My Home is not a Magical Creature Farm - Capítulo 41 - Visitantes
Kyfayar, enfiado em uma colcha e com um saco de gelo na testa, olhou tristemente para Quentina e Augusto ao seu lado, na cama.
“Oh, Kyfayar! Pobre coisinha! Olhe para você!”, Quentina, uma mãe de amor, descascava para o jovem como uma laranja.
Ele cheirou-a cuidadosamente e virou sua cabeça para mostrar que não queria comê-la. Então, a vampira colocou toda a laranja na boca de Augusto.
Quatro dias atrás o mago capturou com sucesso Herbert Gunther, mas Kyfayar foi atingido pelo ladrão que ‘caiu do céu’. Além disso, ele tinha bebido a poção de Augusto (qualidade suspeita). Como resultado, foi internado no hospital por dois dias e só voltou para casa ontem. Agora estava meio morto na cama.
“Se você é um criado, não deve ser servido pela governanta. O que há com essa hierarquia?”, Augusto repreendeu, mascando a laranja. A fruta estava bem azeda. Não admira que Kyfayar não quisesse.
“É tudo culpa sua!”, Quentina ajudou o jovem lobisomem: “Por que tinha que acertá-lo?”
“Eu não quis isso! Nem sabia onde o vórtice iria aparecer!”
“Bem, deve ter sido intencional esmagá-lo de forma imparcial…”
“Não! Eu não…”, o mago queria argumentar com mais algumas palavras quando a campainha tocou: “Cuide bem de Kyfayar, eu abro a porta”, disse ele para a sugadora de sangue.
Ele se afastou do quarto. Assim que saiu, o jovem lobisomem agarrou Quentina e perguntou misteriosamente: “Senhorita Quentina, acha que o Lorde Augusto realmente me acertou de propósito?”
“Bem, eu acho. Provavelmente…”
Ele estava prestes a chorar: “…snif-snif… ele deve me odiar… snif-snif…”
“Não fique triste”, a vampira o confortou: “Vou te ensinar um jeito de testar se Lorde Augusto odeia você. Venha, mova seus ouvidos”
Por outo lado, no momento em que abriu a porta, Augusto pensou que estava sonhando. Então, fechou a porta, ficou lá esperando por um momento, até que a campainha tocou novamente, então abriu a porta – a cena ainda era a mesma: não parecia estar sonhando.
“Por que fechou a porta? Que grosseria! Os jovens de hoje são tão inferiores!”
Augusto semicerrou os olhos para seus convidados: “Qualquer um que abre a porta e vê um gato em pé no ombro de um esqueleto fechará a porta horrorizado”
O Sr. Leopold tocou seu crânio: “Sim”
O Grande Mestre de Mowanya agachou-se em seu ombro: “Miau”
“Eu não esperava vocês dois. Por favor, entrem”. Augusto estava com um humor confuso.
“Ouvi dizer que Kyfayar está ferido, então vim visita-lo. No caminho, encontrei o Grande Mestre”, Leopold disse. O mago percebeu que ele carregava uma cesta de frutas na mão esquerda: “Uma cesta de frutas é um presente”.
Tinha também um bolo na mão direita. O Grande Mestre disse: “O lobisomem em sua família deve estar tão miserável que pedi a Antosa para fazer um bolo”
Augusto achava que deveria haver uma relação lógica entre as duas pessoas e os convidou de qualquer maneira: “Vocês se conhecem?”
“Nós nos conhecemos no Desfile Zumbi”, Leopold disse com entusiasmo: “O Grande Mestre sabe muito sobre cultura zumbi. Seu antigo mestre era um necromante e ele é um parente distante da minha família que foi separado por nove gerações. Que coincidência!”
Que super proximidade.
O mago os conduziu ao quarto de Kyfayar. O jovem Lobisomem não esperava que alguém viesse vê-lo. Ficou comovido que nem conseguia falar direito. Quase explodiu em lágrimas e soluços.
“Snif-snif… vocês vieram me visitar… eu… eu estou tão feliz… snif-snif…”. Kyfayar fungou.
Como um bardo medieval, o Sr. Leopold exclamou: “Você é tão corajoso. Levantou-se para lutar contra um ladrão do mal, protegeu seu mestre e foi bravamente ferido. É realmente um exemplo para os jovens de hoje”
(*bardo: poeta heroico ou lírico entre os celtas e gálios; poeta que declamava poemas épicos ao som da lira ou harpa)
Espere: ‘ferido’ sim, era real, mas o que há com essa parte de ‘proteção’? Augusto olhou com horror para Leopold, que tinha um fluxo interminável de palavras a dizer. Quem se apresentou e lutou contra o ladrão maligno? Como ele me protegeu? Ainda ‘bravamente ferido’? Sr. Leopold, o que você viu?
Estava prestes a esclarecer os fatos quando o unicórnio gritou de lá de fora: “Aaaaaaaaahhhhhh!!!!! Não venha aqui! Seu mal degenerado pesadelo! Deixe-me em paz! Fique longe de mim! Vou chamar a polícia!”
O mago sentiu uma dor de cabeça terrível: “Deve ser Cavaldien”, esse cara era um verdadeiro idiota: “Quentina, cuide de Kyfayar. Vou descer”
Deixou os dois convidados e desceu. Os gritos do unicórnio estavam ficando cada vez mais altos. Da próxima vez, deve arranjar-lhe trabalho de dublagem para algum filme de terror. Ele era absolutamente competente e adequado. Talvez iria até mesmo ganhar algum prêmio.
Augusto abriu a porta. Cavaldien, vestido como de costume, estava do lado de fora em alto astral. Ao lado dele, Detentor do Fogo segurando um monte de flores e bocejando de tédio.
“O que você está fazendo aqui?”, Augusto perguntou indelicadamente.
“Que tom é esse? Não entretém velhos amigos quando vêm te visitar?”
“Não me lembro de tê-lo convidado”
“Se todo mundo tiver que esperar pelo seu convite…”
Cavaldien entrou primeiro: “Estamos aqui para ver o paciente. Ouvi dizer que seu servo lobisomem foi ferido bravamente para protegê-lo de um ladrão, então vim para expressar minha simpatia – Detentor do Fogo?”
O dragão negro enfiou o buquê no rosto de Augusto: “Pegue! Não entendo porque vocês humanos gostam dos órgãos reprodutivos das plantas. Enviariam órgãos reprodutivos humanos como presentes?”
Não apenas enviarão, como considerarão como uma forma de adoração aos deuses! Augusto pensou estupidamente.
“Nossa… você tem tanta simpatia”, disse ele com ironia: “E ainda trouxe uma coisa tão espalhafatosa! Não tenho um vaso e casa”
“Eu adivinhei isso, meu amigo”. O feiticeiro estendeu a mão por trás dele e de algum lugar produziu um vaso: “Então, trouxe isso. Ninguém no mundo conhece você melhor do que eu, certo?”. Pegou o buquê de Augusto, colocou-o no vaso e entregou-o ao amigo com as flores dentro.
Augusto olhou para ele com frieza. Lá fora, o unicórnio estava como um cachorro rosnando pela casa: “Aaaaaaaahhhhhhhh! Ajuda! Vá embora, pesadelo malvado! Não permito no meu estábulo! Fique longe de mim! Aaaaaaaaaahhhhhhhhh!”
Eram muitos gritos. Atrás dele, o pesadelo caminhava lentamente pela grama, se interessou por uma flor silvestre, como se quisesse comê-la. O rosto de Cavaldien estava calmo e ele bateu a porta para abafar o barulho do unicórnio.
“Você não parece que vai me entreter, então?”
Augusto pensou que ele diria a seguir ‘então estou indo embora’, mas Cavaldien teve a coragem de atravessar a sala.
“Então, eu mesmo vou cuidar de mim”.
Detentor do Fogo seguiu atrás. O mago segurava o vaso enquanto os seguia.
“Não esperava que Herbert Gunther fosse um ladrão. Devo dizer, de fato, que não achava realmente que existisse um ladrão. Só pensei que você estivesse nervoso e paranoico”, disse o feiticeiro alegremente: “Mas agora que foi levado à justiça, todo mundo está feliz. É considerado culpado por tentar roubar suas notas de pesquisa em sua casa. Só que, essas notas devem ser usadas como provas em tribunal, não podendo ser devolvidas por enquanto. Você não pode tê-las até que o julgamento de Herbert termine.
“Oh, não importa. Eu me lembro de tudo de qualquer maneira”
“Aliás, Lilianna descobriu e correu para o centro de detenção e fez um show. O homem teve a coragem de usá-la. Tsk-tsk. Você nem imagina aquela cena. Foi realmente…”, ele balançou a cabeça.
O dragão também balançou a cabeça: “Extremamente miserável”
Parece que Lilianna realmente ‘educou’ Herbert.
Cavaldien e o Detentor subiram as escadas. Augusto estava curioso em como eles descobririam qual era o quarto de Kyfayar. Mas o feiticeiro tinha seus meios.
“Kyfayar! Onde você está?”
“Não!”, um grito veio atrás da porta: “Este é Lorde Cavaldien? Deus, ele está aqui! Devo fingir um desmaio? Isso é terrível, Srta. Quentina!”
O feiticeiro abriu a porta com um rangido e entrou. O jovem lobisomem cobriu a cabeça com o cobertor e se enrolou como uma bola. Toda a colcha e até mesmo a cama estavam tremendo. Quentina e Leopold imediatamente recuaram para a parede, movendo-se tão rápido quando um filme que tinha sido acelerado. O Grande Mestre saltou diretamente para cima do armário e olhou para baixo.
“Olá, Kyfayar, muito tempo sem vê-lo. Parece que está indo bem em seu trabalho. Foi uma decisão correta apresentá-lo a Augusto, sim? Por que está tremendo? É por causa das sequelas neurológicas da contusão?”. Cavaldien abriu a colcha.
Kyfayar cobriu a cabeça e gritou: “Ah! Socorro! Lorde Cavaldien está aqui!”
“Você grita como um tornado!” disse o feiticeiro. Então, notou as orelhas de lobo e cauda peluda dele: “Nossa, que interessante! Augusto, não esperava que tivesse interesses tão especiais. Parece até bom”. Ele roçou as orelhas do jovem: “São orelhas de verdade, não são falsas. Como você fez isso?”
“… Foi um acidente experimental…”, o mago disse secamente: “Certamente algo errado com a formulação da poção. Não sei como aconteceu”
“Não me admira que o ladrão roubou suas anotações. É uma invenção promissora. Puxa! não acredito que Herbert curta isso…”
“Bobagem! Não tem nada a ver! E o que ‘curtir isso’ quer dizer? Eu não deixei Kyfayar assim porque eu quis—pare de puxar as orelhas dele!”, Augusto agarrou as mãos de Cavaldien.
Detentor do Fogo olhou para seu amante com humildade: “Você… você curte isso aí? Então eu posso também mudar para ter orelhinhas e rabo de dragão…”
“Não, é desconcertante”, o feiticeiro recusou decididamente.
“Por que? Não gosta de orelhas e caudas de animais?”
“Humanos gostam de coisas peludas. Você tem pelos no rabo?”
“Penugem não é nada resistente, não é como minhas escamas. Combina beleza e defesa—”
A porta abriu com um estrondo.
O unicórnio entrou apressado: “Augusto! Augusto! Livre-se daquele pesadelo! Ah, aquela desavergonhada criatura ousa comer grama em nosso quintal! Porra!”. olhou ao redor e se escondeu atrás do mago: “Oh, meu Deus! Está em casa! Está subindo as escadas! Está vindo para cá! Aaaaahhhh! Pare! Pare! Vai poluir a casa! Aaaaahhhh!
Embora esta casa já estivesse muito cheia, era melhor do que ser tocado por aquele pesadelo. O unicórnio estava com tantas náuseas que Augusto estava preocupado que ele fosse vomitar no chão.
Ouviu-se um barulho de cascos de cavalo e o pesadelo veio pela porta: “Cavaldien, aquele unicórnio não me deixa comer a grama deles”
“Então, coma um pouco de aveia, meu querido”
Augusto espalmou a testa e deslizou a mão pelo rosto. Por que tudo isso está acontecendo? Um pequeno quarto embalado com nove criaturas, a grande maioria das quais não eram seres humanos: um lobisomem acamado, uma vampira materna, um dragão inteligente, um esqueleto animado, um gato falante, um unicórnio à beira da loucura e um pesadelo levando o unicórnio à loucura. Os dois restantes… Cavaldien dificilmente poderia ser chamado de ser humano, restando apenas Augusto, como ser humano no sentido estrito.
Por que de tudo isso? Esta é sua casa, Mestre Augusto Hollich, não uma fazenda de criaturas mágicas! O porque então de tantas criaturas estranhas?
Este grupo de criaturas ignorou completamente a existência do proprietário. Discutiam um com o outro. Não vieram visitar o doente, mas vieram fazer um piquenique, até mesmo começaram a compartilhar o bolo e as frutas. Quando o bolo e as frutas acabaram, elas levantaram e saíram da casa uma a uma. Augusto conseguiu enviá-las para fora e colocar o unicórnio no estábulo, na esperança de que eles nunca mais voltassem.
Quentina finalmente arrumou o quarto depois da festa e foi embora. Augusto mudou o vaso com as flores de Cavaldien para a cabeceira de Kyfayar. Era o único presente restante.
O jovem lobisomem estava deitado na cama. Augusto achou que estivesse cansado, afinal, havia sido assediado por aquele bando por muito tempo. Até pessoas saudáveis não suportariam suas jogadas. O mago correu com os dedos através dos cabelos de Kyfayar e tocou a testa do jovem.
“Você está bem? Sente-se mal?”
As orelhas de lobo balançaram para cima e para baixo: “Sim, um pouco…”
“Foi Cavaldien! Se ao menos não tivesse vindo…”
Kyfayar olhou para ele com expectativa: “Meu Senhor?”
“Hmm?”
“Se você me beijar, não vou me sentir mal”
O rosto de Augusto ficou vermelho: “Você não tem jeito mesmo”, mas ele se abaixou e bicou os lábios de Kyfayar de qualquer maneira.
“Satisfeito?”, perguntou com raiva.
Kyfayar lambeu os lábios e passou os braços em volta do pescoço de Augusto na velocidade da luz. O homem perdeu o equilíbrio e caiu dos braços do jovem lobisomem.
“Meu Senhor”, Kyfayar esfregou a bochecha contra Augusto: “Se você fizer algo a mais comigo, prometo que vou ficar bom no mesmo instante”