Yeho - Capítulo 17
“Olhe para isso: estou vivendo uma vida luxuosa que você não poderia. Você não viu esse tipo de norigae antes, certo?
(*norigae: acessório tradicional coreano, uma espécie de pingente)
Estava conversando em meu antigo quarto com ela.
“Sim, é verdade”.
“Lamento não parecer um irmão; somos mais como irmãs”.
“Isso também é verdade”.
“Então, como é o seu amado? Não, eu deveria chamá-lo de cunhado agora. Então, como está indo meu cunhado?”
Ela sorriu como eu nunca vi antes: “Ele está bem, sim. Provavelmente está nervoso fora deste Palácio Imperial”.
“Hun? Ele também está aqui? E te deixou sozinha? Aquele sujeito…”
Perguntava surpreso e ela riu.
“O que você quer dizer? Ele ficará triste se o ouvir dizer isso. Ele queria entrar, mas só eu fui permitida”.
“Permitida? Por quem?”
Ao mesmo tempo em que perguntei, pensei nele. Essa realização repentina me fez ficar em branco e minha irmã tinha uma carinha escura.
“Ele me disse: ‘Eu quase me tornei o seu marido’. Fiquei confusa por um tempo e percebi. Fomos muito rudes com ele. Meu marido quase desmaiou e eu também”.
“Sua Majestade fez…”
“Sim, ele veio nos procurar nesta cidade”.
Fiquei surpreso ao ouvir o que ela disse.
“Vocês estavam aqui nesta cidade?”
“Isso mesmo. Viemos te procurar”.
Não conseguia pensar direito por causa do que ela disse. Procurar por mim?
“Fiquei todo esse tempo preocupado com nossa casa depois que eu saí. Meu marido contratou secretamente alguém para investigar, mas essa pessoa disse que você e a mãe desapareceram. Não era como se você fosse um criminoso, seu rosto não estavam nos cartazes nas paredes como é de costume. Pensei muito e percebi que vocês enviaram outra pessoa no meu lugar mas não tinha ideia de quem seria”.
“As pessoas disseram que viram a mãe sair de casa como se estivesse fugindo, então seguimos rastreando ela. Acontece que se casou novamente, mas você eu não via em lugar nenhum. Assim pensei que talvez você tivesse ido para o Império Norte. O país realmente pensava que a Princesa Sooyoung havia sido enviada, pensei em você. É por isso que chegamos aqui”.
“Mas não havia uma maneira de enviar uma pessoa ao Palácio. Meu marido até tentou uma conexão com alguém de dentro e acho que foi assim que ele ouviu sobre nós. Veio para nós pessoalmente e só permitiu que eu entrasse. Ele me disse que ninguém sabe quem você é, então agindo muito imprudentemente será um problema. É por isso que vim através do portão dos fundos à noite para entrar neste Palácio. Eu fico aqui sem reação, ao te ver novamente, sinto meu coração acelerar”.
Ela estava sorrindo e brincou, sorri ligeiramente. Era isso: dizendo-me para dar um passeio ao meu Palácio era para me enviar a um encontro com a minha irmã. Enquanto eu pensava nisso, minha irmã pegou minha mão.
“Depois que eu percebi que você tinha vindo ao Império Norte, meu coração afundou”. Seus olhos estavam cheios de lágrimas novamente: “Como você pôde fazer esse tipo de coisa? Você sabe o quão frio é o Império Norte? Ainda mais se disfarçando… não diria isso se você fosse saudável. Eu fico doente só de pensar que algo poderia ter acontecido com você. Chorei muito também. Graças ao Céus não ouvi que nenhuma concubina morreu quando vim para a cidade. Mas me preocupei muito por não saber como você estava indo”.
“Porque você está se preocupando? Porque você voltou? O tempo está muito frio, você também não aguenta. O mesmo vale para seu marido. Quando saíram deveriam ter ido para viver bem e melhor. Porque se preocupar comigo? Vocês são iguais, são pessoas boas”.
Eu a repreendi e ela parecia zangada: “Não diga coisas assim. Quem vai gostar se você se machucar por mim? Hun?”
“Eu não sabia que as coisas iriam acabar assim. Comecei sem saber que as coisas iriam se complicar”.
Ela suspirou e sorriu: “É tudo minha culpa”.
“Não diga isso. Se fosse você, então seria um grande problema. Choraria por seu marido e eventualmente morreria de alguma doença”.
“Ainda não me sinto bem em olhar para você assim. Um homem normal entra no Palácio e vira… Madame? Eu não consigo dizer uma só palavra”.
“Irmã”.
“Achei que era grata por você estar vivo. Sim, ainda sou. Sou grata porque ele fez coisas para você e parece que te valoriza muito. Foi muito respeitoso e gentil com a mera esposa de um mercante, e eu sabia que tudo é devido a você. Ele disse que estava tendo um momento difícil aqui, então eu deveria vir e fazer você se sentir confortável”.
Não consegui fechar a boca por causa do que ela dizia. Ele disse tanto assim?
Ela leu o meu rosto e acenou com a cabeça: “Ele me disse isso, só que ainda não me sinto bem. Você é um homem e se tornou a concubina de outro homem. Ouvir dizer que está passando momentos difíceis me faz sentir pior ainda. Conte-me, é difícil?”
Eu me afastei.
Ela estava olhando para mim com pena: “Diga-me. É difícil? Se você quiser, eu estava até pensando em deixar esse Palácio com você…”
“Irmã!”. Fiquei chocado e gritei com ela: “Você está louca? Sair com quem? Quer ver seu marido ser morto? Nunca mais diga esse tipo de coisa!”
“Yeho”.
“Que coisa horrível de se dizer. Nunca mais diga isso!”
Disse isso com firmeza. Ela parou por um segundo e abriu a boca novamente: “Não pense em mim agora. Pense em você”.
“…”
“Você quer ficar como mulher? Você não quer abraçar uma mulher também?”
Meu rosto ficou todo vermelho por causa do que ela disse: “Você aprendeu coisas ruins depois que se casou”.
“Estou falando sério, Yeho. Você também não é homem?”
Não consegui dizer nada e só consegui olhar para os olhos dela. Ela estava se preocupando comigo; preocupando-se que eu possa estar vivendo uma vida inútil e apenas me sacrificando. Abri a boca quando me acalmei: “Irmã. Eu o seguro em meu coração”.
“…”
“Acha engraçado que um homem ame outro homem?”
“Yeho”.
“Na verdade, estou tendo dificuldades principalmente por causa disso. Estou ao lado dele por causa da minha ganância… você sabe como estou agora…”
Meu sorriso depreciativo fez minha irmã mudar seu rosto surpreso para triste: “Está se preocupando com ele?”
“Ele não pode ter falhas por minha causa, não posso deixar”. Continuei baixinho: “Enganei o Imperador e tornei-me uma concubina masculina. Ele escolheu esse homem e o tornou Madame. Se descoberto, isso se tornará a maior revolta imperial. Não quero isso”.
“Yeho”.
“Pode dizer que isso não é verdade, mas sabe que é sim. Desde que o tenho em meu coração, tudo ficou muito difícil. Para não se tornar seu pecado, deixar o Palácio seria o melhor. Irmã, na verdade, eu não quero sair daqui”. Escondi meus olhos marejados com as mãos: “Tenho medo de que se eu não o ver não consiga mais respirar. Quero estar com ele. A razão pela qual eu tento o meu melhor para me esconder não é por ele, é por minha ganância. Só um pouco mais, quero ficar com ele. Mas não há garantia de que isso durará para sempre”.
“Yeho, eu entendo. Pare, é minha culpa. Não chore”. Minha irmã veio até mim e abraçou minha cabeça: “Entendi, entendo como você se sente. Nosso Aho está chorando de novo. Você chorou por causa dessa sua irmã, e agora está chorando por outra pessoa”.
(*Aho: nome de infância dele)
“Você chorou por minha causa, quando eu chorei por sua causa?”
Disse um pouco brincando e ela me soltou, fazendo uma careta: “Do que está falando? Quando chorei por sua causa? Eu sorri por sua causa. Depois que minha mãe faleceu, só tive você, Yeho. Só olhei para você para viver. Quem acha que me faz sorri agora? É tudo graças a você. Quando me encorajou a seguir meu próprio desejo; é por você que eu sorrio”.
“Irmã…”
“Nunca mais diga isso. Não quero ouvir mais nada”.
Abraçado a ela e com meus olhos marejados, senti algo se movendo e estremeci.
“Irmã?”
“Ah, oh… está chutando de novo. Acho que está feliz em ver você”.
Ela também parecia um pouco surpresa, mas logo sorriu. Olhei para seu vestido largo na barriga e peguei surpreso: “Bebê?”
“Acabou de notar? Estava me perguntando quando você ia perguntar?”. Colocou a mão em sua barriga e sorriu: “Passaram-se apenas seis meses; agora às vezes se move”.
“Oh… estarei tendo um sobrinho ou uma sobrinha”. Gritei de entusiasmo e ela assentiu com um sorriso. Eu sorri brilhantemente: “Posso imaginar seu marido voando de excitação. Parabéns”.
“Sim. Obrigada”.
“Ahhh. São seis meses? Tem cerca de quatro meses. Não é bom ter um bebê em uma terra estrangeira? É muito ruim para mim, mas vocês devem se apressar em voltar”.
Sua cara era estranha depois que eu disse isso. Fiquei confuso: “Porque? O que aconteceu?”
“Ah, isso… não temos certeza se devemos voltar ou não”.
“Porque? O comércio do seu marido ainda está em sua terra natal. Não pode deixar por tanto tempo, certo?”
“Sim, isso é verdade…”. Ela estava lutando um pouco e suspirou olhando para mim: “Ele nos perguntou se queremos enviar nossas mercadorias para o Palácio Imperial”.
Não consegui encontrar palavras depois que ela disse isso: “… O que… o que você está dizendo?…”
“Perguntou se queríamos nos tornar provedores reais. Nos disse para pensar em limpar o comércio de nossa terra natal e mudar residência para cá”.
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Notas do autor: Muito tempo atrás, as pessoas tinham seus nomes de infância. Meu pai também tinha. Os coreanos tinham ‘nomes de infância’ porque há muito tempo quando as crianças morriam cedo, as pessoas acharam que era por causa de fantasmas que as levavam. Então, eles nomearam seus filhos oficialmente, mas os chamavam de forma diferente, para que os fantasmas não soubessem quem era quem. Depois que a criança passava de três anos, mais ou menos, eram oficialmente registrados (acho que porque eles não queriam o certificado de nascimento e em seguida um certificado de falecimento)