Telling a ghost stories at my ex-boyfrend's wedding - Capítulo 12 - Especialista
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Dessa forma, com o entusiasmo de todos no submundo, passei um ano intensamente assistindo aos porcos.
Masculino, feminino, gordos, magros, coloridos, manchados. Eu tinha mais do que o necessário para ganhar experiência.
Então eu me tornei… um especialista em criação de animais do submundo. Do tipo que tem até certificado.
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Em resposta, o submundo arranjou um trabalho simples para mim. Era um trabalho duro: criação de porcos.
Dava-me uma bela de uma dor de cabeça, de fato.
Olhei para o Velho Li, que era querido pelos mais jovens. Sua figura curvada inclinava-se sobre uma bengala, mas não esquecia de prestar atenção aos carregamentos de porcos que me deixavam muito ocupado.
Então minha ‘vida’ era basicamente aquilo: cuidar de porcos, esperar por alguém e, incongruentemente, conversar com o Velho Li, com temas que variavam em saltos de 3000 quilômetros (devido ao fato do Velho não escutar nada).
(*incongruente: que contém ou apresenta contradições; sem lógica, desconexo, sem sentido)
… Também não sabia sobre o tempo de vida útil de Su Yu – aquele ‘coiso’. Estava com receio de que quando o momento chegasse, porcos de todo o mundo já tivessem ouvido sobre mim.
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Su Yu esteve no mundo humano por mais dez anos antes de entrar em colapso no trabalho. Partiu no auge de sua vida, que era também o momento de ouro no desenvolvimento de sua carreira. Incontáveis pessoas lamentaram o fato de que aquele talento, que havia sido uma lenda nos últimos dez anos, havia se exaurido até a morte em virtude do excesso de trabalho.
Mas ninguém soube que quando ele morreu havia um sorriso em seu rosto.
(*exaurido: que está sem forças, físicas ou psicológicas)
Havia retornado ao trabalho nos primeiros anos seguintes (de todo aquele ocorrido), mas antes aproveitou um tempo viajando ao redor do mundo, aprendendo instrumentos musicais e lendo vários livros. Ninguém soube que os lugares que visitara, os livros que lera e os novos hábitos que adquirira eram todos desejos de uma pessoa muito importante que havia passado por sua vida.
Ele queria viver seus momentos como se essa pessoa ainda estivesse ao seu lado. Justamente como aquela pessoa não era tão ambiciosa em sua vida, seus grandes desejos eram tão grandes quanto uma unha e todos foram alcançados muito rapidamente.
Então, Su Yu voltou a trabalhar, fez suas próprias coisas, tomou conta de suas próprias responsabilidades e considerou a si próprio como uma pessoa realizada.
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O caminho para o submundo era longo e tortuoso, extenso o bastante para ele refletir sobre sua vida e sobre a pessoa que havia sentido falta dia e noite.
Seu amado já deveria ter reencarnado depois de todos esses anos. Deve até mesmo ser uma criança agora, correndo por ai em todos os lugares.
Teria ele levado o anel consigo quando reencarnou? Qual será o lugar para onde foi? Como será que é sua próxima vida? Será que ele… se lembra de quem eu sou?
Su Yu pensou que sua mente estava agora um pouco fora do controle. Tudo seria completamente esquecido depois da Sopa de Meng Po, não importa o quão intenso tenha sido o amor ou o ódio.
Antes de reencarnar, uma alma é despida de quaisquer emoções.
Como poderia se lembrar de sua vida passada? Deve estar crescendo como um pequeno e danado que, como um macaco, vive pelas árvores cutucando ovos de pássaros e correndo por rios para pescar agora mesmo. Todos os dias deve pensar em como escapar de ir à escola. Inafetado e inocente. Com anel ou sem anel, mesmo que tenha sido casado em uma vida passada, nenhuma dessas coisa vai afetá-lo agora.
Su Yu ficou depressivo e magoado repentinamente. Em todo caso, esse era o objetivo pelo qual ele havia trabalhado tanto no mundo humano. Mas, assim que o momento chegou, a perspectiva de que havia se enganado estava sendo escancarada, revelando um lado vazio por trás de tudo.
Aquele cara havia prometido reencarnar bem. As bordas da Ponte Naihe estavam vazias, ninguém esperava por ele.
Su Yu não sabia o que fazer.
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A nova alma passou pelo Saguão do Juiz onde eram discutidos méritos e deméritos; caminhou ao longo da Nascente Amarela e entrou no submundo. Seus passos abruptamente pararam assim que o fantasma mensageiro estava prestes a guiá-lo para uma nova direção. Seu corpo todo ficou rígido enquanto ele olhava para um ponto específico.
O mensageiro seguiu seu olhar e comentou: “Oh, aquele é o lugar para fantasmas ficarem no submundo. Alguns deles se recusam a reencarnar e outros tem que esperar muito tempo. Todos são muito presentes e muito vívidos, assim como quando eram vivos na terra. Se seu tempo para reencarar for relativamente longo, você pode…”
Su Yu caminhou sem dizer nenhuma palavra.
O fantasma mensageiro piscou seus olhos e pensou consigo mesmo: Baseando-me em sua expressão, ele deve ter visto algum conhecido, certo?
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Era quase o momento para celebrações de um festival e o matadouro estava repleto de atividades. Muitos dos fantasmas ociosos estavam de bom humor.
Porcos eram trazidos ao submundo todas as horas do dia e da noite e todos os dias me chamavam alegremente para a famosa conferência de avaliação de porcos.
No começo:
Fantasma A: “Hey, hey, hey, que porco! Fofinho, redondido e com a pele brilhante, é um porco da sua família?”
Eu: “… aquele em minha família é um humano”.
Fantasma B: “Esse daqui também é muito bom! Carne escura e aparentemente deliciosa. Não é o seu?”
Eu: “… aquele em minha família é um humano”.
Fantasma C: “Este pequeno porquinho sugador é adorável! Não é o pequeno porco da sua família?”
Eu: “… aquele em minha família é um humano e ele não é pequeno”.
Depois:
Fantasma D: “Olhe esse daqui! Olhe esse daqui! É tão fofinho e bonitinho. Não é o porco da sua família?”
Eu: “Besteira. E muito pior do que aquele na minha casa!”
Fantasma E: “E esse daqui? Gordo e aveludado, deve ter tido uma ótima mão para agarrar toda comida quando era vivo. Não se compara com aquele da sua família?”
Eu: “Tsk. Não é bom o bastante para um laço, ok?”
Fantasma F: “Hey, hey, hey! Olhe aquele: é bem vistoso. É uma pequena e bonita porca manchada”.
Fantasma G: “Não diga essas merdas! Aquele da família dele é masculino”.
Fantasma F: “Qual é o problema? Ela e o cara da família dele podem ter sido um casal! Não acha, especialista, que estes aqui são apropriados para sua família?”
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Essa foi basicamente a pergunta que Su Yu ouviu quando entrou.
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O cenário naquele momento estava assim: a água da Nascente Amarela estava fluindo devagar, o time de carregadores de porcos estavam trazendo um por um, os grunhidos e bufadas ressoavam por todo o submundo.
Deste lado da margem, um grupo de fantasma estava conversando entre si; um deles estava sentado sobre as pernas cruzadas, com um caule de erva daninha em sua boca. Os fantasmas ao redor dele falavam um por um e ele os respondia alegremente.
Fantasma: “Especialista, você não acha que essa daqui pode ser adequado para sua família?”
A alma sentada sobre as pernas cruzadas, no meio de todos, balançou sua mão e exclamou: “Boa combinação!”
Su Yu levantou sua cabeça e olhou na direção para onde indicavam. A pequena porca manchada simplesmente olhou para Su Yu e bufou.
Su Yu: “…”
Seu rosto ficou verde em um instante.
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O fantasma falava incessantemente. Sua pequena boca disparava, fazendo com que as pessoas quisessem costurá-la: “Da minha perspectiva profissional como avaliador de porcos por todos esses anos, essa pequena porca manchada é de fato muito boa. Tem a pele brilhante, uma figura reconchuda e parece que tem sido bem comportada. E realmente um pódio. Muito embora não seja tão boa quanto aquele em minha família, é difícil de encontrar um que seja melhor no circuito dos porcos…”
Havia um homem idoso entre as almas. Seus olhos eram claros, o que não era muito comum. Ele se deu conta de que havia um homem parado em pé, diretamente atrás deles. Era alto e bonito, com uma expressão muito colorida em seu rosto; tinha seu olhar fixo no especialista em criação de porcos do submundo. Apesar de seu comportamento frio, seus olhos estavam em chamas e seus dedos tremiam levemente. Mais parecia que estava prestes a socar alguém.
Quando o Velho Li, aquele que era o mais conhecedor das gerações jovens, olhou para essa cena, um pensamento passou por sua cabeça. Perguntou, amigavelmente, àquele fantasma masculino: “… Hey, pequena criança, você também está procurando por um porco da sua família?”
Su Yu: “!!!”
Seu rosto ficou ainda mais verde.