Telling a ghost stories at my ex-boyfrend's wedding - Capítulo 6 - Encontro às cegas
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- Capítulo 6 - Encontro às cegas
76.
Toda essa situação me deixou com cara de idiota.
77.
Na manhã seguinte, a mãe de Su Yu ligou novamente. Ele atendeu ao telefone ainda deitado na cama. Eu não me preocupei em escutar o que estavam conversando.
A conversa durou cerca de uma hora e as duas partes, aparentemente, chegaram a um acordo. Quando vi Su Yu novamente, ele havia se trocado e estava pronto para sair. Não estava vestido formalmente, mas sua camisa o deixava bonito o bastante para chamar a atenção para onde quer que fosse. Como aquelas pessoas na internet: homem alto, de pernas longas, muito sedutor.
Estava debatendo dentro mim entre sair ou não do esqueleto para sair junto com ele, mas depois de pensar um pouco, me decidi contra isso.
Su Yu caminhou até a porta e colocou seus sapatos. Antes de abrir a porta, voltou-se e caminhou de volta. Andou até nossa foto, olhou para ela por um momento, passou seu dedo pela minha imagem e sussurrou: “Idiota…”
Eu: “…?”
78.
Su Yu saiu da casa. Eu não saberia dizer sobre as cabeças ou calda dessa situação. Nesse momento, o pequeno demônio apareceu com um olhar complicado e me disse: “Eu estava ouvindo aquela ligação”.
(*cabeças ou caldas: não saber nada sobre algo)
Daí, hesitou antes de continuar: “Ele foi… foi à um encontro às cegas”.
A contração em minhas mãos estava próxima de quebrar os ossos dos dedos de Xiaobai.
Mas que porra…? Repito: o que está acontecendo aqui?
79.
Perguntei ao pirralho se ele não estava equivocado.
Ele reiterou: “Estou certo de que é um encontro às cegas. Sua mãe arranjou tudo e o persuadiu por cerca de uma hora antes que ele concordasse em, pelo menos, dar uma olhada”.
Estava atordoado: “Mas ele não irá se casar?”
Pequeno Demônio: “Não tenho certeza. Ele pegou o par de alianças da mesa”.
Estava ainda mais perplexo: “Isso é um encontro às cegas com uma proposta engatilhada?”
O pirralho pensou por um longo tempo: “É possível”.
80.
… Su Yu é um louco maldito, um verdadeiro insano maldito, ou o mundo todo está fodidamente louco…
81.
Pulei do grande gancho e passeei pela sala, duvidando da vida.
O pirralho perguntou: “Porque está tão agitado? Em todo caso, você voltará ao submundo em breve. Não pode controlar com quem ele irá se casar”.
Pensei por um longo tempo, bati de leve no osso da minha coxa, convencido de que o que o meu amigo dizia fazia sentido.
Porque eu estava agitado? Eu deveria me aproveitar da ausência de Su Yu e aproveitar um pouco dessa vida com esse esqueleto!
Ser um fantasma e aproveitar o momento.
Desbloquear o computador, tocar rock’n roll usando o auto falante via Bluethooth, abrir uma cerveja gelada e dedões para cima!
82.
Dez minutos depois…
Alguém bateu na porta. Era uma irmãzinha do andar de cima com uma bela voz. Estando em pé diante da porta ela gritou: “Abaixe o volume! Houve uma morte aqui e você está botando rock’n roll? Homem imundo!
Apenas aconteceu de outro vizinho passar por ali e dizer confuso: “Eu vi esse rapaz saindo de casa, não deveria haver ninguém…”
A irmãzinha ficou espantada. Depois de um tempo, ela disse com uma voz trêmula: “Eu me lembro que o outro rapaz gostava de ouvir rock’n roll, certo?”
Congelei e a música também parou com um som de grunhido.
O vizinho encarou por um momento antes de se virar e fugir. As pernas da irmãzinha ficaram macias, sua expressão aterrorizada. Se virou e correu mais rápido que um coelho.
83.
…Sin…sin…
(*sin: palavra dita comumente por monges em filmes e drama para expressar confissão. É usada para mostrar seu arrependimento; em português seria algo como ‘foi mal’; aqui é uma palavra chinesa, nada a ver com ‘sin’, do inglês, ‘pecado’)
84.
Aiyo! Que chatice!
Abri o computador, selecionei um programa da TV e caí no sofá para assistir a um drama maçante.
Não podia focar no programa: minha mente corria com as imagens de Su Yu antes de deixar a casa. Eu me sentei de repente.
O pirralho virou e me encarou: “O que você está fazendo?”
Eu: “Por acaso escutou onde seria o tal encontro?”
85.
Dez minutos depois…
Um enrolado e endurecido esqueleto, caminhando pesadamente, saiu da casa, olhando em volta como um bandido com medo da polícia, vendo se a barra estava limpa e, lentamente, escorregou para fora.
Toda a parafernália incluía, mas não estava limitada, a um grande e largo chapéu, também uma peruca que eu havia preparado antes para Xiaobai, óculos escuros, uma máscara, roupas pesadas e um imenso lenço.
Seria um caso perdido se estivesse exposto o mínimo pedaço de osso.
Humph!
86.
O pequeno demônio voava ao meu lado, olhando para mim coberto em camadas, então olhou para o céu aberto, encarou meu grande chapéu e os óculos que cobriam parte do meu rosto e levantou o dedão, dizendo com uma cara constipada: “Cara, maravilhoso”.
87.
Não ousei em pegar muito dinheiro com medo de que Su Yu descobrisse. Peguei apenas alguns trocados e fui para o ponto de ônibus.
Nunca tinha chamado atenção desde que era uma criança. Uma pequena garota na fileira da frente choramingou de medo, ocasionalmente olhando de volta para mim e depois se virando rapidamente.
O pirralho sentou-se ao meu lado: “Acham que você é um criminoso procurado, daqueles mais hediondos”.
Eu o tirei de sua contemplação com um blefe: “Um criminoso procurado, desses hediondos, por acaso tomaria o ônibus e pagaria dois yuan?”
88.
Su Yu e a garota se encontrariam em uma cafeteria. Era apenas três paradas depois da casa. Quando desci do ônibus, reparei que havia um canteiro de flores do lado de fora da cafeteria.
A cara do pequeno demônio se contorceu e ele perguntou hesitante: “Está pensando em algum golpe baixo?”
Perguntei com uma voz mística: “E por acaso eu alguma vez deixei de ser discreto?”
Ele apontou seu dedo e virou minha cabeça – pelo menos metade das pessoas na rua estavam me encarando. Alguns até tinham retirado seus telefones e pareciam estar preparados para chamar a polícia a qualquer momento.
Eu: “!!!”
Desculpem-me por incomodá-los…
89.
Peguei o Pequeno Demônio e entrei no lugar onde havia poucas pessoas. Estava um pouco distante, mas eu conseguia ver Su Yu na parte dos fundos.
Sentava-se sob uma janela; seus dedos magros, semelhantes ao mais fino tipo de jade, seguravam uma xícara de café. À sua frente, estava uma garota com um comportamento generoso, que combinava perfeitamente com Su Yu.
O pirralho estava voando ao meu redor, muito animado, seus olhos brilhantes: “Isso pode ser considerado pegar um casal no pulo?”
… pegue sua mãe no pulo!
90.
Meu humor estava um pouquinho complicado e era difícil colocar tudo isso em palavras. Especialmente porque essa cena era muito familiar para mim.
Su Yu e eu estávamos acostumados a sair muito quando estávamos no Ensino Médio. Foi no momento em que eu havia descoberto que gostava de meninos na época. Para ser mais específico, eu gostava de Su Yu.
Não tinha certeza de gostava de Su Yu porque gostava de meninos ou se gostava de meninos por causa de Su Yu, que por outro lado, era admirado por incontáveis garotas desde a infância e era, indefinidamente, um rapaz heterossexual.
Su Yu sempre recusou seus presentes e como resultado, essas garotas não tinham outra escolha a não ser me procurar para chegar até ele. Claro, eu me sentia complicado e sem nenhum poder em mãos. Uma das meninas era quieta e gentil, atraente e com boas notas, falava macio e de forma generosa. Nela não havia falha alguma. Outro aspecto é que era completamente devotada a Su Yu. Ela veio falar comigo várias vezes. Segurei a onda por um tempo até que sucumbi.
Eu me senti como um bom e velho tio quando entreguei em mãos a Su Yu um presente dela. Sufoquei meu agonizante amor secreto, que era mais visível do que a luz do dia e o entreguei. Esse cara, em contrapartida, não pareceu gostar das minhas boas intenções.
Nem ao menos perguntou que garota era antes de me olhar friamente e perguntar: “Você quer que eu fique com ela?”
Fiquei sem muitos argumentos no momento em que respondi: “E você não quer?”
Sua voz continuava gelada: “Muito bem”.
Eu não tinha nenhuma ideia do que aquele “muito bem” queria dizer.
91.
Su Yu foi a uma casa de chá perto da escola para encontrar aquela garota. Não pude evitar de estar curioso então rastejei para dar uma olhadinha pelo canteiro de flores do lado de fora.
Ele vestia um uniforme escolar surrado. Outros pareceriam feios com largos e velhos uniformes, mas parecia muito bem ajustado a ele. Ele sempre pareceria muito bem com qualquer coisa que vestisse. A garota sentada à sua frente era também adorável. As duas pessoas, sentadas frente a frente, não eram mais do que um perfeito casal.
Quando olhei para eles, um ácido e indescritível sentimento surgiu em meu coração. Não quis olhar para isso por muito tempo. Dobrei minha cabeça, amarrei meus cadarços e me preparei para sair. Arrumei também o lenço do meu pescoço. Quando me virei, vi ainda o lindo rosto de Su Yu sem nenhuma expressão.
Era simplesmente… muito embaraçoso.
92.
Uma risada seca quase me escapou. Na minha visão periférica, notei que a garota estava saindo também sem nenhuma expressão.
Eu me voltei e exclamei: “O que você disse a ela?”
Su Yu: “Eu disse a verdade”.
Estava perplexo: “Você disse que não gostava dela?”
Su Yu: “Expliquei que eu gosto de meninos mas ela não acreditou”.
Entendi tudo naquele momento: Su Yu estava também interessado em mim. Eu o provoquei: “Já que você não gosta dela, diga simplesmente que ela não faz o seu tipo. Porque dar tantas explicações? Não é necessário”.
Su Yu estreitou seus olhos para mim, virou-se e saiu sem falar mais nada. Estávamos chegando perto da minha casa e estava prestes a entrar quando Su Yu, que andava na minha frente, ficou de frente comigo e perguntou: “E se isso for verdade?”
A iluminação da rua era fraca e já estava escuro. Ele não deve ter notado que meu corpo ficou rígido ou que minha respiração havia mudado.
Eu ri de tudo isso: “E melhor não brincar sobre essas coisas e nem pensar no caso de ser verdade”.
Su Yu: “Você quer que isso seja verdade?”
Minha garganta ficou estreita, olhei em seus olhos e perguntei: “E daí se eu quiser que isso seja verdade?”
Aquele cara me olhou mais uma vez, mas não disse nada.
Três segundos depois, ele segurou meu queixo e me deu um beijo.
93.
O pequeno demônio estava enfurecido e ordenava: “No que você está pensando? Acorde! Vamos, acorde!”
Dei-lhe um empurrão e o encarei.
Ele gritava enquanto apontava para minha cabeça: “O chapéu está prestes a cair! Sua peruca esta escorregando!”
Agarrei a peruca, minha maravilhosa peruca nas cores do arco-íris, que balançava como alga marinha.
94.
Fui, repentinamente, tocado de lado e meu corpo todo congelou. Essa cena era muito similar ao que tinha acontecido no passado. Era impossível não pensar nisso.
Não ousava nem respirar quando me virei. Foi no momento em que vi um pequeno bolinho de massa com grandes olhos focados em minha maravilhosa – e longa – peruca nas cores do arco-íris, a qual ela estava tentada a arrancar com suas maliciosas pequenas mãozinhas.
Não tinha humor para brincar com essa criança. Estava tentando assustá-la com uma cena de “um grande tigre querendo devorar uma garotinha”.
Quem adivinharia que esse pequeno futuro da pátria seria difícil de assustar? A menina gargalhou e deu um tapinha com suas mãozinhas atarracadas. Foi tão alto que até um surdo conseguiria escutá-la. Exatamente como uma pestinha maldita.
Entrei em pânico.
Tentei persuadir essa criança, mas era inútil.
O pequeno demônio ficou preocupado também e disse: “Não tente atrair essa criança! Localize os pais dela!”
Tentei ser rápido e olhar ao redor por alguém e como resultado olhei para cima…
Su Yu estava em pé, parado a alguns passos, atordoado, me encarando, olhos cheios de dúvidas.
Eu: “…”
…Maldição $%^&^$”%£&*!!!!!