Telling a ghost stories at my ex-boyfrend's wedding - Capítulo 9 - Um fantasma
117.
Su Yu olhou para mim em silêncio, seus olhos ainda calmos.
Minha tigela de arroz tinha caído no chão e rolado para algum lugar momentos antes.
Nenhum de nós se importou nem um pouco.
Ele ficou de pé, andou para o lado, pegou a tigela e colocou novamente na minha frente: “Estou falando sério”.
118.
Definitivamente há algo de errado com o cérebro desse cara. Ele quer se casar? Comigo? Um fantasma? A sopa da Sra. Po ainda está esperando por mim. Sabe-se lá onde irei encarnar na próxima vida. Existe algum motivo para que eu me case agora?
Por certo tempo fiquei pasmo e enraivecido, desejei simplesmente que pudesse quebrar essa tigela em sua cabeça.
Su Yu pegou seus pauzinhos e continuou comendo enquanto falava sem pressa, como se aquilo fosse uma conversa simples: “Pensei por muito tempo sobre isso no dia em que você partiu. Não posso fazer nada em relação à vida e à morte e estou em paz com isso. A única coisa que me preocupa é que não havia ainda me casado com você. Na verdade, tenho planejado isso já há certo tempo, é que não achava que você partisse tão rápido…
Fiquei atordoado.
Su Yu: “Levou um bom tempo para que decidisse sobre os anéis. Você partiu no dia em que os escolhi. Por fim, o vendedor confundiu as informações e me encaminhou um dos anéis em modelo feminino. Estava pronto para trocá-lo, mas desde que o escondeu, posso assumir que gostou dele. Então, não precisamos nos preocupar com isso”.
Se eu tivesse um corpo físico nesse exato momento, minha expressão seria nada mais do que maravilhosa.
Su Yu: “Oh, sim, você ainda questiona sobre meu casamento em seu touqi?”
Dei um aceno com a cabeça. Claro, não teria retornado da Ponte Naihe em disparada se não fosse por isso.
Aquele cara riu maliciosamente e disse: “Fui até o necrotério do hospital e pedi que se alguma alma corresse rápido e encontrasse você que por favor enviasse essa mensagem. Eu não tinha tantas esperanças mas, para minha surpresa, funcionou. Consegue reconhecer quem te contou sobre? Vou queimar algum dinheiro de papel para ele”.
Eu: “!!!”
Estremeci enquanto imaginava Su Yu dentro do necrotério, em frente à uma parede de gavetas cheias de cadáveres.
Esse cachorro sedutor levantou suas sobrancelhas e perguntou em uma voz que mais parecia um tapa: “Você ficou bravo? Ou você vai ficar bravo? Deveria estar mesmo… eu estava bravo quando falou sobre morrer e depois morreu de fato”.
Eu: “…”
Está certo: você é maravilhoso. Seus métodos vingativos são definitivamente únicos e incomparáveis. Superam todos os exemplos prévios e subsequentes a eles.
119.
E foi o final da história.
Su Yu levantou-se e foi lavar as coisas.
Em um humor complicado, permaneci sentado no mesmo lugar, minha cabeça cheia de pontos de interrogação.
Hei! Espere um minuto aí! Como esse pode ser o final da história? Quando eu disse que me casaria com você? Pode esperar um momento, meu amigo? Então? Então? Esse amigo aqui pode ter uma palavrinha contigo?
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Su Yu retornou depois de lavar a louça: “O que você quer fazer à noite?”
Essa pergunta realmente me deixou perplexo.
É razoável dizer que, desde que eu voltei, ainda estou nessa coisa toda de ‘sugar daddy’. E como um inegável e inevitável trabalho de sugar daddy e obrigação de um amante ilícito… bem… meu corpo não era nada mais do que ossos… é a real interpretação do ditado que diz ‘o espírito está diposto, mas a carne está fraca‘.
Porque foi mesmo que não comprei uma boneca inflável tempos atrás?
121.
No passado, depois do jantar, duas pessoas usualmente saiam para caminhar, parando de tempos em tempos para comprar alguma guloseima ou algo do tipo. Mas, nessa situação, não queria mesmo perder tempo lá fora.
Obviamente, nem Su Yu.
Como resultado, ambos permanecemos sentados, olhos arregalados. Era uma situação verdadeiramente extraordinária: estávamos ambos nervosos porque nenhum dos dois tinha idéia do que fazer.
Pensei por um longo tempo, depois peguei meu telefone no quarto e digitei: #Que tal conversarmos… pelo WeChat?#
Su Yu: “…”
Esse lindo rosto mostrou uma expressão animada.
De fato, conversar pelo chat foi difícil. Podiamos facilmente causar mágoas baseando-se em nossas maravilhosas personalidades: eu o chamo de ‘cachorro’, ele me chama de ‘idiota’, sempre acompanhado de uma série de emojis. Isso era o mais comum de acontecer e estávamos em uma mesma sintonia.
Quando eu me cansei, Su Yu foi até a cozinha servir um copo de iogurte para mim, não deixando de misturar cinzas de incenso.
E a noite seguiu assim.
Sem nenhum propósito, passando o tempo com atividades inúteis como comer e esperar pela própria morte.
122.
Mas, apesar de tudo, parecia que isso era o que eu mais queria fazer. Não fazia o menor sentido nem servia para nada. Apenas pelo motivo de estar ao lado de Su Yu. Era simplesmente por estar com ele.
Su Yu me abraçou e caiu no sono a noite. Deitamos de conchinha com ele me abraçando pelas costas, entrelaçando nossos dedos e colocando-os no meu peito, como ele havia feito diversas vezes antes.
Sua respiração era profunda e longa como se finalmente tivesse dormido bem depois de vários dias.
Estava pensando a cerca de algo quando ouvi alguem chamando meu nome; era uma voz que vinha do lado da cama.
Quando olhei para cima, vi um homem rechonchudo em pé, gentilmente tentando tocar minha mão. Era afável, segurando uma maleta e sorrindo com seus olhos estreitos.
Pensando um pouco melhor, era uma pessoa conhecida – tinha sido ele a pessoa que tinha me levado quando morri, um dos lendários Cabeça-de-Boi-Cara-de-Cavalo, um dos serventes do Inferno.
(*Cabeça-de-Boi-Cara-de-Cavalo: guardiões do submundo na Mitologia Chinesa)
No momento em que morri, no meu respiro final, eu vi esse Grande Irmão esperando por mim em frente à cama do hospital. Com essa maleta embaixo do braço e com uma lista em suas mãos, ele me perguntou com um sorriso: “Morto?”
Se não fosse um cara a5migavel, tenho certeza de que eu o espancaria até a morte fazendo uma pergunta dessas.
Logo a seguir, respondi: “Esperou por um longo tempo?”.
O Grande Irmão moveu sua mao: “Não tanto tempo assim. Você tem uma boa atitude, criança”.
Quando disse isso, puxou seu cabelo, bloqueou uma pessoa com uma aura demoníaca e o arrebatou. Daí me acompanhou ao meu destino.
(Nota dessa Humilde Eu Tradutora PtBr: parece que algo não apareceu na tradução do inglês. Pelo que se entende dessa passagem, talvez um demônio tenha vindo buscá-lo e o Grande Irmão bateu nesse demônio e o mandou para longe, pois ele era quem iria levá-lo)
Pensei comigo mesmo que agora a situação e diferente.
Grande Irmão ainda tinha um sorriso em seu rosto: “Estou aqui para lembrá-lo que hoje faz quinze dias da sua morte. Touqi é depois de amanhã. É hora de voltar”.
Voei para fora do esqueleto, franzi minha testa e voltei meus olhos para Su Yu adormecido antes de perguntar: “Tenho mesmo que voltar?”
Grande Irmão respondeu, um pouco desamparado: “Todos me perguntam isso, fazendo com que eu pareça um vilão. Claro que você deve retornar. Reencarnação requer várias etapas de triagem. Apenas aqueles que entram dentro dos parâmetros irão discutir seus méritos e deméritos no Saguão do Palácio de Pan Guan. Muitos fantasmas quebram seus pescoços tentando entrar…”
(*Pan Guan: juiz mitológico do submundo)
Ele estava bem explicativo, mas então seu estilo mudou abruptamente. Olhou para mim, disse: “… mas pense muito bem sobre isso. Depois de discutir méritos e deméritos da sua vida, precisa ter qualificações para reencarnar. A próxima vida, com certeza, sera fantástica. Você…”
Olhei de volta para Su Yu e não disse nada.
Aquele discurso foi interrompido e ele suspirou: “Esse homem de sua família tem uma boa vida e é uma pessoa promissora. Entre suas sobrancelhas, entretanto, tem Qi negro acumulado dos últimos dias. Se continuar assim, ele irá dar seu último suspiro em alguns anos. Sem contar que seu talento será dissipado. Depois disso…”
Esse Grande Irmão não disse nada mais. Bateu em meu ombro: “Caro amigo, os caminhos separados de pessoas e fantasmas não são histórias em um livro: essa é a regra da Natureza. Ninguém o está forçando a fazer nada. Pequeno Fantasma, para qualquer caminho que for escolher, pense cuidadosamente antes de tomar uma decisão”.
Dito isso, virou-se e caminhou até a porta da frente. Desapareceu depois disso.
Su Yu rolou pela cama em seu sono profundo e murmurou alguma coisa vaga. Eu não tinha ideia do que disse. Voltei ao meu esqueleto, fiz com que Su Yu retornasse na mesma posição de antes, me aninhei em seus braços, cutuquei seu peito, surrurrando quase sem som: “Beleza que prejudica o país…”
Seus olhos ainda estavam fechados e ele me abraçou apertado. Abaixou a cabeça e beijou minha testa, resmungando: “Pequeno idiota…”
123.
O restante da noite ainda estava confuso, com um homem e um fantasma comportando-se da mesma forma que antes. Observando o jeito de ser tão confortável de Su Yu na cama e relembrando sua aparência anterior quando ele era disputado em seus trabalhos por inúmeros chefes, senti que havia atrasado a vida desse grande jovem homem, impedindo de se esforçar para contribuir com sua pátria e intermitentemente impedindo de desenvolver vigorosamente a economia do país.
Esse sim tinha sido um pecado grave.
Talvez porque estava cansado de tanto pensar nisso, caí no sono em torpor, como um fantasma da noite. O céu já estava claro quando acordei e o espaço do outro lado da cama estava vazio.
Quando me virei, notei Su Yu fumando ao lado da cama. Um feixe de luz vinha pela fresta, iluminando a silhueta e deixaria atordoado qualquer um que colocasse seus olhos nele.
‘Há uma faca sobre a luxúria‘ e eu realmente estava sendo impactado pela faca de Su Yu. Você pode mesmo me culpar por isso, em grande parte porque ele era muito atraente ao fumar. Sempre adorei o jeito como ele fumava.
(*Há uma faca sobre a luxúria: atividades lascivas podem levar a amargas consequências)
Estava acostumado a acordar no meio da noite e encontrá-lo fumando na janela, segurando o cigarro preguiçosamente entre dois dedos, soprando anéis de fumaça com seus olhos semicerrados. Sua mandíbula afiada através da luz e da névoa era muito sexy.
Ele sabia que eu não gostava do cheiro de cigarro e raramente fumava na minha frente. Se me visse, a primeira coisa que me perguntava era como eu tinha acordado, coisa que nunca respondia.
Levantaria e o abraçaria, enterrando meu rosto em seu peito e inclinando-me por um tempo. Quando eu fazia isso, ele jogava fora o cigarro, virava sua cabeça e soltaria o último lance de fumaça para fora da janela, voltava-se e me beijava na testa, dizendo suavemente “Ainda tem cheiro de cigarro em meu corpo”.
Su Yu levantava sua mão e esfregava minha cabeça enquanto o abraçava mais forte. Eventualmente me levava de volta para a cama e adormeceria com seus braços ao meu redor.
Esse cara nunca havia feito uma promessa para mim, mas tudo isso era o bastante. Definitivamente já era o bastante.
Nesse ponto, olhei para a silhueta, fiquei atordoado por um momento, então andei para ele como havia feito antes.
Su Yu jogou o cigarro e sorriu para mim.
Que manhã linda, que amor lindo, que cena linda.
Andei, carregado de emoção, como tinha acontecido incontáveis vezes. Levantei minhas mãos, agarrei sua cintura, descansei minha cabeça em seu peito, como tinha sido do passado, então…
Houve um ‘thump‘.
O nariz de Su Yu havia sido acertado diretamente pelo meu crânio. Três segundos depois, uma linha de sangue, claro e brilhante, lentamente desceu.
Su Yu: “…”
Eu: “…”
Ora! Eu sou um maldito %@#$&£@#$€&!!!!!