My Home is not a Magical Creature Farm - Capítulo 30 - Seu plano
“Estava tudo em seu plano!”
“Quer dizer que foi deliberadamente ferido e levou você a usar um feitiço para colocá-lo para fora do jogo?”, Kyfayar perguntou.
“Isso mesmo”, o mago virou a cabeça: “Ele pensa que a chama viciosa de ódio há muito se extinguiu, mas não esperava que a chama ainda permanece em brasas, aparentemente mortas, mas que são inflamadas uma vez que o vento sopra. Ele queria enterrar o passado para sempre”
“Como você sabe? Se foi feito de propósito, como isso foi revelado?”
“Porque a verdade não é uma fraqueza para ele, mas uma arma. Já tinha planejado me atacar com esta arma. Não, talvez o contrário, seja minha fraqueza. Cavaldien já conhecia minha personalidade e sabia da forma que reagiria ao me dizer a verdade”
“Ele mesmo te disse isso?”
“Bem”, Augusto baixou o olhar: “Um ano depois da competição, um dos grandes feiticeiros da época morreu, e Cavaldien e eu éramos candidatos para substituí-lo em seu cargo. Os candidatos deveriam passar por testes definidos pelo Arquimago. Pensei que seria mais uma disputa entre nós dois, só não esperava que ele viesse a mim em particular para dizer”
A cena e a voz reapareceram em sua mente. Pensou ele que era um valioso e próximo amigo, mas foi justamente seu melhor amigo quem o traiu.
‘Eu fui ferido de propósito e sabia que usaria um feitiço ilegal para me salvar, porque você é esse tipo de pessoa: arrogante, abusivo. Eu sou o oposto de gente como você. Se tiver que usá-lo para alcançar meu objetivo, então eu o farei sem hesitação. Tinha que vencer a competição, quero provar a todos que, embora venha de uma família simples e comum, não perco para nenhum de família nobre. Claro, poderia ter escolhido lutar contra você, mas não tinha essa confiança para vencê-lo. Além do mais, não posso suportar as consequências de perder para você em um duelo. Neste caso, todos diriam: esse Cavaldien é realmente capaz, mas não está no mesmo nível de Augusto Hollich. Não, eu não podia correr esse risco! Quando se quer a vitória total, tem que se livrar dos obstáculos. Então, deliberadamente me machuquei para que você saísse do jogo. Paguei um preço, mas valeu a pena!’
“Como poderia ficar calmo quando ouvi isso? Mas ele é calculista e manipulador, até previu minha mente e minhas ações. Fiquei tão impressionado com suas palavras, estava naturalmente fora de ordem para o teste do dia seguinte e falhei. Então, Cavaldien foi o vencedor novamente”
Kyfayar disse: “Por que você não diz a verdade? Por que não o expõe?”
“Você acha que não tentei?”, Augusto gritou descontroladamente: “Disse isso a vários amigos, mas nenhum deles acreditou! Até fui ao grande mago e disse tudo. Pedi a ele que me desse outra chance de testar minha verdadeira força. Mas ele me varreu para fora e me ridicularizou dizendo que eu não aguentava perder para Calvadien. Disse que eu inventava boatos e calúnias!”
Ainda se lembrava disso claramente. Foi expulso da casa do grande mago e caminhou na chuva fria, só que seu coração estava ainda mais frio do que a água que caía. Olhou para as folhas caídas e o lago ondulando na chuva. Por um momento, até duvidou se havia imaginado tudo. Seu cérebro não estava disposto a perder, então havia fabricado automaticamente uma falsa verdade para confortar-se? Qual era a diferença entre ele e um louco? Não, ele não é louco. Não é o tipo de pessoa que vive de ilusões. Cavaldien realmente o traiu duas vezes e tirou o que deveria ter sido dele! Pelo menos é algo que tem o direito de lutar.
Ele olhou para o lago cinza e se lembrou do dia da corrida a remo. Quase se afogou. Foi aquele amigo quem o salvou e cuidou dele. Isso também foi falso? Ele estava na chuva gelada. Se adoecesse novamente, Cavaldien viria cuidar dele? Não, definitivamente não. Mesmo que estivesse acamado, aquele homem não viria para dar um olhar de ajuda. Pode ser que desde a faculdade, Cavaldien tivesse planejando ganhar sua confiança e depois usá-lo.
Augusto não era bom em lidar com pessoas, não tinha muitos amigos, então, a amizade de todos era preciosa para ele. Por que alguém que tinha sido seu melhor amigo o traiu? Por que não havia ninguém por perto para acreditar nele? Se mesmo Cavaldien podia agir assim, quantos outras pessoas realmente o tratavam com seriedade? Quantas daquelas ‘amizades’ eram falsas? Quando viu outros de seus outros ‘amigos’, haveria sempre uma voz de demônio sussurrando para ele ‘este aí pode ser o mesmo que Cavaldien, secretamente pensando em como usá-lo, olhe só seu sorriso falso’.
“Estava profundamente decepcionado com tudo ao meu redor, então deixei a metrópole, corri de volta para minha cidade natal sem falar nada, me tranquei nessa velha casa e nunca mais vi ninguém. Não me importei com o que aconteceu com o mundo exterior e não queria que o mundo exterior se importasse comigo. Por alguns anos, não saí da minha casa. Só mais tarde, a situação melhorou ligeiramente”
Claro, ainda hoje Augusto não estava disposto a sair, como se todos os forasteiros fossem górgonas e seus olhares fossem matá-lo.
(*górgona: mulher horrenda, perversa, repulsiva, por alusão às três fúrias mitológicas Esteno, Euríale e Medusa, que eram irmãs, tinham serpentes no lugar de cabelos e transformavam em pedra todos aqueles que as encaravam)
As mãos de Kyfayar em seus joelhos cerraram-se involuntariamente: “Ainda é amigo de Lorde Cavaldien?”
Augusto fez um som ambíguo; “Heh… então fizemos as pazes”
“Você o perdoou?”
“Reconciliação não significa perdão. É apenas… algum tipo de acordo foi alcançado. Estava nesta casa há anos e um dia ele veio até mim. Eu usava minha melhor magia espacial para tecer um selo ao redor da casa. Qualquer pessoa não convidada perderia o rumo e retornaria ao local original de partida. Mas Cavaldien quebrou indelicadamente minha magia, entrou em minha casa e exigiu um duelo”
“Por que uma luta?”
“Ele se desculpou comigo, dizendo que lamentava profundamente o que tinha feito e que não deveria ter pisado em nossa amizade – embora ele fizesse o mesmo se tivesse outra chance. Jurou que tentaria seu melhor para compensar isso no futuro, mas antes de tudo, iria cumprir seu desejo que competir comigo. Eu concordei sem hesitar. Agora que penso nisso, eu era tão ridículo em pensar que tinha que derrotar Cavaldien para provar meu valor. Não me tornaria a mesma pessoa que eu mais odiava na terra?”
“Pegamos um grupo de pessoas como testemunhas e corremos para a ilha onde o desafio seria realizado. Como resultado”, meio desapontado e meio resignado, ele suspirou: “Eu perdi. Ao longo dos anos, Cavaldien tinha aprendido muitos feitiços raros do grande mago, enquanto eu passava meu tempo em uma casa destruída. No passado, éramos iguais. Agora a lacuna entre nós é algo intransponível. Mas o duelo me acalmou e não podia me dar o luxo de desperdiçá-lo. Comecei a estudar e fazer pesquisas novamente, os selos de minha casa foram removidos e meus amigos podiam vir me visitar a qualquer momento, embora não houvesse muitas pessoas”
“Fiz um acordo com Cavaldien. Ainda não posso deixar meu ressentimento e perdoá-lo, mas podemos nos sentar e conversar como pessoas comuns e não jogar bolas de fogo um no outro quando não concordarmos em algo. Ocasionalmente me lembro dos dias antigos, de quando éramos amigos e posso dizer que foi uma época boa. Provavelmente as pessoas são assim, não importa o quão profunda seja a dor, uma vez que a ferida é curada, vão se esquecer aos poucos”
“Ainda acha que o odeia?”
Augusto olhou Kyfayar com olhos estranhos: “É claro que eu o odeio. Ele é aquele que me fez parecer um fantasma! Claro que sei que é anormal ficar em casa o dia todo! Também quero mudar, mas sempre que eu…”
De repente, ficou mudo e virou-se na direção oposta, levantando a mão para bloquear seus olhos, como se não quisesse ser visto. Kyfayar levou um tempo para perceber lágrimas em seus dedos.
“Sempre que tento sair, não posso deixar de sentir medo. Não posso deixar de pensar ‘e se essa chamada reconciliação também não foi articulada por Cavaldien?’. No final, não consigo ver os verdadeiros sentimentos dos outros. É possível saber quanto pessoas usam máscaras de hipocrisia e são traiçoeiras em seu coração? Como posso confiar nos outros e em quem? Até mesmo o meu melhor amigo da minha vida foi capaz de me trair. Isso constantemente tortura meu coração e o resultado é me manter seguro em minha concha protetora para sempre, assim não serei ferido novamente. Será que eu sou anormal? Só o que quero é ficar em uma casa velha toda a minha vida até ficar mofado… não consigo me convencer…”
Uma mão agarrou seu pulso, revelando seus olhos inchados. Em pânico, Augusto tentou cobrir o rosto com a outra mão, mas o outro pulso também foi capturado por Kyfayar.
“Você ainda me tem, Lorde Augusto”, disse o jovem lobisomem: “Não vou traí-lo. Eu sou estúpido, não consigo planejar isso ou aquilo. Nunca vou usar ou pisar em suas boas intenções. Você e eu. Acredite em mim”
O outro tentou se libertar, mas falhou. Não podia dizer que era porque ainda estava doente. Mesmo quando estava saudável, não era páreo para o lobisomem.
“Um dia você vai me deixar”
“Como você pode pensar isso? Sempre estarei com você”
Augusto lutou novamente e falhou novamente. Simplesmente desistiu da resistência.
“Ainda é jovem, um dia descobrirá que o mundo é vasto e promissor. Quando sair desta casa e ver as possibilidades infinitas do mundo, nunca mais vai querer voltar! Então vai me deixar sem olhar para trás. Se eu acreditar em você agora, tenho que arriscar perder essa confiança no futuro e a única coisa que aprendi com esse episódio de Cavaldien foi nunca correr riscos quando não tiver certeza”
“Está errado, isso não é verdade. Eu não vou te deixar. Por favor, acredite em mim. Não vamos nos importar com o mundo exterior. Eu só quero você”
“Existem muitas coisas no mundo que são mais maravilhosas e interessantes do que um mago chato. Você pode garantir que não vai? Não pode prever o futuro. E se você conhecer outra pessoa? E se quiser sair?”
“Não. Se eu encontrar algo muito interessante, vou levá-lo para ver. Se uma coisa for maravilhosa e interessante, estou disposto a compartilhar com você. Tenho certeza de que vai gostar. Vou te levar para o vasto mundo, não quero conhecer nada sozinho!”