Eu formatei um programa”.
Achei que tinha ouvido errado: “O que você fez?”
Ele disse: “Não contratei um mestre de cerimônias. Apenas espere que no dia vai ser o computador que vai falar em voz alta”.
Tenho vontade de rir quando penso na cena em que a Voz do Google perguntaria ‘Você aceita?’
Eu ri e disse: “Você está louco?”
O computador sempre o irritou, tanto que era seu rival amoroso.
Eu disse: “Se houver uma próxima vida, escolherei seu rival”.
Ele disse: “Homem sem coração”.
Cada parte da nossa vida cotidiana comum é feita de facilidades, felicidades, barulhos diários, risos, piadas não intencionais e certo humor em qualquer hora. Ninguém se preocuparia com o que havia de errado nos quadros da rotina diária ou no significado específico de qualquer parágrafo.
Nunca pensei que a frase ‘se houver uma próxima vida’ fosse a última frase que eu dissesse a ele antes de minha morte.
***
O médico parecia pensar que eu tinha chance de ser resgatado, mas o motorista que causou o acidente me feriu deliberadamente duas vezes.
Porque a quantia que ele pagaria com o fato de eu morrer de uma vez era menor do que os possíveis custos de acompanhamentos caso tivesse ficado gravemente ferido.
Eu também não entendia essas coisas, mas parecia ser o caso. Foi algo que ouvi quando minha alma ainda estava um pouco dolorosamente conectada ao meu corpo físico.
Não sabia quanto tempo se passou antes que meus nervos auditivos morressem.
Até que parti.
***
Eu não esperava que nos encontrássemos novamente dessa forma.
A luz fria da sala de cirurgia se projetava sobre sua carne inconsciente. Ao lado dele estavam médicos inexpressivos, que tentavam desesperadamente salvá-lo.
Do lado de fora da porta estavam sua mãe, seus amigos e o jovem motorista que estava em pânico.
Com muito esforço, o médico disse: “Vamos fazer o possível”, e fechou a porta.
A luz lá dentro já estava acessa sabe-se lá quanto tempo.
Enquanto ele estava na frente da cama de operação e lentamente abriu os olhos, os médicos começaram a ressuscitar seu pulso fraco.
Nós dois nos olhamos.
Olhou para mim por um longo tempo, até que as lágrimas encheram seus olhos e estremeceu: ‘Chu?’.
Eu disse: ‘Seu idiota’.
Atrás dele, o médico suava e disse: “Diga à família para se preparar, seus sinais vitais estão fracos e que podemos…”
Ele me disse: ‘Eu sei, você sempre esteve lá por mim, certo?’
Com lágrimas no rosto, puxei-o pelo pescoço e disse: ‘Seu bastardo! O que diabos você fez? Coloque sua bunda de volta em seu corpo e permaneça lá!’
Quando o vi olhando para o carro que se aproximava, não havia surpresa em meus olhos.
Não sou estúpido o suficiente para não ver que ele fez isso de propósito.
Mas eu nem esperava que ele fosse tão estúpido a ponto de atentar contra sua própria vida.